Leia o fragmento a seguir.
Não resta dúvida de que todo o nosso conhecimento começa pela experiência;
efetivamente, que outra coisa poderia despertar e pôr em ação a nossa capacidade de
conhecer senão os objetos que afetam os sentidos e que, por um lado, originam por si
mesmos as representações e, por outro lado, põem em movimento a nossa faculdade
intelectual e levam-na a compará-las. Ligá-las ou separá-las, transformando assim a
matéria bruta das impressões sensíveis num conhecimento que se denomina experiência?
Assim, na ordem do tempo, nenhum conhecimento precede em nós a experiência e é com
esta que todo conhecimento tem o seu início. Se, porém, todo o conhecimento se inicia
com a experiência, isso não prova que todo ele derive da experiência.
KANT. Critica da razão pura. Trad. Manuela Pinto dos Santos. 3a. ed. Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian, 1994 p.36-37
A partir desse fragmento e de outras informações sobre a teoria kantiana do
conhecimento, é CORRETO afirmar que
"Todo conceito nasce por igualação do não igual. Assim como é certo que nunca uma
folha é inteiramente igual a uma outra, é certo que o conceito de folha é formado por
arbitrários abandonos dessas diferenças individuais, por um esquecer-se do que é
distintivo, e desperta então a representação, como se na natureza além das folhas
houvesse algo que fosse "folha", uma espécie de folha primordial, segundo a qual todas
as folhas fossem tecidas, desenhadas, recortadas, coloridas, frisadas, pintadas, mas por
mãos inábeis, de tal modo que nenhum exemplar tivesse saído correto e fidedigno como
cópia fiel da forma primordial (...). O que é a verdade, portanto? Um batalhão móvel de
metáforas, metonímias, antropomorfismos, enfim, uma soma de relações humanas, que
foram enfatizadas poética e retoricamente, transpostas, enfeitadas, e que, após longo uso,
parecem a um povo sólidas, canônicas e obrigatórias: as verdades são ilusões, das quais
se esqueceu o que são, metáforas que se tornaram gastas e sem forma sensível, moedas
que perderam sua efígie e agora só entram em consideração como metal, não mais como
moedas."
Nietzsche. Sobre a verdade e a mentira. Coleção. Os pensadores. São Paulo: Nova cultural, 1991 p. 34-35
Com base nesse fragmento, considerando o tema do conhecimento e da verdade em
Nietzsche, é CORRETO afirmar que
“Entende-se por “preconceito" uma opinião ou um conjunto de opiniões, às vezes até uma
doutrina completa, que é acolhida acrítica e passivamente pela tradição, pelo costume, (...)
e a aceitamos com tanta força que resiste a qualquer refutação racional (...). Por isso, se
diz corretamente que o preconceito pertence à esfera do não racional, ao conjunto das
crenças. (...). O juízo discriminante necessita de um juízo de valor: ou seja, necessita que,
dos dois grupos diversos, um seja considerado bom e o outro mau (...) um superior e
outro inferior (...), sustenta que a primeira forma de agrupamento deve dominar, a
segunda deve obedecer (...). Os preconceitos nascem das cabeças dos homens. Por isso,
é preciso combatê-los na cabeça dos homens, isto é, com o desenvolvimento das
consciências e, portanto, com a educação, mediante luta incessante contra toda forma de
sectarismo."
BOBIO, Norberto. “A natureza do preconceito". In: Elogio da serenidade e outros escritos morais. Trad.
Marco Aurélio Nogueira. São Paulo: Editora UNESP, 2002
Com base nesse fragmento sobre a natureza do preconceito, é CORRETO afirmar que
“O poder corresponde à habilidade humana de não apenas agir, mas de agir em
uníssono, em comum acordo. O poder jamais é propriedade de um indivíduo; pertence ele
a um grupo e existe apenas enquanto o grupo se mantiver unido. (...) Governo algum,
exclusivamente baseado nos instrumento da violência, existiu jamais. Mesmo o
governante totalitário, cujo principal instrumento de dominação é a tortura, precisa de uma
base de poder __a polícia secreta e a sua rede de informações (...). Homens isolados sem
outros que os apoiem nunca têm poder suficiente para fazer uso da violência de maneira
bem-sucedida. (...) Assim, nas questões internas, a violência funciona como o último
recurso do poder contra os criminosos ou rebeldes, isto é, contra indivíduos isolados que,
pode-se dizer, recusam-se a ser dominados pelo consenso da maioria".
ARENDT, Hannah. Da violência. Col. Pensamentos Políticos. Brasília: Ed. UnB, 1985.p.24
Tendo como referência o fragmento de Hannah Arendt, o que caracteriza o poder é o fato
de ele ser
“É verdade que a sociedade democrática é aquela que não esconde suas divisões, mas
procura trabalhá-las pelas instituições e pelas leis. Todavia, no capitalismo, são imensos
os obstáculos à democracia, pois o conflito dos interesses é posto pela exploração de
uma classe sobre a outra, mesmo que a ideologia afirme que todos são livres e iguais (...)
a situação do direito de igualdade e de liberdade é também muito frágil nos dias atuais,
porque o modo de produção capitalista passa por uma mudança profunda para resolver a
recessão mundial. Essa mudança, conhecida com o nome de neoliberalismo, implicou o
abandono da política do Estado do Bem-Estar Social e o retorno à idéia liberal de
autocontrole da economia pelo mercado capitalista, afastando, portanto, a interferência do
Estado no planejamento econômico".
CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: editora Ática, 2003 P.406
A partir desse fragmento, sobre a relação democracia e liberalismo, é CORRETO afirmar
que
No final do século XVIII e no princípio do seguinte, o termo germânico Kultur era utilizado
para simbolizar todos os aspectos espirituais de uma comunidade, enquanto a palavra
francesa Civilization referia-se principalmente às realizações materiais de um povo.
Ambos os termos foram sintetizados por Edward Tylor (1832-1917) no vocábulo inglês
Culture, que “tomado em seu amplo sentido etnográfico é este todo complexo que inclui
conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer capacidade ou hábitos
adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade". Com essa definição, Tylor
abrangia em uma só palavra todas as possibilidades de realização, além de marcar
fortemente o aprendizado da cultura em oposição à ideia de aquisição inata, transmitida
por mecanismos biológicos. (...). O homem é o resultado do meio cultural em que foi
socializado. Ele é um herdeiro de um longo processo acumulativo, que reflete o
conhecimento e a experiência adquiridas pelas numerosas gerações que o antecederam.
A manipulação adequada e criativa desse patrimônio cultural permite as inovações e as
invenções. Estas não são, pois, o produto da ação isolada de um gênio, mas o resultado
do esforço de toda uma comunidade. (...)
LARAIA, Roque de Barros. Cultura: Um conceito antropológico. 24edição. Rio de Janeiro: Jorge Zahar
ed,2009 P.25.45
A distinção e a relação entre determinismo e liberdade ou natureza e cultura deve-se
essencialmente ao fato de
Deveis saber, portanto, que existem duas formas de se combater: uma, pelas leis; outra,
pela força. A primeira é própria do homem; a segunda, dos animais. Como, porém, muitas
vezes, a primeira não é suficiente, é preciso recorrer à segunda. Ao Príncipe torna-se
necessário, porém, saber empregar convenientemente o animal e o homem. [...] E uma
sem a outra é a origem da instabilidade. Sendo, portanto, um príncipe obrigado a bem
servir-se da natureza da besta, deve dela tirar as qualidades da raposa e do leão, pois
este não tem defesa alguma contra os laços, e a raposa, contra os lobos. Precisa, pois,
ser raposa para conhecer os laços e leão para aterrorizar os lobos. Os que se fazem
unicamente de leões não entendem de Estado. Por isso, um príncipe prudente não pode
nem deve guardar a palavra dada quando isso se lhe torne prejudicial e quando as
causas que o determinaram cessem de existir. Se os homens todos fossem bons, esse
preceito seria mau. Mas, dado que são maus, e que não a observariam a teu respeito,
também não és obrigado a cumpri-la para com eles.
MAQUIAVEL.N. O príncipe. Cap. XVIII. Trad., Lívio Xavier. São Paulo: Folha de são Paulo, 2010 p. 40
Com base no fragmento acima, é CORRETO afirmar que a virtude política, em Maquiavel,
Uma das diferenças do trabalho de Nicolau Maquiavel em relação aos conhecimentos
pré–científicos anterior ao Renascimento é que ele
“Não é o sujeito epistemológico que efetua a síntese, é o corpo; quando sai de sua
dispersão, se ordena, se dirige por todos os meios para um termo único de seu
movimento, e quando, pelo fenômeno da sinergia, uma intenção única se concebe nele."
MERLEAU-PONTY, M. Fenomenologia da percepção. Trad. Carlos Alberto ribeiro de Moura São
Paulo: Martins Fontes, 2006 p.312
Em conformidade com essa visão de percepção, assinale a alternativa CORRETA.
Leia os fragmentos a seguir, extraídos do diálogo entre Sócrates e Mênon:
SÓCRATES ___ Vês, Mênon, que não lhe estou a ensinar nada e que me limito a
interrogá-lo? Neste momento ele julga saber qual é o comprimento do lado que dá um
quadrado de oito pés. Concordas comigo?
MÊNON ___ Sim.
SÓCRATES ___ Mas sabe-o?
MÊNON ___ Certamente que não, [...]
