Neste poema, o que leva o poeta a questionar determinadas ações humanas (versos 6 e 7) é a
A imagem contida em “lentas gotas de som" (verso 2) é retomada na segunda estrofe por meio da expressão:
Eu começaria dizendo que poesia é uma questão de linguagem. A importância do poeta é que ele torna mais viva a
linguagem. Carlos Drummond de Andrade escreveu um dos mais belos versos da língua portuguesa com duas
palavras comuns: cão e cheirando.
Um cão cheirando o futuro
(Entrevista com Mário Carvalho. Folha de SP, 24/05/1988. adaptação)
O que deu ao verso de Drummond o caráter de inovador da língua foi
Pequenos tormentos da vida
De cada lado da sala de aula, pelas janelas altas, o azul convida os meninos,
as nuvens desenrolam-se, lentas como quem vai inventando
preguiçosamente uma história sem fim...Sem fim é a aula: e nada acontece,
nada...Bocejos e moscas. Se ao menos, pensa Margarida, se ao menos um
avião entrasse por uma janela e saísse por outra!
(Mário Quintana. Poesias)
Na cena retratada no texto, o sentimento do tédio
A velha Totonha de quando em vez batia no engenho. E era um acontecimento para a meninada. (...) andava
léguas e léguas a pé, de engenho a engenho, como uma edição viva das histórias de Mil e Uma Noites (...) era
uma grande artista para dramatizar. Tinha uma memória de prodígio. Recitava contos inteiros em versos,
intercalando pedaços de prosa, como notas explicativas. (...) Havia sempre rei e rainha, nos seus contos, e forca e
adivinhações. O que fazia a velha Totonha mais curiosa era a cor local que ela punha nos seus descritivos. (...) Os
rios e as florestas por onde andavam os seus personagens se pareciam muito com o Paraíba e a Mata do Rolo. O
seu Barba-Azul era um senhor de engenho de Pernambuco.
(José Lins do Rego. Menino de engenho)
A cor local que a personagem velha Totonha colocava em suas histórias é ilustrada, pelo autor, na seguinte
passagem:

O texto aponta no quadro de Tarsila do Amaral um tema que também se encontra nos versos transcritos em:
" Narizinho correu os olhos pela assistência. Não podia haver nada mais curioso. Besourinhos de fraque e flores na lapela
conversavam com baratinhas de mantilha e miosótis nos cabelos. Abelhas douradas, verdes e azuis, falavam mal das vespas de
cintura fina - achando que era exagero usarem coletes tão apertados. Sardinhas aos centos criticavam os cuidados excessivos que
as borboletas de toucados de gaze tinham com o pó das suas asas. Mamangavas de ferrões amarrados para não morderem. E
canários cantando, e beija-flores beijando flores, e camarões camaronando, e caranguejos caranguejando, tudo que é pequenino e
não morde, pequeninando e não mordendo."
LOBATO, Monteiro. Reinações de Narizinho. São Paulo: Brasiliense, 1947
No último período do trecho, há uma série de verbos no gerúndio que contribuem para caracterizar o ambiente fantástico descrito.
Expressões como "camaronando", "caranguejando" e "pequeninando e não mordendo" criam, principalmente, efeitos de
"De repente lá vinha um homem a cavalo. Eram dois. Um senhor de fora, o claro de roupa. Miguilim saudou, pedindo a bênção. O
homem trouxe o cavalo cá bem junto. Ele era de óculos, corado, alto, com um chapéu diferente, mesmo.
— Deus te abençoe, pequenino. Como é teu nome?
— Miguilim. Eu sou irmão do Dito.
— E o seu irmão Dito é o dono daqui?
— Não, meu senhor. O Ditinho está em glória.
O homem esbarrava o avanço do cavalo, que era zelado, manteúdo, formoso como nenhum outro. Redizia:
— Ah, não sabia, não. Deus o tenha em sua guarda... Mas que é que há, Miguilim?
Miguilim queria ver se o homem estava mesmo sorrindo para ele, por isso é que o encarava.
— Por que você aperta os olhos assim? Você não é limpo de vista? Vamos até lá. Quem é que está em tua casa?
— É Mãe, e os meninos...
Estava Mãe, estava tio Terez, estavam todos. O senhor alto e claro se apeou. O outro, que vinha com ele, era um camarada.
O senhor perguntava à Mãe muitas coisas do Miguilim. Depois perguntava a ele mesmo: —Miguilim, espia daí: quantos dedos da
minha mão você está enxergando? E agora?"
