“Anteriormente, salientou-se, para o caso da Europa, que a disciplina histórica na primeira metade do século XIX conferiu um espaço bastante limitado aos indivíduos e às suas biografias, e no Brasil não foi diferente. A monografia Como se deve escrever a história do Brasil, do pesquisador alemão Carl Friedrich Phillip Von Martius, que, em 1840, venceu um concurso do Instituto, não continha uma só palavra a respeito dos grandes homens ou dos heróis. Da mesma forma, nem Francisco Adolfo de Varnhagen nem Capistrano de Abreu, consagrados como “pais fundadores" da historiografia brasileira, têm biografias históricas entre suas obras mais significativas."
(SCHIMDT, Benito Bisso. História e Biografia. In: CARDOSO, Ciro Flamarion, VAINFAS, Ronaldo (org.). Novos Domínios da História. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012, p. 200).
A biografia surgiu ao mesmo tempo em que a narrativa histórica na Grécia Antiga, mas sua trajetória no campo de interesse não foi contínua e por vezes ficou à margem da historiografia. No caso do Brasil o caminho percorrido pela narrativa biográfica também enfrentou percalços, ora estando em evidência, ora sendo deixada em segundo plano. Sobre a biografia no Brasil, assinale a alternativa CORRETA:
“Como bem lembra Gianna Pomata, a história do gênero compreendida como a história da construção social, através de discursos e práticas, de categorias do masculino e do feminino é legítima e representa um território útil à pesquisa histórica. Mas não podemos confundi-la com a história das mulheres nem, tampouco, obliterar a necessidade de uma história social das mulheres. A tarefa da história das mulheres – insiste a mesma autora, com a qual concordamos – não é a desconstrução dos discursos masculinos, mas, sim, a ultrapassagem da pobreza dos fatos que tornou a vida dessas atoras sociais tão descarnada. É preciso fazer uma história erudita, baseada num máximo de informações, guiada por um fio que conduza, através da realidade concreta, ao fato material e social, história capaz de criar um entorno que nos ajude a compreender qual o efeito prático dessa avalanche de discursos sobre a vida da mulher ou quais são as relações entre discursos e práticas." (retirado de: DEL PRIORE, Mary. História das mulheres: As vozes do silêncio. In: FREITAS, Marcos Cezar de (org.). Historiografia brasileira em perspectiva. São Paulo: Contexto, 1998, p. 233).
O excerto anterior traz consigo a temática da história das mulheres, que compreende um território relativamente pouco explorado pelo historiador. Esse interesse pelas mulheres na história só foi possível no século XX depois de novas correntes historiográficas ganharem espaço, com novos objetos e novas abordagens. Sobre a escrita da história das mulheres neste novo contexto, assinale a alternativa CORRETA:
Muitas pesquisas em Historia do Brasil se debruçam sobre a maneira como a colônia portuguesa se estabeleceu e se transformou no que atualmente é a nação brasileira. Um dos principais debates seria a constituição ou não de um Antigo Regime nos trópicos. Assinale a alternativa correta sobre esta discussão:
Em 2008 a Lei 11.645 torna obrigatório o ensino de Historia e cultura Indígena no Brasil. Considerando a implementação desta lei podemos dizer que de lá pra cá algumas mudanças ocorreram. Assinale a alternativa correta:
Julgue As afirmativas:
I- No Brasil, a partir da promulgação da Lei nº
10.639/2003 e das Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educação das Relações ÉtnicoRaciais
e para o Ensino de História e Cultura Afrobrasileira
e Africana, foi estabelecido um marco
legal, político e pedagógico de reconhecimento e
valorização das influências africanas na formação
da sociedade brasileira e do protagonismo da
população afro-brasileira na formação social,
política e econômica do país.
II- A partir de 2003, após a alteração da Lei n°
9.394/1996 pela sanção da Lei n° 10.639/2003 e
sua posterior regulamentação por meio do Parecer
CNE/CP n° 03/2004 e da Resolução CNE/CP n°
01/2004, foi estabelecida a obrigatoriedade do
ensino de história afro-brasileira e africana nas
escolas públicas e privadas da educação básica
em todo Território Nacional.
III- O então presidente Luiz Inácio Lula da Silva
sancionou uma lei que alterou a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional. Trata-se da Lei n°
10.639/2003, e foi a partir dela que o Conselho
Nacional de Educação (CNE ) estabeleceu as
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana,
dispostas no Parecer CNE/CP n° 03/2004 e na
Resolução CNE/CP n° 01/2004, as quais deverão
orientar iniciativas de formação inicial e
continuada e processos de gestão escolar.
IV- Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação Infantil explicitam em seu texto: “O
combate ao racismo e às discriminações de
gênero, socioeconômicas, étnico racial e religioso
deve ser objeto de constante reflexão e
intervenção no cotidiano da educação infantil”
(BRASIL, 2009a, p.10).
São verdadeiras:
No ano de 2009, o Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM – passou a adotar um modelo avaliativo mais preocupado em mensurar habilidades. Foram cinco os eixos contemplados: domínio de linguagens; compreensão de fenômenos; enfrentamento de situações-problemas; construção argumentativa; e, por fim, elaboração de propostas. A prova, então, passou a utilizar uma teoria conhecida como:
Nos anos 1980 e início dos anos 1990, as propostas curriculares e o ensino de História sofreram fortes influências dos debates historiográficos e pedagógicos e das mudanças paradigmáticas no âmbito da História. Os PCNs questionam os métodos e as concepções concebidos como tradicionais e afirmam que os estudos no campo da produção do conhecimento histórico, nas últimas décadas, têm proporcionado novos olhares aos historiadores, professores e alunos. Esses estudos têm refletido criticamente sobre os agentes condutores da história, os povos e culturas sobre os quais os estudos históricos devem lançar seus olhares, as fontes utilizadas pelos historiadores, às noções de tempo histórico e as relações entre a História e outras disciplinas. Assim, os PCNs acabaram se aproximando de qual corrente historiográfica?
Leia o texto a seguir:
"O conceito de relatividade cultural afirma que os padrões do certo e do errado e dos usos e das atividades são relativos à cultura da qual fazem parte. Na sua forma extrema, esse conceito afirma que cada costume é válido em termos de seu próprio ambiente cultural."
HOEBEL, Edward Adamson; FROST, Everett. Antropologia cultural e social. Rio de Janeiro: Cultrix, 1996. p. 22.
No trabalho do historiador, o conceito de "relativismo cultural" pode contribuir para uma reflexão e análise baseadas:
Leia o trecho a seguir:
“[...] falar de gênero na escola é exercitar a cidadania para o reconhecimento da igualdade entre homens e mulheres. Acreditamos que pouco importa se nascemos em um corpo sexado fêmea ou macho: temos o direito de habitar nossos corpos como desejarmos sem medo de violência e discriminação." (Sexta-feira, 22 de julho de 2016. Justificando. Brito, Luciana. “Por que falar de gênero nas escolas?)
Acerca do fragmento anterior, assinale a alternativa correta:
“Cultura é o sistema de ideias vivas que cada época possui. Melhor: o sistema de ideias das quais o tempo vive." (Ortega y Gasset, Livro das Monções). Analise as afirmações:
I. É um conceito polissêmico, de infinitos adjetivos historicizados.
II. É tudo aquilo que caracteriza socialmente um grupo, nação.
III. Diz respeito ao conhecimento, ideias e pensamentos de determinado grupo.
IV. É uma produção coletiva em constante mudança, pois acompanha as conquistas e transformações daqueles que a produzem.
Assinale a alternativa que contenha as afirmações corretas:
“O que fabrica o historiador quando faz história? Para quem trabalha? Que produz? " (CERTEAU, Michel. A Escrita da História. 2ª edição. Forense Universitária. 2007 p.65) Analise as proposições do exposto, a seguir:
I- Toda pesquisa historiográfica se articula com um lugar de produção sócio-econômico, político e cultural.
II- Ao pensar o estabelecimento das fontes, Certeau afirma que, em história, tudo começa com o gesto de separar, de reunir, de transformar em documentos certos objetos distribuídos de outra maneira.
III- Para Certeau, a escrita histórica se constrói em função de uma instituição cuja organização parece inverter: obedece a regras próprias que exigem ser examinadas por elas mesmas.
Está(ão) CORRETA(s)
“Um professor coloca nos objetivos de ensino que o aluno, após determinada aula, deve saber 'comparar uma célula animal com uma célula vegetal'. Que faz o professor nessa aula? Explica (descreve?) como é uma célula animal e como é uma célula vegetal. Talvez faça uma tabelinha em que coloca, lado a lado, como é uma e como é a outra. Talvez estabeleça comparações. Entretanto, não considera que sua responsabilidade ensinar a comparar, não se preocupa com o desenvolvimento dessa habilidade no aluno. Está centrado no conteúdo 'célula vegetal e animal', saber comparar é algo que o aluno deve “trazer pronto" e se ele não souber o problema não é do professor de Ciências… Só que também não é de nenhum outro…".
(Lenise Martins Garcia, UnB).
Na visão apresentada acima, a professora defende que:
Os primeiros PCNs para o ensino de História trabalham com a ideia de eixos temáticos e, para o ensino fundamental, foram sugeridos quatro eixos – um para cada ciclo. Para o segundo ciclo, composto então pela 3ª e 4ª série, a temática sugerida era:
“Num contexto de aceleração do processo industrial e urbano, imagina-se que seria preciso romper com o passado e com a tradição para atingir aquilo que passa a ser desejado como o objetivo máximo da sociedade moderna: o progresso. No campo educacional, surgem diversas propostas pedagógicas que partem de uma crítica ao ensino dominante na época e que vai ser chamado de ensino tradicional. Essas propostas são formuladas por um conjunto de educadores de diversos países, que acabam se juntando num verdadeiro movimento internacional".
(Jaime Cordeiro, Didática)
O trecho acima diz respeito a um movimento que tomou corpo na primeira metade do século XX no mundo todo, sendo de extrema importância no Brasil. Esse movimento, encabeçado por pedagogos diversos, buscou incorporar em suas práticas elementos da psicologia da infância produzida desde finais do século XIX, a fim de aprimorar os processos de aprendizagem. Esse movimento ficou historicamente marcado como:
África e América foram incorporadas à história ocidental a
partir do expansionismo comercial e marítimo europeu do
início dos tempos modernos. O processo de exploração
colonial desses continentes seguiu a lógica econômica e
política que, na Europa, caracterizava a transição do
feudalismo ao capitalismo. Nas palavras de um ex-diretor
geral da Unesco, “hoje, torna-se evidente que a herança
africana marcou, em maior ou menor grau, dependendo do
lugar, os modos de sentir, pensar, sonhar e agir de certas
nações do hemisfério ocidental. Do sul dos Estados Unidos ao
norte do Brasil, passando pelo Caribe e pela costa do Pacífico,
as contribuições culturais herdadas da África são visíveis por
toda parte; em certos casos, chegam a constituir os
fundamentos essenciais da identidade cultural de alguns
segmentos mais importantes da população".
Tendo por referência inicial as informações contidas no texto
acima e considerando aspectos significativos do ensino de
história, da história da América e de suas identidades, bem
como da história africana e de suas relações com o exterior,
julgue os itens de 81 a 90
O avanço da historiografia brasileira nas últimas décadas ainda não consegue chegar aos livros didáticos, o que pode ser explicado pela inexistência de mecanismos de avaliação por parte do Poder Público, que os adquire para distribuir nas escolas de suas redes.