“A primeira proposição da moralidade diz que, para ter valor moral, uma ação deve estar
baseada no dever, declarou Kant. Nem todo mundo concordaria. Pode-se argumentar que
outros motivos contam tanto ou mais ___ o amor, por exemplo. Pode-se argumentar
também que os motivos importam menos que as consequências, sendo a ação moral
julgada não pela boa intenção das pessoas, mas pelo bem que praticam. Formalmente
falando, essas alternativas não estão em colisão direta com uma ética do dever, uma vez
que poderia haver, por exemplo, um dever de amar o próximo ou de produzir as melhores
consequências. Os contrastes, porém, são sempre feitos. O que eu espero da ética é que
ela ofereça um modo sistemático de saber, ou pelo menos de ter garantias para crer que
um curso de ação está certo ou errado. Tanto o 'Dever' quanto as 'melhores
consequências' apresentam suas ofertas e é interessante compará-las. (...) Uma ética que
faz apelo à razão tem, portanto, duas tarefas. Uma é fornecer as ferramentas para decidir
se racionalmente x, e não y, é a coisa certa a fazer. A outra é demonstrar que, ao fazer x,
uma pessoa estará agindo não apenas moralmente como também racionalmente."
HOLLIS, Martin. Filosofia. Um convite. Trad. Antivan G. Mendes. São Paulo: Loyola, 1996 p.162-165
A partir desse texto, considerando-se a importância dos valores éticos na estruturação
política das sociedades,