SÓCRATES ___ Vês, Mênon, a distância que ele já percorreu no percurso da
reminiscência? A princípio, não sabendo o lado do quadrado de oito pés, que aliás ainda
não sabe, julgava sabê-lo e respondia com segurança, como se soubesse, sem qualquer
sentido da dificuldade. Agora tem consciência do seu embaraço e, embora não saiba,
pelo menos não julga que sabe.
PLATÃO. Mênon. [84] Rio de Janeiro: Editora PUC-Rio / São Paulo: Edições Loyola, 2001 .Tradução de
Maura Iglesias. [Mênon, 84].
Com base nesses fragmentos e em outras informações, o método socrático é
essencialmente caracterizado por
Leias os fragmentos a seguir.
O ingresso da massa na atividade política, causa originária e característica da democracia,
é um pressuposto histórico necessário para se colocarem conscientemente os problemas
eternos que com tanta profundidade o pensamento grego se colocou naquela fase da sua
evolução e legou à posteridade.
W. Jaeger, Paidéia. São Paulo: Martins fontes, 2001 p. 337
“O homem é a medida de todas as coisas, daquelas que são por aquilo que são e
daquelas que não são por aquilo que não são". (Protágoras)
A partir desses fragmentos, a presença dos sofistas na emergente democracia grega
significou
Leia o fragmento a seguir:
Uma ciência não é meramente um “corpo de fatos". Será, no mínimo, uma coleção, e
como tal depende dos interesses do colecionador, de um ponto de vista. Em ciência, esse
ponto de vista é determinado por uma teoria científica; isto é, escolhemos dentre a infinita
variedade de fatos e dentre a infinita variedade de aspectos dos fatos aqueles fatos e
aspectos que são interessantes porque ligados a alguma teoria científica mais ou menos
preconcebida. O método da ciência reside na procura de fatos que possam refutar a
teoria.
Karl POPPER. A sociedade aberta e seus inimigos. Tomo 2. 3ª edição. São Paulo: Itatiaia, 1998 p.267-268
Com base nesse fragmento e em outras informações sobre a concepção de Karl Popper
sobre a atividade científica, é CORRETO afirmar que ela é o saber que
O povo, por si, quer sempre o bem, mas por si nem sempre o encontra. A vontade geral é
sempre certa, mas o julgamento que a orienta nem sempre é esclarecido. (...) Os
particulares discernem o bem que rejeitam; o público quer o bem que não discerne. Todos
necessitam, igualmente, de guias. A uns é preciso obrigar a conformar a vontade à razão,
a outro, ensinar a conhecer o que quer. Então, das luzes públicas resulta a união do
entendimento e da vontade no corpo social, daí o perfeito concurso das partes e, enfim, a
maior força do todo. Eis donde nasce a necessidade de um Legislador.(...)
Aquele que ousa empreender a instituição de um povo deve sentir-se com capacidade
para, por assim dizer, mudar a natureza humana, transformar cada ser individual, que por
si mesmo é um todo perfeito e solitário, em parte de um todo maior, do qual de certo
modo esse indivíduo recebe sua vida e seu ser; alterar a constituição do homem para
fortificá-la, substituir a existência física e independente, que todos nós recebemos da
natureza, por uma existência parcial e moral.
ROUSSEAU, J. Jacques, Do contrato social. Livro segundo. Trad. Lourdes Santos Machado. 5ª ed. São
Paulo: Nova Cultural, 1991 p.56-57
A partir desse fragmento, a ideia de governo da natureza humana expressa que
A consciência não pode nunca ser outra coisa, senão o ser consciente e o ser dos
homens é seu processo de vida real. E se, em toda ideologia, os homens e suas relações
nos parecem postos de cabeça para baixo como numa câmera escura, esse fenômeno
decorre de seu processo de vida histórica, absolutamente como a inversão dos objetos na
retina decorre de seu processo de vida diretamente física.
MARX, ideologia alemã. In: VV. AA. Os filósofos através dos textos. De Platão a Sartre. Tradução de
Constança Terezinha M. César. São Paulo: Paulus, 1997 P.253-254
A partir desse fragmento e considerando o pensamento filosófico, econômico e político de
Karl Marx, assinale a alternativa que apresenta a concepção de ideologia expressa por
Marx.
O homem, tal como o concebe o existencialista, se não é definível, é porque
primeiramente não é nada. Só depois será alguma coisa e tal como a si próprio se fizer.
Assim, não há natureza humana (...). Mas se verdadeiramente a existência precede a
essência, o homem é responsável por aquilo que é. Assim, o primeiro esforço do
existencialismo é o de pôr todo homem no domínio do que ele é de lhe atribuir a total
responsabilidade da sua existência. E, quando dizemos que o homem é responsável por
si próprio, não queremos dizer que o homem é responsável pela sua restrita
individualidade, mas que é responsável por todos os homens.
SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo. São Paulo: Abril Cultural, 1973 p. 11-12
Com base nesse fragmento, a partir do existencialismo de Sartre, sobre o tema da
condição humana é CORRETO afirmar que