"Todo conceito nasce por igualação do não igual. Assim como é certo que nunca uma
folha é inteiramente igual a uma outra, é certo que o conceito de folha é formado por
arbitrários abandonos dessas diferenças individuais, por um esquecer-se do que é
distintivo, e desperta então a representação, como se na natureza além das folhas
houvesse algo que fosse "folha", uma espécie de folha primordial, segundo a qual todas
as folhas fossem tecidas, desenhadas, recortadas, coloridas, frisadas, pintadas, mas por
mãos inábeis, de tal modo que nenhum exemplar tivesse saído correto e fidedigno como
cópia fiel da forma primordial (...). O que é a verdade, portanto? Um batalhão móvel de
metáforas, metonímias, antropomorfismos, enfim, uma soma de relações humanas, que
foram enfatizadas poética e retoricamente, transpostas, enfeitadas, e que, após longo uso,
parecem a um povo sólidas, canônicas e obrigatórias: as verdades são ilusões, das quais
se esqueceu o que são, metáforas que se tornaram gastas e sem forma sensível, moedas
que perderam sua efígie e agora só entram em consideração como metal, não mais como
moedas."
Nietzsche. Sobre a verdade e a mentira. Coleção. Os pensadores. São Paulo: Nova cultural, 1991 p. 34-35
Com base nesse fragmento, considerando o tema do conhecimento e da verdade em
Nietzsche, é CORRETO afirmar que