No final do século XIX, José Veríssimo apontava para a necessidade de se ensinar a história da pátria em todos os momentos e espaços utitizando-se de outros signos, além dos conteúdos escolares: "Porque não é somente nas escolas ou pelo estudo dos Autores e documentos que se pode estudar a história pátria. O mínimo ao menos do conhecimento do passado nacional indispensável ao desenvolvimento de um país livre e civilizado, e, por acaso, o que mais importa saber para despertar nele os fecundos estímulos do sentimento pátrio, há outros meios que o ensinem. Os monumentos, os museus, as coleções arqueológicas e históricas, essas construções que os nossos antepassados com tanta propriedade chamaram meméórias, são outras tantas maneiras de recordação do passado, de ensino histórico, portanto, e, em última análise, nacional". (VERÍSSIMO, 1985, p. 101). A partir do excerto citado e, considerando os estudos acerca da construção da memória histórica produzida junto às instituições escolares e/ou a elas direcionadas no contexto dos primeiros anos da República, assinale a alternativa incorreta:
Segundo a historiadora Circe Bittencourt (2004, p. 213), ao utilizar-se de períodos organizados de acordo com a lógica eurocêntrica, os conteúdos escolares sobre a idade Média fornecem poucos indícios para a compreensão das experiências históricas dos cristãos bizantinos, dos povos islâmicos e dos reinos africanos que viveram na mesma época, cujos contextos foram fundamentais nas mudanças europeias e na configuração do mundo moderno.
Isto se deve a uma “tradição escolar" respaldada por uma produção historiográfica sobre a Idade Média centrada:
"Diz-se algumas vezes: 'A história é a ciência do passado'. (...). O que se produziu que parecera apelar imperiosamente à intervenção da história? Foi que o humano apareceu. Há muito tempo, com efeito, nossos grandes precursores, Michelet, Fustel de Coulanges, nos ensinaram a reconhecer (...). Do caráter da história como conhecimento dos homens decorre sua posição específica em relação ao problema da expressão. Será uma 'ciência'? ou uma 'arte'? Sobre isso nossos bisavós, por volta de 1800, gostavam de dissertar gravemente. (...). 'Ciência dos homens', dissemos. É ainda vago demais. É preciso acrescentar: 'dos homens, no tempo'. (...). A atmosfera em que seu pensamento respira naturalmente é a categoria da duração."
Fonte: BLOCH, Marc. Apologia da História ou o ofício do historiador. Rio de Janeiro: Zahar, 2001, pp. 52-55.
Assinale a alternativa que apresenta o objeto da história, de acordo com as reflexões de Marc Bloch:
"Desde os primeiros anos da década de 1920, a população brasileira conviveu com um conjunto de imagens e personagens que anunciavam os primeiros passos do movimento fascista na Europa e no Brasil, em especial no Estado de São Paulo. Entre 1922 e 1945, as ideias da extrema-direita emergiram em vários pontos do país partindo de diferentes núcleos de produção, a saber: do Estado, de segmentos conservadores da Igreja Católica e da imprensa brasileiras, além de uma parcela significativa das comunidades de emigrantes italianos, ítalo-brasileiros, alemães e teuto-brasileiros. Destes núcleos saíram os principais ativistas e simpatizantes do nazifascismo, distintos muito mais por seus interesses e proximidades com o poder instituído do que por sua doutrina."
Fonte: CARNEIRO, Maria Luiza Tucci. "Fascistas à brasileira: encontros e confrontos"In: CARNEIRO, M. L. T.; CROCI, Federico (orgs.). Tempos de fascismos: ideologia - intolerância - imaginário. São Paulo: Edusp, Imprensa Oficial, Arquivo Público do Estado de São Paulo, 2010, p.433.
Sobre a Era Vargas e a primeira metade do século XX é correto afirmar:
"O presidente João Goulart iria participar de um comício em frente à estação ferroviária da Central do Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, no dia 13 de março de 1964. O Comício da Central, como ficou conhecido, foi planejado com antecedência. O projeto era conhecido desde fins de janeiro de 1964, produzindo muita repercussão na imprensa, como inúmeras matérias publicadas durante o mês de fevereiro atestam sobejamente. Como é fácil imaginar, a ideia de um comício, que deveria ser um palco para a consagração de Jango e as reformas de base, gerou reações imediatas nos meios políticos, empresariais e sindicais, muito antes de se concretizar."
Fonte: FERREIRA, Jorge; GOMES, Angela de Castro. 1964: o golpe que derrubou um presidente, pôs fim ao regime democrático e instituiu a ditadura no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2014, p. 249.
Sobre o contexto do governo João Goulart e do golpe militar de 1964 é incorreto afirmar que:
[...]. Ainda assim, por tudo isto e muito mais, a Guerra Fria podia ter sido pior – muito pior. Começou com uma volta do medo e terminou com um triunfo da esperança, trajetória incomum
para grandes convulsões históricas. Podia perfeitamente ter sido de outra maneira, mas o mundo atravessou a segunda metade do século XX sem ver suas mais graves apreensões se concretizarem. Os binóculos de um futuro distante confirmaram isso, pois, se a Guerra Fria tivesse tomado um rumo diferente, talvez não sobrasse ninguém para olhar o passado com os
binóculos. [...].
(GADDIS, John Lewis. História da Guerra Fria. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2006.p. 258)
A Guerra Fria (1945 - 1991) marcou a divisão do mundo em dois blocos: um liderado pelos Estados Unidos e outro pela União soviética, gerando um conflito político-ideológico
Apresentando reflexões sobre o tempo e os usos da memória, Francisco Régis Lopes Ramos (2010) se debruça sobre as questões que permeiam o ensino de história e o patrimônio.
Dessa forma e refletindo sobre as questões que mobilizam a noção do ensino de história, memória e patrimônio para a superação de uma visão simplista, é correto afirmar:
O cinema, hoje, faz parte das preocupações dos historiadores. Não era assim na época em que foi criado. Segundo Marc Ferro, na ótica dos historiadores do início do século XX, o filme não era um documento histórico.
[...] Esse quadro começaria a mudar precisamente a partir da década de 1960, quando as relações teórico metodológicas entre cinema e história tornaram-se objeto sistemático por parte de alguns historiadores, especialmente, Marc Ferro e Pierre Sorlin, ligados à Escola dos Annales, no momento em que a historiografia ampliava seus horizontes e apresentava novos métodos de análise. [...] Mas, será a partir do final da década de 1980, pela influência da historiografia francesa, em especial, e pelo alargamento dos meios de comunicação de massa no país, que o cinema ganhará definitivamente espaço nas discussões pedagógicas, em livros e revistas científicas e em ações e programas de órgãos públicos ligados à educação.
NASCIMENTO, Jairo Carvalho do. Disponível em: <http://www.revistafenix.pro.br/PDF15/Artigo_05_%20ABRILMAIO-JUNHO_2008_Jairo_Carvalho_do_Nascimento.pdf>.Acesso em: 11 jul. 2019.
Nesse sentido, e refletindo sobre o ensino de história e o cinema, Jairo C. Nascimento assinala que surgem artigos e livros versando sobre:
Está correto o que se afirma nos itens:
Para que a música seja tomada como um eficiente instrumento de aprendizagem da História, que capte o espírito de um tempo, é importante que a música seja considerada como um
Em relação aos movimentos sociais ocorridos no Brasil do século XIX, são verdadeiras as afirmativas:
I- Sabinada - movimento rebelde que ocorreu na Bahia liderado por Francisco Sabino, trouxe à tona as tensões sociais que afligiram a sociedade brasileira.
II- Balaiada - liderada por homens pobres, mestiços e também escravos, lutavam contra a opressão praticada pelos governos da província do Maranhão.
III- Revolta dos Malês - levante de escravos mulçumanos na cidade de Salvador.
IV- Revolta de Canudos - movimento popular de fundo sócio-religioso que ocorreu no sertão da Bahia.
V- Revolução Farroupilha - levante de caráter republicano, contra o governo imperial do Brasil, ocorrido na então província de São Pedro do Rio Grande do Sul.
Maragogipinho, na Bahia, produz peças de barro e argila que encantam turistas. Os oleiros, como são chamados os artesãos que fabricam as peças, aprendem o ofício desde cedo, numa arte que é passada de pai para filho.
Disponível em: http://viagem.uol.com.br. Acesso em: 22 jul. 2015 (adaptado).
A transmissão desse tipo de ofício através das gerações tem como objetivo a
Os últimos anos da União Soviética (URSS) foram uma catástrofe em câmera lenta. A queda dos satélites europeus em 1989 e a relutante aceitação por Moscou da reunificação alemã demonstraram o colapso da União Soviética como potência internacional, mais ainda como superpotência. Em termos internacionais, a URSS era como um país derrotado após uma grande guerra — só que sem guerra.
HOBSBAWM, E. Era dos extremos: o breve século XX, 1914-1991. São Paulo: Cia. das Letras, 2009 (adaptado).
O processo mencionado no texto modificou a geopolítica mundial porque
O golpe de 1964 que instaurou uma ditadura no Brasil tinha como lógica a continuidade de um padrão de desenvolvimento dependente e associado (NETTO, 1998), e como pano de fundo, um pacto contrarrevolucionário que se refrata na divisão do poder: este é concentrado nas mãos de uma burocracia civil e militar que serve aos interesses consorciados dos monopólios imperialistas e nativos, integrando o latifúndio e deslocando uma determinada classe que condensava a burguesia nacional.
Esta classe tem como representante(s):
O Reino Unido retornou a colônia de Hong Kong à China em 1º de julho de 1997, quando o contrato de arrendamento dos Novos Territórios, firmado entre britânicos e chineses em 1898 e válido por 99 anos, expirou. Apesar de o contrato não se referir a Hong Kong, que havia sido entregue aos britânicos em 1842, era impossível separar Hong Kong dos Novos Territórios por causa do forte entrelaçamento econômico.
(www.terra.com.br, 05.09.2016)
Após a colonização britânica, a relação entre Hong Kong e China produziu
A construção da História enquanto ciência pelos positivistas durante o século XIX baseava-se na compreensão da narrativa histórica como