ROSA, João Guimarães. Manuelzão e Miguilim. 9 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984
Esta história, com narrador observador em terceira pessoa, apresenta os acontecimentos da perspectiva de Miguilim. O fato de
o ponto de vista do narrador ter Miguilim como referência, inclusive espacial, fica explicitado em:
Érico Veríssimo relata, em suas memórias, um episódio da
adolescência que teve influência significativa em sua
carreira de escritor.
" Lembro-me de que certa noite - eu teria uns quatorze
anos, quando muito - encarregaram-me de segurar uma
lâmpada elétrica à cabeceira da mesa de operações,
enquanto um médico fazia os primeiros curativos num
pobre-diabo que soldados da Polícia Municipal haviam
"carneado". (...) Apesar do horror e da náusea, continuei
firme onde estava, talvez pensando assim: se esse caboclo
pode agüentar tudo isso sem gemer, por que não hei de
poder ficar segurando esta lâmpada para ajudar o doutor a
costurar esses talhos e salvar essa vida? (...)
Desde que, adulto, comecei a escrever romances, tem-me
animado até hoje a idéia de que o menos que o escritor
pode fazer, numa época de atrocidades e injustiças como a
nossa, é acender a sua lâmpada, fazer luz sobre a
realidade de seu mundo, evitando que sobre ele caia a
escuridão, propícia aos ladrões, aos assassinos e aos
tiranos. Sim, segurar a lâmpada, a despeito da náusea e
do horror. Se não tivermos uma lâmpada elétrica,
acendamos o nosso toco de vela ou, em último caso,
risquemos fósforos repetidamente, como um sinal de que
não desertamos nosso posto."
VERÍSSIMO, Érico. Solo de Clarineta. Tomo I. Porto Alegre:
Editora Globo, 1978
Neste texto, por meio da metáfora da lâmpada que ilumina
a escuridão, Érico Veríssimo define como uma das funções
do escritor e, por extensão, da literatura,

Podem ser relacionadas ao texto lido as partes:
No trecho abaixo, o narrador, ao descrever a personagem, critica sutilmente um outro estilo
de época: o romantismo.
“Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos; era talvez a mais atrevida
criatura da nossa raça, e, com certeza, a mais voluntariosa. Não digo que já lhe coubesse a
primazia da beleza, entre as mocinhas do tempo, porque isto não é romance, em que o autor
sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas; mas também não digo que lhe
maculasse o rosto nenhuma sarda ou espinha, não. Era bonita, fresca, saía das mãos da
natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, que o indivíduo passa a outro indivíduo,
para os fins secretos da criação.”
ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Jackson,1957
A frase do texto em que se percebe a crítica do narrador ao romantismo está transcrita na
alternativa:
Murilo Mendes, em um de seus poemas, dialoga com a carta de Pero Vaz de Caminha:
“A terra é mui graciosa,
Tão fértil eu nunca vi.
A gente vai passear,
No chão espeta um caniço,
No dia seguinte nasce
Bengala de castão de oiro.
Tem goiabas, melancias,
Banana que nem chuchu.
Quanto aos bichos, tem-nos muito,
De plumagens mui vistosas.
Tem macaco até demais
Diamantes tem à vontade
Esmeralda é para os trouxas.
Reforçai, Senhor, a arca,
Cruzados não faltarão,
Vossa perna encanareis,
Salvo o devido respeito.
Ficarei muito saudoso
Se for embora daqui".
MENDES, Murilo. Murilo Mendes — poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994
Arcaísmos e termos coloquiais misturam-se nesse poema, criando um efeito de contraste,
como ocorre em:
O trecho a seguir é parte do poema “Mocidade e morte”, do poeta romântico Castro Alves:
Oh! eu quero viver, beber perfumes
Na flor silvestre, que embalsama os ares;
Ver minh'alma adejar pelo infinito,
Qual branca vela n'amplidão dos mares.
No seio da mulher há tanto aroma...
Nos seus beijos de fogo há tanta vida...
–– Árabe errante, vou dormir à tarde
À sombra fresca da palmeira erguida.
Mas uma voz responde-me sombria:
Terás o sono sob a lájea fria.
ALVES, Castro. Os melhores poemas de Castro Alves. Seleção de Lêdo Ivo. São Paulo: Global, 1983
Esse poema, como o próprio título sugere, aborda o inconformismo do poeta com a
antevisão da morte prematura, ainda na juventude.
A imagem da morte aparece na palavra
O mundo é grande
O mundo é grande e cabe
Nesta janela sobre o mar.
O mar é grande e cabe
Na cama e no colchão de amar.
O amor é grande e cabe
No breve espaço de beijar.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1983
Neste poema, o poeta realizou uma opção estilística: a reiteração de determinadas construções
e expressões lingüísticas, como o uso da mesma conjunção para estabelecer a relação entre as
frases. Essa conjunção estabelece, entre as idéias relacionadas, um sentido de