Considera-se, historicamente, que a Democracia tenha
nascido na Grécia, no século VI a.C., quando Clístenes
assumiu, em 507 a.C., o governo de Atenas e realizou um
amplo programa de reformas políticas. Conforme sua
proposta de governo, todos os homens livres passaram a
ter direito de participar das questões políticas e até
mesmo de exercer certas funções públicas. Surgiu aí o
cidadão portador de direitos e deveres para com sua
pátria. Este sistema político concedeu aos gregos, em
relação aos demais povos orientais, o benefício da
liberdade política. Enquanto os homens orientais eram
obrigados a uma obediência cega aos poderes religioso e
político, os gregos, graças a esse sistema de governo que
propiciou a criação de institutos políticos livres, gozava de
uma situação privilegiada e permitia-se desenvolver
livremente seu pensamento. Baseado nessas
prerrogativas e contexto, analise as assertivas abaixo.
I. Na democracia como sistema de governo, a
legalidade se expressa pelo reconhecimento da
igualdade de direitos para todos.
II. Dado que o cidadão passa a ser portador de direitos
e deveres para com sua pátria, as funções de maior
responsabilidade administrativa pública também são
passíveis de serem exercidas por delegação da
maioria dos cidadãos, sejam delegações diretas ou
indiretas.
III. Pode-se afirmar que, com a evolução da prática
democrática, a desindividualização do poder
(quando o poder não se baseia em um único
indivíduo) tornou-se uma das principais
características da democracia.
IV. A Filosofia, como uma espécie de ciência que tem
por objeto de estudo a totalidade das coisas usando
um método racional, nasceu naquele ambiente
propício de liberdade individual permitido pela nova
forma de governo proposta por Clístenes.
É correto o que se afirma em
A partir do texto de Sérgio Gomes, assinale a alternativa que não pode ser considerada pertinente ao conceito de solidariedade proposto por Richard Rorty.
Michel Aires de Souza escreveu que “A Filosofia de Nietzsche é uma Filosofia dos afetos, das paixões e desejos, que contempla o individualismo, a força, a abundância e os instintos de vida. Para ele, filosofar não era uma atitude teórica e contemplativa, mas uma atitude prática que se enraíza na vida, um ato de libertação de toda subjugação, de toda moral, de toda deformação e de tudo aquilo que prende as pessoas a religiões, grupos e ideologias. Em ‘Crepúsculo dos Ídolos’, Nietzsche afirma que o homem livre é um guerreiro” e, em seguida, se pergunta: “Pois o que é a liberdade?”. Com base nisso, assinale a alternativa que não responde a esta questão e foge do espírito de liberdade proposto por Nietzsche.
A Economia Solidária aponta para uma nova lógica de desenvolvimento sustentável com geração de trabalho e distribuição de renda mediante um crescimento econômico com proteção dos ecossistemas. Seus resultados econômicos, políticos e culturais são compartilhados pelos participantes, sem distinção de gênero, idade e raça. Ela implica a reversão da lógica capitalista ao se opor à exploração do trabalho e dos recursos naturais, considerando o ser humano na sua integralidade como sujeito e finalidade da atividade econômica. Sendo assim, assinale a alternativa que apresenta uma característica que não pode ser atribuída à Economia Solidária de acordo com a Declaração de Cochabamba e de outros manifestos discutidos no Fórum Social Mundial.
Analise os fragmentos a seguir.
Em nossa vida cotidiana, afirmamos, negamos, desejamos, aceitamos ou recusamos coisas, pessoas, situações (……). [Achamos] óbvio que todos os seres humanos seguem regras e normas de conduta, possuem valores morais, religiosos, políticos, artísticos (…).
(CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 1999, p. 9, 111) O que se costuma solicitar à Filosofia é que ilumine o sentido teórico e prático daquilo que pensamos e fazemos, (…) que nos diga alguma coisa sobre nós mesmos, que nos ajude a compreender como, por que, para quem, por quem, contra quem ou contra o que as ideias e e os valores forram elaborados e o que fazer deles.
(CHAUÍ, Marilena. A Reforma do ensino. Refazendo a Memória. 1987, p. 1559. httpp://www.fflch.usp.bbr/df/site/publicacoes/discurso/pdf/D008_A_reforma_do__e nsin no.pdf)
Com base nos fragmentos acima, assinale a alternativa que distingue corretamente o “ filosofar” espontâneo, próprio do senso comum, do “ filosofar” propriamente dito.
Em O existencialismo é um humanismo, Jean Paul Sartre afirmou: “ O homem nada mais é do que aquilo que ele faz de si mesmo” , mostrando que a liberdade
O amor é tema do diálogo O banquete, de Platão. Nele, os convivas se divertem fazendo elogios a Eros, deus do amor. De acordo com o que nos é relatado nessa obra, Sócrates ouviu o discurso que pronuncia sobre Eros de:
A ética é uma das áreas de discussão filosófica, sendo, com a política, a que constitui a chamada
Filosofia Prática. Dentre as várias correntes de pensamento da Filosofia há o Ceticismo. Também
neste campo de argumentação é possível identificar um discurso ético. Dentre os itens abaixo, o
que pode ser visto como pertencente ao modo cético de propor a Ética?
I. “Para o ceticismo as sentenças éticas não são propriamente juízos, ou seja, elas não podem levantar a
pretensão à verdade, isto é, uma legitimação racional”.
II. “Decisões a respeito de normas se situam propriamente na esfera do irracional. Sentenças verdadeiras são
as que exprimem acordo com a realidade: aqui se situa o campo da razão, pois a única fonte de conhecimento
são a experiência e a observação, de tal modo que o conhecimento das ciências modernas da natureza é o
paradigma de todo e qualquer conhecimento”.
III. “O método experimentado e testado nas ciências modernas da natureza deve ser também aplicado à
filosofia, de modo especial à ética. Todo o campo do pensamento conceitual é sempre reconduzido à percepção
sensível, o que significa dizer que todo o pensamento, em última instância, se reduz à representação sensível e
não há conhecimento que ultrapasse o nível da experiência”.
IV. “Leva até as últimas consequências a ética hedonista na medida em que para ele a moral só fundamenta o
valor ético na satisfação psicológica e de nenhum modo levanta a pretensão de absolutidade e universalidade
que este valor expressava na tradição. Mesmo porque não há a liberdade de escolha o que torna impossível
falar de ética em sentido estrito”.
V. “O que constitui o específico da linguagem ética é a ‘significação emotiva’, uma vez que o uso desta
linguagem tem a finalidade de exercer influência sobre o comportamento dos outros através de sugestões.
Proferimentos éticos são, portanto, intrumentos de que nos utilizamos para tentar mudar as atitudes dos outros,
visto que os fundamentos aduzidos para legitimar estas sentenças não passam de meios de influência psíquica,
pois esta linguagem é, essencialmente, instrumento de influência psicológica”.
“O Pensamento transcendental se entende, antes de tudo, como um confronto com o relativismo e
com o caráter contraditório do ceticismo de tal modo que sua pretensão mais profunda é a
restauração da razão.” Este modelo de pensamento que se iniciou com Immanuel Kant – que
imprimiu a chamada reviravolta copernicana do pensar – teve muitos seguidores, e aperfeiçoadores,
destacadamente Karl-Otto Apel. Identifique o que pertence exclusivamente à base do modelo ético
de pensar deste último.
I. A pretensão de reformular o pensamento anterior a partir da combinação da reviravolta transcendental com a
reviravolta linguístico-pragmática do pensar fez surgir a proposta apeliana. Deste modo, abre-se a possibilidade
efetiva de uma fundamentação última do princípio-fundamento de tudo, o que não ocorreu com a filosofia
anterior.
II. “A posição básica é a afirmação de que qualquer proferimento, mesmo o do relativista e o do cético, sempre
pressupõe verdade e enquanto tal se autodestrói, quando nega a verdade explicitamente, como é o caso do
cético”.
III. “Retoma a velha tarefa da filosofia e a reinterpreta: a filosofia tem a ver com a explicitação do ‘fundamento’
sempre pressuposto e por esta razão ineliminável do pensamento e a ação (...) este fundamento é subjetivo, a
estrutura ineliminável da subjetividade finita”.
IV. “Através da mediação da linguagem faz-se uma passagem de uma ‘filosofia da subjetividade’, típica do
pensamento anterior, para uma ‘filosofia da intersubjetividade’, respondendo a um dos apelos mais fortes do seu
tempo”.
V. “A razão não pode mais dizer qualquer de sério diante das grandes questões que atormentam a humanidade
de hoje. Estamos presos a nossas escolhas, que não podem mais ser fundamentadas. Aliás, nossa própria
sensibilidade histórica não nos imuniza contra a tentação do estabelecimento de normas universais?”.
O motivo predominante da obra de Jean-Jacques Rousseau é o contraste entre o homem natural e o
homem artificial. Sobre este pensador é correto afirmar:
I. A divisão entre o teu e o meu dá origem ao estado de sociedade civil.
II. Para Rousseau, pessoas morais são os indivíduos naturais, que, pelo contrato social, criam a vontade geral
como corpo moral coletivo ou Estado.
III. A própria vontade do corpo social ou soberano é a vontade geral que é a soma das vontades particulares.
IV. O governo não é o intermediário entre os súditos e o corpo político. Os depositários do poder executivo
exercem uma autoridade legítima sobre o povo, afinal, não são empregados do povo.
V. O princípio da vida política repousa na autoridade soberana. O poder legislativo é o coração do Estado; o
poder executivo, o cérebro. Não é pelas leis que o Estado subsiste, mas em virtude do poder legislativo.
Dizer que “Oscar é artista ou Michael não é arquiteto” é logicamente equivalente a dizer que:
Wittgenstein afirma, em seu Tractatus LogicoPhilosophicus, que a Filosofia não é nenhuma das ciências da Natureza. O objetivo da Filosofia é a clarificação lógica do pensamento. A Filosofia não é uma doutrina, mas uma atividade. O resultado da Filosofia não é um número de proposições filosóficas, mas o fato de que as proposições são esclarecidas. A Filosofia tem por fim tornar claros e delimitar rigorosamente os pensamentos. Esse modo de pensar indica que filosofar é um processo, uma ação e exige o que se convencionou chamar de Atitudes Filosóficas. Com base nisso, assinale a alternativa que apresenta o conjunto que melhor reflete essas atitudes.
Plutarco, filósofo grego, cunhou a expressão “sincretismo”
para indicar a união dos habitantes da ilha de Creta contra
um inimigo comum ou um mal maior, mas a expressão,
com o passar do tempo, acabou por significar um
fenômeno típico na história das religiões para indicar a
osmose de ritos, tradições não homogêneas e crenças até
formar um conjunto de formas religiosas. Desse modo,
acerca das características do sincretismo religioso,
marque V para verdadeiro ou F para falso e, em seguida,
assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.
( ) Fenômeno típico da fenomenologia histórica da
religião, devido a motivos de ordem antropológicocultural.
( ) A dinâmica do intercâmbio de tradições, cultos e
nomes de divindades converte-se em um
reconhecimento mútuo e na manutenção de
determinados elementos originalmente
independentes.
( ) No âmbito filosófico, o sincretismo é a expressão, na
Antiguidade, dos limites fluidos entre a religião e a
Filosofia e dos vínculos entre a Filosofia e o mito.
( ) Fusão de elementos culturais diferentes, ou até
antagônicos, em um só elemento, continuando
perceptíveis alguns sinais originários.
( ) O sincretismo religioso é como um transbordamento
de sistemas doutrinais heterogêneos. Veja-se o
intento do gnosticismo de fundir o cristianismo com
as Filosofias helenistas ou, como ocorreu nos
primeiros séculos do cristianismo, nos quais
brotavam doutrinas orientais, Filosofia grega e
superstições pagãs no jardim da espiritualidade
cristã.
Segundo o Dicionário de Política, o termo Legitimidade possui dois significados: um genérico e um específico e é na linguagem política que aparece o significado específico. Nesse contexto, o Estado é o ente a que mais se refere o conceito de Legitimidade. Em um primeiro enfoque aproximado, pode-se definir Legitimidade como sendo um atributo do Estado, que consiste na presença, em uma parcela significativa da população, de um grau de consenso capaz de assegurar a obediência sem a necessidade de recorrer ao uso da força, a não ser em casos esporádicos. É por essa razão que todo poder busca alcançar consenso, de maneira que seja reconhecido como legítimo, transformando a obediência em adesão. A crença na Legitimidade é, pois, o elemento integrador na relação de poder que se verifica no âmbito do Estado. Encarando o Estado sob o enfoque sociológico e não jurídico, constata-se que o processo de legitimação não tem como ponto de referência o Estado no seu conjunto, e sim nos seus diversos aspectos. Sendo assim, assinale a alternativa que apresenta um aspecto que não condiz com esta definição.
Em “A Microfísica do Poder”, mais especificamente no
capítulo Sobre a Prisão (uma entrevista concedida à
Magazine Littéraire), Foucault faz uma retomada aos
séculos XVIII e XIX e aí enfatiza a repressão e a prisão
fazendo uma analogia com seu tempo contemporâneo.
Para Foucault, a prisão esteve, desde sua origem, ligada a
um projeto de transformação dos indivíduos.
Habitualmente, acredita-se que a prisão era uma espécie
de depósito de criminosos, depósito cujos inconvenientes
se teriam constatado por seu funcionamento, de tal forma
que se teria dito ser necessário reformar as prisões, fazer
delas um instrumento de transformação dos indivíduos.
Com base nas ideias do autor, marque V para verdadeiro
ou F para falso e, em seguida, assinale a alternativa que
apresenta a sequência correta.
( ) Esse ponto de vista de Foucault acaba com o
preconceito contemporâneo de que a prisão sempre
serviu para encarcerar os delinquentes e mantê-los
à margem das “estruturas éticas” da sociedade.
( ) Foucault refuta a ideologia do “depósito de presos” e
diz que “os textos, os programas, as declarações de
intenção estão aí para mostrar” que em algum
momento a prisão teve “um instrumento tão
aperfeiçoado quanto a escola, a caserna ou o
hospital” para transformar os delinquentes.
( ) Pode-se depreender que Foucault acredita que, ao
invés de transformar o indivíduo num ser digno
perante a sociedade, passou a transformá-lo em
indivíduo execrável e temido. Além disso, esse
processo de “educação” transformou-se numa
fábrica de novos criminosos.
( ) O trabalho penal ou prisional deveria preparar o
indivíduo, o delinquente, para um trabalho que o
tornasse digno de ser humano, que não o deixasse à
margem da sociedade, como um “eterno marginal”,
quando saísse da prisão. Contudo, esse exercício,
dentro da prisão, sem objetivo, sem um referencial
externo, não obtém êxito, não incute no individuo
uma forma ideal de trabalhador.
( ) Para Foucault, o trabalho penal é o mero
aprendizado deste ou daquele ofício. O aprendizado
da própria virtude pelo trabalho nunca interessou ao
sistema penal.