“A primeira proposição da moralidade diz que, para ter valor moral, uma ação deve estar
baseada no dever, declarou Kant. Nem todo mundo concordaria. Pode-se argumentar que
outros motivos contam tanto ou mais ___ o amor, por exemplo. Pode-se argumentar
também que os motivos importam menos que as consequências, sendo a ação moral
julgada não pela boa intenção das pessoas, mas pelo bem que praticam. Formalmente
falando, essas alternativas não estão em colisão direta com uma ética do dever, uma vez
que poderia haver, por exemplo, um dever de amar o próximo ou de produzir as melhores
consequências. Os contrastes, porém, são sempre feitos. O que eu espero da ética é que
ela ofereça um modo sistemático de saber, ou pelo menos de ter garantias para crer que
um curso de ação está certo ou errado. Tanto o 'Dever' quanto as 'melhores
consequências' apresentam suas ofertas e é interessante compará-las. (...) Uma ética que
faz apelo à razão tem, portanto, duas tarefas. Uma é fornecer as ferramentas para decidir
se racionalmente x, e não y, é a coisa certa a fazer. A outra é demonstrar que, ao fazer x,
uma pessoa estará agindo não apenas moralmente como também racionalmente."
HOLLIS, Martin. Filosofia. Um convite. Trad. Antivan G. Mendes. São Paulo: Loyola, 1996 p.162-165
A partir desse texto, considerando-se a importância dos valores éticos na estruturação
política das sociedades,
A meu ver, a democracia surge quando os pobres, tendo vencido os ricos, eliminam uns,
expulsam outros e dividem por igual com os que ficam o governo e os cargos públicos. E,
devo dizer, na maior parte das vezes estes cargos são atribuídos por sorteio. [...] Nesse
Estado não há obrigação de mandar, se não se for capaz de tal, nem de obedecer se não
se quiser [...]
PLATÃO. A República. Livro VII. Tradução Enrico Corvisieri. São Paulo: Nova cultural, 2000 p.274
Uma sociedade na qual os que têm direito ao voto são os cidadãos masculinos maiores
de idade é mais democrática do que aquela na qual votam apenas os proprietários e é
menos democrática do que aquela em que têm direito ao voto também as mulheres.
BOBBIO, Norberto. O futuro da democracia. Trad. Marco Aurélio Nogueira. São Paulo: Paz e Terra,
2000 p. 31
Com base na leitura desses fragmentos, considerando-se a caminhada histórica da
democracia na cultura ocidental, é CORRETO afirmar que
A doutrina democrática repousa sobre uma concepção individualista de sociedade [...]
Isso explica por que a democracia moderna se desenvolveu e hoje exista apenas onde os
direitos de liberdade foram constitucionalmente reconhecidos. [...]. Não há dúvida de que
a democracia tenha nascido da concepção individualista, atomista, da sociedade. Não há
também dúvida de que a democracia representativa nasceu do pressuposto (equivocado)
de que os indivíduos, uma vez investidos da função pública de escolher os seus
representantes, escolheriam os melhores.
BOBBIO, Norberto. O futuro da democracia. Trad. Marco Aurélio Nogueira. São Paulo: Paz e Terra,
2000 p. 23 e 154
Com base nesse fragmento, sobre a natureza e as históricas realizações da democracia,
é CORRETO afirmar que
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ARANHA, Maria Lúcia de Arruda, citando uma reflexão de Bárbara Freitag, diz: “Kohlberg
procurou discutir com os colegas os problemas emergidos no contexto da educação moral.
Para explicar as resistências desse contexto com relação à educação moral, pôs em
debate o que chamou de [currículo oculto] hidden curriculum e [atmosfera moral] moral
atmosphere [...]".
ARANHA, Maria Lucia de Arruda. Filosofia da educação. 2 ed. São Paulo: moderna, 1996 p.125
De acordo com Kohlberg, é CORRETO afirmar que
Uma das formas de abordarmos a identidade humana é o tema corpo e mente ou corpo e
psiquismo. Contemporaneamente, o clássico tema “corpo e alma" reaparece com todo
vigor na filosofia da mente, em profundo diálogo com a neurobiologia e a psicologia
cognitiva. Na tradição filosófica, essa temática esteve inscrita na busca pelas essências.
