A velha Totonha de quando em vez batia no engenho. E era um acontecimento para a meninada. (...) andava
léguas e léguas a pé, de engenho a engenho, como uma edição viva das histórias de Mil e Uma Noites (...) era
uma grande artista para dramatizar. Tinha uma memória de prodígio. Recitava contos inteiros em versos,
intercalando pedaços de prosa, como notas explicativas. (...) Havia sempre rei e rainha, nos seus contos, e forca e
adivinhações. O que fazia a velha Totonha mais curiosa era a cor local que ela punha nos seus descritivos. (...) Os
rios e as florestas por onde andavam os seus personagens se pareciam muito com o Paraíba e a Mata do Rolo. O
seu Barba-Azul era um senhor de engenho de Pernambuco.
(José Lins do Rego. Menino de engenho)
A cor local que a personagem velha Totonha colocava em suas histórias é ilustrada, pelo autor, na seguinte
passagem: