Entre 1817 e 1820, os naturalistas Johann von Spix e Carl Philip von Martius realizaram uma expedição científica ao Brasil,
indicados pela Academia de Ciências de Munique, no contexto de aproximação entre Portugal e a Áustria. Nessa expedição, os viajantes registraram algumas partituras musicais com canções brasileiras. Sobre esses registros, o pesquisador
Silvio Augusto Merhy escreveu:
Não havia na época local instituído para apresentações públicas de música de tradição oral. Sabe-se dos cortejos populares que eram acompanhados de música, como os que aconteciam durante os dias de carnaval no Rio de Janeiro. A poesia e a música populares eram percebidas pelos intelectuais como práticas coletivas e anônimas de propriedade do “povo”, nasciam e cresciam tão naturalmente como uma planta ou uma árvore e eram apreciadas em praça pública ou nas ruas. Tal concepção fazia parte da mentalidade que predominava no final do século XVIII. Pensava-se que a autoria não era importante em se tratando de uma “arte popular”, porque ela pertenceria a todos, a todo o “povo” (das Volk dichtet, o povo produz a poesia).
MERHY, S. As transcrições das canções populares em Viagem pelo Brasil de Spix e Martius. Revista Brasileira de Música. Universidade Federal do Rio de Janeiro, v. 23/2, 2010. p. 177.
A expedição de Spix e Martius foi finalizada pouco antes dos eventos determinantes para a Independência do Brasil, e a
análise de Silvio Merhy aponta características constitutivas de nossa formação social.
Nesse sentido, o texto aponta aspectos da cultura de época compatíveis com um(a)
A razão iluminista apresenta-se aos seus adeptos como um instrumental crítico que se dirige a cada indivíduo naquilo que possui de mais íntimo e essencial – sua consciência racional de ser humano. Mais que convencer ou persuadir, com argumentos racionais, trata-se de trazer à tona, em cada um, essa capacidade ou essa essência racional, comum a todos: pensar por si mesmo, “sair da menoridade para a maioridade”, tal é a palavra de ordem.
(FALCON, Francisco Calazans. Iluminismo. São Paulo: Ática, 1986. p. 37)
No que diz respeito ao impacto do Iluminismo no pensamento europeu do século XIX, é correto afirmar que:
A guerra, com o necessário esforço econômico, trouxe a opulência para a América, e em 1945 os Estados Unidos concentravam três quartos do capital investidos no mundo e dois terços de sua capacidade industrial.
(BARROS, Edgard Luiz. A guerra fria. São Paulo: Atual; Campinas: UNICAMP. 1986. p. 54).
Após a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos estavam preparados internamente para exercer a liderança econômica e militar do mundo capitalista.
No que diz respeito ao plano externo, é correto considerar:
Considere o comentário a seguir a respeito da aprovação da Lei de Terras em 1850.
Documentos da época, hoje guardados no Arquivo do Senado, em Brasília, revelam como a composição do campo brasileiro foi planejada. Os próprios senadores e deputados eram, em grande parte, senhores de terras. O senador Costa Ferreira (MA), por exemplo, discursou:
— Isso de repartir terras em pequenos bocados não é exequível. Só quem nunca foi lavrador é que pode julgar o contrário. São utopias. Ninguém vai para lá [o interior do país]. Ninguém se quer arriscar. [...]
Os senadores afirmaram que o governo deveria fixar altos preços para as terras públicas colocadas à venda. O Visconde de Abrantes opinou:
— O preço deve ser elevado para que qualquer proletário que só tenha a força do seu braço para trabalhar não se faça imediatamente proprietário comprando terras por vil preço. Ficando inibido de comprar terras, o trabalhador de necessidade tem de oferecer seu trabalho àquele que tiver capitais para as comprar e aproveitar.
HÁ 170 anos, Lei de Terras [...]. Agência Senado. Disponível em https://www12.senado.leg.br/noticias/especiais/arquivo-s/ha-170-anos-lei-de-terras-[...]. Acesso em: 5 mar. 2024. Adaptado.
A análise feita pela reportagem sobre a Lei de Terras de 1850 tangencia uma característica brasileira praticamente inalterada nos últimos 200 anos de nossa história.
Trata-se da
“Não seria a primeira vez que políticos e intelectuais vinculados a um novo momento atribuiriam a si mesmos os méritos da novidade e jogariam para outro período, em geral o imediatamente anterior, a designação de “ultrapassado”. Novos momentos tendem a enxergar o passado a partir de lentes de curto alcance que deformam, e selecionam, tendo um ponto de vista ressaltado: o seu. Esse seria o caso da Revolução de 1930 e do Estado que foi logo autodesignado como “Novo”: Estado Novo. Segundo essa visão, caberia só ao futuro o estabelecimento de uma verdadeira res publica, e a introdução de uma realidade social, moral e política deveras moderna.”
Fonte: Schwarcz, Lilia; Starling, Heloisa. Brasil: Uma Biografia, São Paulo: Companhia das Letras, 2015, p. 523.
A respeito das motivações que levaram à Revolução de 1930, assinale a afirmativa correta.
O plano Schlieffen, nomeado em homenagem ao seu idealizador, o conde Schlieffen, foi uma estratégia militar implementada pela Alemanha no início da Primeira Guerra Mundial.
Assinale a afirmativa que apresenta corretamente os objetivos do plano Schlieffen.
O abolicionismo foi um movimento político que defendia o fim da escravidão e do comércio de escravos. Tal movimento desenvolveu-se a partir dos ideais iluministas do século XIX, ganhando milhares de adeptos que, junto com escravos e escravas, lutaram pelo fim da escravidão em diversos países americanos. No Brasil não foi diferente.
(SANTOS, Ynaê Lopes do. História da África e do Brasil afrodescendente. Rio de Janeiro: Pallas, 2014. p. 241).
O avanço da luta abolicionista no Brasil se relaciona ao contexto histórico em que se destaca:
“Praticar o espiritismo, a magia e seus sortilégios, usar de talismã e cartomancias para despertar sentimentos de ódio ou amor, inculcar cura de moléstias curáveis ou incuráveis, enfim para fascinar e subjugar a credulidade pública”, como diz o artigo 157, do Código Penal de 1890, eram práticas condenadas pela lei e pela própria crença da sociedade no Brasil republicano.
Desde a promulgação desse Código Penal e ao longo do século XX, inúmeros acusados de serem maus espíritas, macumbeiros ou pais de santo foram levados à prisão em quase todos os estados da federação. No Rio de Janeiro, não foi diferente. Mas quem eram os praticantes do espiritismo, da magia e de seus sortilégios perseguidos pela polícia em uma cidade cuja crença em espíritos e feitiçarias ocorria entre pessoas de todas as classes? Como eram descobertos?
(MAGGIE, Yvonne. FIGUEIREDO, Luciano (org). Raízes africanas. Rio de Janeiro: Sabin, 2009. p. 50)
O fragmento de texto trata da relação entre Estado e populações negras na nascente República brasileira.
O conceito que melhor define essa relação é:
Com a proximidade do final do século XIX, amplificam-se as expectativas com relação ao século seguinte. Se muitas eram as utopias, talvez uma das mais evidentes tenha se concentrado nas potencialidades da nova ciência, com suas invenções e projetos. Não é por mera coincidência que a agenda do país tenha sido tomada pela introdução de uma série de inventos. De forma acelerada, entraram no
Brasil a luz elétrica e, com ela, o telégrafo, o telefone, o cinematógrafo. Na área dos transportes, o trem a vapor é substituído pelo elétrico, que assiste à entrada do automóvel e até do aeroplano.
COSTA, A. M.; SCHWARCZ, L. M. 1890-1914, no tempo das certezas.
São Paulo: Cia. das Letras, 2000 (adaptado).
No Brasil, os eventos descritos ganharam conotação política ao serem vinculados à
Os salões permitiam aos escritores da época do Iluminismo adentrar no universo dos poderosos. Figuras como as de Voltaire e Duclos exortavam seus “irmãos” a aproveitarem da mobilidade que era oferecida pela ordem social do Antigo Regime, juntando-se à elite.
Nos últimos decênios do Ancien Régime, ele foi se tornando cada vez mais o reduto dos filósofos do Alto Iluminismo, que deixavam os cafés para os tipos inferiores de literário. Com efeito, os cafés se constituíram na antítese lógica dos salões. Eles eram abertos a todos, a um passo da rua. Como é possível constatar, salões e cafés constituem interessantes instituições do espaço público literário através
das quais é possível vislumbrar as bases sociais nas quais se assentavam o Alto e o Baixo Iluminismo.
HABERMAS, J. Mudança estrutural da esfera pública:
investigações quanto a uma categoria da sociedade burguesa.
Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1984 (adaptado).
No período iluminista, os espaços sociais mencionados contribuíram para
No primeiro dia, foi colocada uma panela de barro no centro do barracão, a qual representava o espírito do morto presente na sala. Aqueles que dançavam depositavam moedas ao passarem junto dela e, ao seu redor, milho branco, mel, água, acaçás, cachaça. No segundo dia, os ogãs, antes de iniciar a cerimônia, caminharam pelo corredor formado pelas casas, batendo com longas varas de bambus nos seus beirais, até alcançarem o portão de entrada. No terceiro dia, quatro pessoas, as mais influentes do culto, carregaram um lençol, que aparentemente continha um corpo em seu interior. No entanto, esse corpo era formado por folhas verdes de plantas, que foram derramadas sobre uma pessoa.
MANZOCHI, H. M. Axexe, um rito de passagem. Revista do Museu
de Arqueologia e Etnologia, n. 5, 1995 (adaptado)
O ritual brasileiro apresentado no texto representa, para seus adeptos, a
A valsa vienense é a mais antiga das danças de salão tradicional. É dançada desde a Idade Média, quando os pares davam voltas pelo salão realizando giros em torno de si mesmos em postura fechada. Pelo fato de ser dançada aos pares em contato íntimo, a valsa encantava a sociedade medieval, como também sofria proibições por infringir os “bons costumes”. Originária das danças campestres e folclóricas, no século XVI, a aristocracia francesa abandonou a valsa por sua estreita relação com a cultura plebeia, retomando-a posteriormente.
FRANCO, N.; FERREIRA, N. Evolução da dança no contexto histórico:
aproximações iniciais com o tema. Repertório, n. 26, 2016 (adaptado).
A expressão cultural descrita no texto foi rejeitada no início da Idade Moderna por congregar
A independência do Brasil é muitas vezes compreendida como um processo complexo, que, por um lado, formaliza a autonomia e ruptura política em relação a Portugal e, por outro, possibilita a manutenção da escravidão, da monarquia e da presença da dinastia dos Bragança na América. É um momento crucial para a compreensão da formação do Brasil contemporâneo, pois
Com a aclamação do príncipe regente D. Pedro como imperador do Brasil, em 12 de outubro de 1822, começou a ser construída no imaginário político dos povos, outrora irmãos, a ideia de um império autônomo em terras americanas. [...] O processo de emancipação política representou o ponto de partida para a construção de uma ideia moderna de nação. [...] Essa polarização que exprimia um difuso sentimento antilusitano e antibrasileiro em imagens e escritos dos dois povos, agora reinos e nações separados, terminava por demonstrar em que se constituiu, em parte, o processo de emancipação política do Brasil. [...] À medida que se aprofundava a incompreensão recíproca, a possibilidade de manter-se a união entre Portugal e o Brasil tornou-se cada vez mais distante para ambos os lados. Incompatibilidade que se resolveu, como costuma ocorrer, pelo divórcio, talvez não tão amigável, como muitas vezes supôs a historiografia, pois envolveu lutas e disputas não só entre os dois lados do Atlântico, como também no próprio interior do Brasil. Mais difícil, porém, era a tarefa que restava, de construir e definir o Brasil: não mais como continuação de Portugal, mas dotado de identidade própria, que foi procurada pelo menos ao longo de todo o Oitocentos, em oposição ao ser português.
NEVES, L. M. P. B. Estado e política na independência. In: GRINBERG, K.; SALLES, R. (org.). O Brasil Imperial, 1808-1830. vol. I. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009. p. 129-131. Adaptado.
Segundo a autora, o processo de independência do Brasil
Diante do avanço dos exércitos soviéticos, não havia mais dúvida quanto aos resultados da guerra. Por essa razão, os líderes dos três países que lutavam contra a Alemanha nazista sentiram necessidade de reordenar a condução da luta e pensar em acordos para depois de findar a guerra. Mas a razão mais importante que levou os três aliados a se reunirem foi uma mútua desconfiança que já existia. Desde o início da guerra, Stalin tinha sérias desconfianças de que os ocidentais queiram empurrar a Alemanha contra a União Soviética. Com o desenrolar da guerra e a formação da linha contra a Alemanha nazista a União Soviética passou a desconfiar que tanto ingleses como norte-americanos poderiam assinar uma paz em separado com Hitler. Agora, depois das avassaladoras vitórias dos exércitos soviéticos, em quem começava a desconfiar de uma paz em separado eram os ingleses e americanos.
(PEDRO, Antônio. A Segunda Guerra Mundial. São Paulo: Atual, 1994. p. 50-51).
A partir da interpretação do texto, podemos afirmar que:
Getúlio Vargas, figura de grande relevância para a história política brasileira, esteve no poder em dois importantes momentos: entre 1930 e 1945 e, em seguida, entre 1950 e 1954.
Considerando esse amplo período e seus efeitos para estruturação dos direitos sociais e políticos em nosso país, Vargas