Considerando-se as concepções relacionadas à reflexão sobre o tema, é CORRETO
afirmar que
Há já algum tempo eu me apercebi de que, desde meus primeiros anos, recebera muitas
falsas opiniões como verdadeiras, e de que aquilo que depois eu fundei em princípios tão
mal assegurados não podia ser senão mui duvidoso e incerto; de modo que me era
necessário tentar seriamente, uma vez em minha vida, desfazer-me de todas as opiniões
a que até então dera crédito, e começar tudo novamente desde os fundamentos, se
quisesse estabelecer algo de firme e de constante nas ciências. (...). Tudo o que recebi,
até presentemente, como mais verdadeiro e seguro, aprendi-o dos sentidos ou pelos
sentidos. Ora, experimentei algumas vezes que esses sentidos eram enganosos, e que
de prudência nunca se fiar inteiramente em quem já nos enganou uma vez.
DESCARTES. Meditações Metafísicas. São Paulo: Abril Cultural. Os pensadores.
A partir desse fragmento de Descartes, sobre a concepção e os procedimentos do
racionalismo, é CORRETO afirmar que
O conjunto de atitudes e de valores positivos que possibilita o
bom funcionamento das atividades da empresa e cria relações
harmoniosas de trabalho entre os funcionários, é denominado
Dentre as diversas tendências antiautoritárias, alguns pedagogos restringem-se a uma
visão baseada na psicologia; enquanto outros, preocupados com aspectos sociais e
políticos, estendem suas críticas também à sociedade a que pertencem, havendo, ainda,
quem concilie psicanálise e marxismo. Enquanto uns são típicos representantes da
pedagogia liberal; outros partem de pressupostos socialistas e, mais que reforçar a escola,
assumem a tarefa revolucionária de liberação das classes oprimidas.
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da educação. 3. ed. Revista e Ampliada, São Paulo: Moderna,
2006 p.171
Sobre a emergência e a atuação das teorias antiautoritárias, é CORRETO afirmar que,
nessa ótica,
“O olhar obtém mais ou menos das coisas segundo a maneira pela qual ele as interroga,
pela qual ele desliza ou se apoia nelas. Aprender a ver as coisas é adquirir um certo estilo
de visão, um novo uso do corpo próprio, é enriquecer e reorganizar o esquema corporal.
Sistema de potências motoras ou de potências perceptivas, nosso corpo não é objeto
para um “eu penso": ele é um conjunto de significações vividas que caminha para seu
equilibrio."
MERLEAU-PONTY, M. Fenomenologia da percepção. Trad. Carlos Alberto ribeiro de Moura. São Paulo:
Martins Fontes, 2006 p. 212
A partir desse fragmento, considerando-se a fenomenologia da percepção, de MerleauPonty,
sobre o processo epistemológico, é CORRETO afirmar que
Leia os fragmentos a seguir, retirados do diálogo entre Sócrates e Glauco.
SOCRÁTES ___ O método dialético é o único que se eleva, destruindo as hipóteses, até o
próprio princípio para estabelecer com solidez as suas conclusões, e que realmente
afasta, pouco a pouco, o olhar da alma da lama grosseira em que está mergulhado e o
eleva para a região superior, usando como auxiliares para esta conversão as artes que
enumeramos.
GLAUCO ___ Até onde entendo, concordo contigo.
SOCRATES ___ Também chamas dialético àquele que compreende a razão da essência
de cada coisa? E aquele que não o pode fazer? Não dirás que possui tanto menos
entendimento de uma coisa quanto mais incapaz é de a explicar a si mesmo e aos
demais?
PLATÃO. A República. Livro VII. Tradução Enrico Corvisieri. São Paulo: Nova cultural, 2000 . p.247- 248
Considerando-se o pensamento socrático-platônico, o conceito de dialética
Leia o fragmento a seguir.
Não resta dúvida de que todo o nosso conhecimento começa pela experiência;
efetivamente, que outra coisa poderia despertar e pôr em ação a nossa capacidade de
conhecer senão os objetos que afetam os sentidos e que, por um lado, originam por si
mesmos as representações e, por outro lado, põem em movimento a nossa faculdade
intelectual e levam-na a compará-las. Ligá-las ou separá-las, transformando assim a
matéria bruta das impressões sensíveis num conhecimento que se denomina experiência?
Assim, na ordem do tempo, nenhum conhecimento precede em nós a experiência e é com
esta que todo conhecimento tem o seu início. Se, porém, todo o conhecimento se inicia
com a experiência, isso não prova que todo ele derive da experiência.
KANT. Critica da razão pura. Trad. Manuela Pinto dos Santos. 3a. ed. Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian, 1994 p.36-37
A partir desse fragmento e de outras informações sobre a teoria kantiana do
conhecimento, é CORRETO afirmar que
"Todo conceito nasce por igualação do não igual. Assim como é certo que nunca uma
folha é inteiramente igual a uma outra, é certo que o conceito de folha é formado por
arbitrários abandonos dessas diferenças individuais, por um esquecer-se do que é
distintivo, e desperta então a representação, como se na natureza além das folhas
houvesse algo que fosse "folha", uma espécie de folha primordial, segundo a qual todas
as folhas fossem tecidas, desenhadas, recortadas, coloridas, frisadas, pintadas, mas por
mãos inábeis, de tal modo que nenhum exemplar tivesse saído correto e fidedigno como
cópia fiel da forma primordial (...). O que é a verdade, portanto? Um batalhão móvel de
metáforas, metonímias, antropomorfismos, enfim, uma soma de relações humanas, que
foram enfatizadas poética e retoricamente, transpostas, enfeitadas, e que, após longo uso,
parecem a um povo sólidas, canônicas e obrigatórias: as verdades são ilusões, das quais
se esqueceu o que são, metáforas que se tornaram gastas e sem forma sensível, moedas
que perderam sua efígie e agora só entram em consideração como metal, não mais como
moedas."
Nietzsche. Sobre a verdade e a mentira. Coleção. Os pensadores. São Paulo: Nova cultural, 1991 p. 34-35
Com base nesse fragmento, considerando o tema do conhecimento e da verdade em
Nietzsche, é CORRETO afirmar que
“Entende-se por “preconceito" uma opinião ou um conjunto de opiniões, às vezes até uma
doutrina completa, que é acolhida acrítica e passivamente pela tradição, pelo costume, (...)
e a aceitamos com tanta força que resiste a qualquer refutação racional (...). Por isso, se
diz corretamente que o preconceito pertence à esfera do não racional, ao conjunto das
crenças. (...). O juízo discriminante necessita de um juízo de valor: ou seja, necessita que,
dos dois grupos diversos, um seja considerado bom e o outro mau (...) um superior e
outro inferior (...), sustenta que a primeira forma de agrupamento deve dominar, a
segunda deve obedecer (...). Os preconceitos nascem das cabeças dos homens. Por isso,
é preciso combatê-los na cabeça dos homens, isto é, com o desenvolvimento das
consciências e, portanto, com a educação, mediante luta incessante contra toda forma de
sectarismo."
BOBIO, Norberto. “A natureza do preconceito". In: Elogio da serenidade e outros escritos morais. Trad.
Marco Aurélio Nogueira. São Paulo: Editora UNESP, 2002
Com base nesse fragmento sobre a natureza do preconceito, é CORRETO afirmar que
“O poder corresponde à habilidade humana de não apenas agir, mas de agir em
uníssono, em comum acordo. O poder jamais é propriedade de um indivíduo; pertence ele
a um grupo e existe apenas enquanto o grupo se mantiver unido. (...) Governo algum,
exclusivamente baseado nos instrumento da violência, existiu jamais. Mesmo o
governante totalitário, cujo principal instrumento de dominação é a tortura, precisa de uma
base de poder __a polícia secreta e a sua rede de informações (...). Homens isolados sem
outros que os apoiem nunca têm poder suficiente para fazer uso da violência de maneira
bem-sucedida. (...) Assim, nas questões internas, a violência funciona como o último
recurso do poder contra os criminosos ou rebeldes, isto é, contra indivíduos isolados que,
pode-se dizer, recusam-se a ser dominados pelo consenso da maioria".
ARENDT, Hannah. Da violência. Col. Pensamentos Políticos. Brasília: Ed. UnB, 1985.p.24
Tendo como referência o fragmento de Hannah Arendt, o que caracteriza o poder é o fato
de ele ser
“É verdade que a sociedade democrática é aquela que não esconde suas divisões, mas
procura trabalhá-las pelas instituições e pelas leis. Todavia, no capitalismo, são imensos
os obstáculos à democracia, pois o conflito dos interesses é posto pela exploração de
uma classe sobre a outra, mesmo que a ideologia afirme que todos são livres e iguais (...)
a situação do direito de igualdade e de liberdade é também muito frágil nos dias atuais,
porque o modo de produção capitalista passa por uma mudança profunda para resolver a
recessão mundial. Essa mudança, conhecida com o nome de neoliberalismo, implicou o
abandono da política do Estado do Bem-Estar Social e o retorno à idéia liberal de
autocontrole da economia pelo mercado capitalista, afastando, portanto, a interferência do
Estado no planejamento econômico".
CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: editora Ática, 2003 P.406
A partir desse fragmento, sobre a relação democracia e liberalismo, é CORRETO afirmar
que