Os cativos estranhos não provinham apenas das guerras.
Existiu em várias sociedades africanas a prática de
penhor humano. Um clã, grupo ou linhagem, pela decisão
do patriarca, podia empenhar um dos seus membros
celibatários a uma outra linhagem credora, que poderia
usá-lo gratuitamente até a extinção da dívida. O penhor
poderia ser feito, por exemplo, em momento de grandes
calamidades naturais. Nesse caso, o parente era empenhado
para receber em troca quantidades de comida
para salvar a linhagem.
(Kabengele Munanga e Nilma Lino Gomes. O negro no Brasil de hoje)
Para Munanga e Gomes, essas situações de exploração
do trabalho presentes na África tradicional revelam que
Causou surpresa, portanto, quando foi decifrada a Pedra
de Roseta, no século XVIII, e ficou evidente que praticamente
todo o conhecimento científico e filosófico da Grécia
antiga teve origem no Egito, ou seja, na própria África.
Os sistemas teológicos e filosóficos gregos também têm
origem no Egito, onde vários de seus fundadores, como
Sócrates, Platão e Aristóteles, estudaram com os pensadores
africanos.
Não seria conveniente, naquele contexto, divulgar tais
fatos. Criou-se, então, uma disciplina científica, a egiptologia,
voltada à tarefa de tirar do Egito o crédito por suas
realizações e atribuí-las a uma cultura realmente branca,
a grega. Aliás, os autores lançaram mão de vários recursos,
entre eles o de retratar o Egito como um país branco,
imagem que até hoje prevalece no imaginário popular.
(Elisa Larkin Nascimento. Introdução às antigas civilizações africanas.
Em: Elisa Larkin Nascimento (org.). A matriz africana no mundo.
Adaptado)
De acordo com a autora, o inconveniente de divulgar a
importância do país africano, no contexto em referência,
deve-se ao fato de a Europa
No Brasil, os grupos empobrecidos e descendentes de
escravizados, apesar da abolição da escravatura e da
proclamação da República, continuaram a viver em completa
e violenta desigualdade. Contudo, não só de opressão
vivia o povo. É importante lembrar que a movimentação,
a reação e a resistência que fazem parte da história
do negro brasileiro constituem momentos importantes da
história do Brasil.
A população negra nunca aceitou passivamente essa
situação. Na luta pela construção da cidadania muito
sangue foi derramado.
(Kabengele Munanga e Nilma Lino Gomes. O negro no Brasil de hoje)
Entre outras formas de resistência e luta desde a abolição,
Munanga e Gomes apresentam o Teatro Experimental
Negro, que
Ainda no que tange à produção de diferenças, seguindo
as pessoas enquanto caminhavam por suas redes de relações
nas frequentes visitas que fazem entre diversas
terras Guarani, observei que estas frequentemente são
constituídas por vários tekoa diferentes e cada um destes
procura seguir as orientações das suas próprias lideranças
(...) com alguma autonomia em relação às decisões
e atividades de abrangência maior, que podem envolver
diversos tekoa [...]Diversas pessoas, principalmente as mais velhas, explicam
que essas diferenças e autonomias são altamente
desejáveis e produtivas. Enfatizam também que poderiam
exercê-las ainda mais, se as terras Guarani não fossem
tão pequenas.
(Adriana Queiroz Testa. Entre pessoas e lugares: práticas de circulação
de saberes Guarani Mbya. Em: Amanda Cristina Danaga e Edmundo
Antônio Peggion, Povos indígenas em São Paulo: novos olhares)
O excerto, que é parte da pesquisa feita pela autora com
o povo Guarani Mbya, em 2013, faz referência
Os chamados quilombos foram uma das formas de resistência dos africanos escravizados no período do Brasil colonial. Em relação aos quilombos, assinale a alternativa correta.
São muitos os laços étnicos e afetivos que unem o Brasil a países como Nigéria, Togo, Benin, Angola e República Democrática do Congo, além dos vínculos econômicos, por exemplo, com Congo, Guiné, Gabão e Moçambique. Relativamente aos reinos africanos entre os séculos V e XV, julgue o item subsequente.
Segundo classificação linguística, não étnica, mais da metade do continente africano é ocupada pelo grupo bantu, cuja origem se situa na fronteira das atuais Nigéria e Camerun.
No livro A Invenção das Tradições, organizado pelos historiadores Eric Hobsbawm e Terrence Ranger, os autores problematizam o uso da noção de “tribo” para caracterizar as populações do continente africano. Isso se deve ao fato de que a (o)
Sobre a história contemporânea da África, Martin Meredith assinala que, na altura da década de 1980, “a África era conhecida por seus ‘Big Men’, ditadores militares e presidentes de partido único que ocupavam o cargo reforçando seu controle pessoal, reprimindo qualquer oposição ou dissidência, autorizando polícias secretas a silenciar seus críticos, intimidando a imprensa, limitando o poder dos tribunais de justiça e tornando-se extremamente ricos” (O destino da África. Cinco mil anos de riquezas, ganância e desafios. Rio de Janeiro: Zaahar, 2017). Acerca de referido período histórico, assinale a alternativa INCORRETA.
Na época da conquista espanhola, no final do século XV, a cidade do México englobava
Tenochtitlán e Tlatelolco. A última fora incorporada à primeira e submetida a um governador, além de ter perdido sua individualidade. A respeito da estrutura social mexicana durante sua migração e na época da sua chegada ao vale central, analise as assertivas a seguir e assinale V, se verdadeiras, ou F, se falsas.
( ) A estrutura social da tribo mexicana, durante sua migração e chegada ao vale central permaneceu bastante simples e essencialmente igualitária. Camponeses-soldados, os mexica, às vezes se fixavam durante vários anos nas regiões férteis, guerreavam para conquistar uma passagem ou apossar-se de terras cultiváveis e prosseguiam sua marcha carregando poucos bens.
( ) Antes do século XVI, cada chefe de família era guerreiro e agricultor ao mesmo tempo, além de participar das conferências que definiam questões importantes. O nível de vida era o de igualdade na pobreza e apenas os sacerdotes de Uitzilopochtli acumulavam suas funções sacerdotais com uma espécie de comando militar e de autoridade geral, que constituíam o embrião de uma classe dirigente.
( ) A partir do início do século XVI, a democracia tribal asteca foi substituída por uma monarquia aristocrática e imperialista em virtude de um processo de hierarquização e complexificação desta sociedade. Funções distintas passaram a ser exercidas por diferentes categorias da população.
A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é:
Até os dias de hoje há muita controvérsia sobre a antiguidade dos povos do Novo Mundo, que só era novo em relação a uma Europa que se reconhecia como velha. As estimativas mais tradicionais mencionam o período de 12 mil anos, mas pesquisas recentes arriscam projetar de 30 mil a 35 mil anos. Sabe-se pouco desta história indígena, e dos inúmeros povos que desapareceram em resultado do que agora chamamos eufemisticamente de “encontro” de
sociedades. Um verdadeiro morticínio teve início naquele momento: uma população estimada na casa dos milhões em 1500 foi sendo reduzida aos poucos em, aproximadamente, 800 mil, que é a quantidade de índios que habitam o Brasil atualmente. São muitos os fatores que explicam tal desastre populacional. Sobre o encontro entre europeus, povos pré-colombianos e africanos, analise as afirmativas a seguir.
Estão corretas apenas as afirmativas
No ensino de História ao se trabalhar a temática “a ação dos europeus na África” com o aluno do Ensino Fundamental, espera-se que o mesmo desenvolva a seguinte habilidade:
“Por exemplo, Cortés torna-se um personagem mais interessante e crível quando seu mito é explorado e desconstruído (...) As revelações de que a maioria dos conquistadores não eram soldados e de que os americanos nativos não acreditavam que os invasores espanhóis fossem deuses levantam a necessidade de investigar o emaranhado de fontes que produziram tais equívocos, ao mesmo tempo que possibilitam leituras alternativas”
(RESTALL, M. Sete mitos da conquista espanhola. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006, pp. 17-18).
Considerando um dos maiores eventos da história recente da humanidade, o encontro entre europeus e nativos americanos fascina e desperta paixões até hoje.
Como elementos levantados pela nova historiografia da Conquista Espanhola, podemos considerar como verdadeira as seguintes afirmações EXCETO:
A respeito da concepção de guerra para os astecas, às vésperas da chegada de Hernán Cortez (século XV), assinale a alternativa correta.
“Embora tenham sido dizimados pelas doenças trazidas pelos europeus e pela violência, os índios constituíram a grande maioria da população da capitania nos dois primeiros séculos de sua história. Foram eles que realizaram praticamente todo o trabalho nos primeiros tempos: nas roças, nos engenhos, no transporte, nas atividades domésticas... Foram eles ainda os guias dos portugueses nas expedições ao “sertão”, os guerreiros nos combates contra os invasores europeus e contra os índios inimigos. O pequeno contingente de colonos que aqui se fixou só sobreviveu graças ao trabalho dos índios; trabalho livre inicialmente, sob a forma de escambo, executado em troca dos preciosos produtos trazidos pelos europeus: instrumentos de trabalho, como machados, facas, anzóis, e objetos de adorno. Mas logo foi introduzida a escravidão, pois, quando os jesuítas se instalaram, em 1551, já encontraram “grandíssima multidão” de escravos”
(FRANCESCHETTO, C. Imigrantes Espírito Santo. Vitória: Arquivo Público do Estado do Espírito Santo, 2014.
Sobre a importância indígena na colonização do Espírito Santo, é incorreto afirmar que: