A perspectiva sociológica no mundo contemporâneo se caracteriza
pela rica diversidade de posicionamentos teóricos e metodológicos.
As obras de Norbert Elias, Anthony Giddens, Pierre Bourdieu,
Bruno Latour e Zygmunt Bauman estão, certamente, entre as mais
consagradas e influentes da atualidade. Julgue os seguintes itens,
relativos às ideias sociológicas desses autores.
De acordo com Zygmunt Bauman, a cultura moderna assegura
plenamente a liberdade de escolha e não promove qualquer
interferência coletiva no destino dos indivíduos.
Considerando a influência que os métodos comparativos da
sociologia tiveram no contexto brasileiro, julgue os itens seguintes.
Ao criticar a noção de que a sociologia necessita de amadurecimento — noção trazida a partir de Robert Merton e fruto da influência exercida pela concepção das ciências naturais — o sociólogo Octávio Ianni expõe a ideia de que a comparação através do olhar ao longo do tempo é um elemento fundamental dessa perspectiva.
Montano;Durriguetto (2011) discutem em sua obra uma série de conceitos, dentre os quais o conceito de ideologia. De acordo com a definição desses teóricos, a ideologia pode ser compreendida como:
“A sociologia nasceu como reflexão crítica sobre uma sociedade
lacerada e contraditória, industrial e capitalista, dividida entre a
ciência e o dinheiro, entre o organicismo e o individualismo.
Todavia, a sociologia que se pode chamar de clássica se definiu
pelo seu otimismo: ela considerou como necessária e possível a
complementaridade da ordem social e da liberdade pessoal
através da interiorização de normas sociais que, por sua vez,
repousam sobre uma concepção ao mesmo tempo universalista e
individualista do ser humano. O conceito central desta sociologia
é o de instituição.”
(Adaptado de TOURAIN, A. Sociologia. Milão: Jaca Book, 1998, p. 25)
Para Alain Tourain, a sociologia clássica conceituou instituição,
em termos de organização social, como
“Um sistema de disposições duráveis e transponíveis que, integrando todas as experiências passadas, funciona a cada momento como uma matriz de percepções, de apreciações e de ações – e torna possível a realização de tarefas infinitamente diferenciadas, graças às transferências analógicas de esquemas”. A definição acima se refere ao conceito sociológico de
Analise os trechos a seguir.
I. Formas de poder exercidas pelos sujeitos dominantes sem a
ação física direta, mas pela imposição de uma visão de
mundo, dos papéis sociais, das categorias cognitivas, das
estruturas mentais por meio das quais o mundo é percebido
e pensado.
II. Mecanismo de poder no qual técnicas disciplinares de
controle concorrem para o estabelecimento de um padrão de
normalidade que é, ao mesmo tempo, um dispositivo de
poder e uma forma de saber.
Os trechos citados descrevem, respectivamente, dois conceitos
sociológicos definidos como
Os discursos ou as teorias científicas são
desenvolvidos através de um conjunto de técnicas e
de experimentos no intuito de compreender ou
resolver um problema anteriormente apresentado.
As Ciências Sociais, por exemplo, possuem, entre
suas diferentes missões, o objetivo de investigar os
problemas sociais que vivenciamos durante o nosso
cotidiano. Tais ciências procuram fazê-lo de modo
sistematizado, diferentemente do Senso Comum,
embora o antropólogo estadunidense Clifford
Geertz apontá-lo também como um conhecimento
importante, justamente porque é comum à
sociedade como um todo. Diante das suas
diferenças, ou mesmo aproximações, aponte a
alternativa correta sobre o conhecimento científico
e o senso comum.
O sociólogo Imannuel Wallerstein argumenta que
“o discurso do liberal tende assim a ser temeroso da
maioria, temeroso dos sujos, dos ignorantes, das
massas. Não há dúvidas, o discurso do liberal tece
sempre imensos louvores ao potencial de
integração dos excluídos, mas é sempre de uma
integração controlada que está falando, de uma
integração nos valores e estruturas dos já incluídos.
Contra a maioria, o liberal está sempre defendendo
a minoria. Mas não é o grupo minoritário que ele
defende, é sim a minoria simbólica, o indivíduo
racional heroico contra a multidão – isto é, ele
mesmo.” (WALLERSTEIN, I. “Ciência Social e
Sociedade contemporânea. As garantias
evanescentes de racionalidade” In: O Fim do
Mundo como o concebemos. Ciência Social para o
século XXI. Rio de Janeiro: Revan, 2002)
Já o cientista político italiano Norberto Bobbio diz
que os “ideais liberais e o método democrático
vieram, gradualmente, se combinando num modo
tal que, se é verdade que os direitos de liberdade
foram desde o início a condição necessária para a
direta aplicação das regras do jogo democrático, é
igualmente verdadeiro que, em seguida, o
desenvolvimento da democracia se tornou o
principal instrumento para a defesa dos direitos a
liberdade.” (BOBBIO, N. “Liberalismo e
Democracia”. São Paulo: Brasiliense, 1994)
Apesar das diferentes visões sobre o Liberalismo e
a Democracia apresentadas acima, analise as
seguintes afirmações:
I. Os ideais liberais e democráticos, a despeito de
suas origens, influenciam o ordenamento
político das sociedades ocidentais;
II. Liberalismo e Democracia, doutrinas políticas
que surgiram em momentos diferentes da
História, são bases para o que se chama de
Pensamento Liberal Democrático;
III. Liberalismo é uma doutrina política
incongruente com o ideal igualitário, que
caracteriza a tradição democrática.
Nesse sentido, é correto que se afirma em:
Analise as afirmações sobre as relações raciais no
Brasil.
I. A sociedade é tão injusta, desigual e
competitiva que se produz o preconceito como
uma técnica política de poder. No limite, o
preconceito racial é uma técnica da
dominação.
II. A racialização do mundo está em curso. Numa
reflexão sobre a questão racial no Brasil somos
obrigados a reconhecer que, simultaneamente,
está havendo algo de diferentes gradações em
muitas partes do mundo e que esses surtos de
diferentes manifestações de racismo e
intolerância estão imbricados com a dinâmica
da sociedade.
III. Na verdade, o movimento negro hoje está
bastante diversificado e podemos dizer que está
orientado para diferentes situações: alguns são
politizados, outros são quilombistas no sentido
de regressar às origens e tradições africanas;
outros, mais liberais, se movimentam no
sentido de conseguir maior mobilidade na
sociedade aproveitando as brechas que esta
abre para uma integração mais plena.
Assinale a alternativa que representa o autor das
frases.
Em “As Etapas do Pensamento Sociológico” (2002), Raymond Aron afi rma que cada autor por ele tratado como “primeira geração da sociologia” possui uma concepção da sociedade moderna e de seus desafi os e tendências. Nesse sentido, Aron afi rma que, para Tocqueville, a sociedade moderna seria caracterizada pela:
Como explicar o sucesso da noção de alienação? Uma das razões talvez se encontre no fato de que ela resgata o mito judaicocristão da queda do homem, dando-lhe um conteúdo laicizado, adaptado às sociedades modernas. Graças ao conceito de alienação, a queda pode ser observada, por assim dizer, na esquina, na vida cotidiana. (BOUDON, R. & BOURRICAUD, F. Dicionário crítico de sociologia. São Paulo: Ática, 1993. p. 23) Para os autores, a presença da noção de alienação em diferentes tradições teóricas indica a:
É um axioma aceito em psicometria que a fidedignidade de um instrumento coloca os limites superiores da validade. Com uma régua não fidedigna, seria difícil fazer alguma contribuição útil à cartografia. Mas ao mesmo tempo, alta fidedignidade não confere automaticamente validade. A relação específica, contudo, entre fidedignidade e validade faz menos sentido na medida em que passarmos à interpretação de material textual ou da evidência da entrevista. Na interpretação, a validade pode estar associada à baixa fidedignidade. (BAUER, M., GASKELL, G. & ALLUM, N. Qualidade, quantidade e interesses do conhecimento. Petrópolis: Vozes: 2005. p. 476) Sobre a prestação de contas envolvendo o conhecimento científico, os autores defendem que a:
De fato, quando o sociólogo se limita a tomar à sua conta os objetivos de reflexão do senso comum e a reflexão comum sobre esses objetivos, não tem mais nada a opor à certeza comum de que pertence a todos os homens falarem de tudo o que é humano e julgarem qualquer discurso, até mesmo científico, sobre o que é humano. (BOURDIEU, P.; CHAMBOREDON, J. C.; PASSERON, J.C. Ofício de sociólogo. Petrópolis: Vozes, 2004. p. 36) De acordo com a perspectiva apresentada, o conhecimento sociológico demanda cuidados metodológicos para que se preserve:
Considerando a sociologia do conhecimento, a noção de falsa consciência e a tradição teórica a ela associada implicam:
Para Alexander, em Teoria Social Hoje (apud Giddens &
Turner org., 1999), um clássico é um texto que permite ao cientista
social aprender com ele tanto quanto com a leitura de um autor contemporâneo.
O autor defende que se leia os clássicos para refl etir
sobre questões contemporâneas, em oposição a uma abordagem
que vê tais obras apenas como: