Apesar da crítica de alguns autores de que Kant não teria fundamentado a suposição de que “há
dois troncos do conhecimento humano”, ele apresenta a sensibilidade e o entendimento como
sendo estes dois troncos que “talvez brotem de uma raiz comum, mas desconhecida a nós”. A
estas duas faculdades, o filósofo de Königsberg acrescenta, na segunda parte da Analítica
Transcendental, a faculdade do juízo. Evidencie o que exista de errado nos itens abaixo que se
propõem ser uma sinopse das três faculdades do conhecimento segundo Kant.
I. Enquanto o objeto da sensibilidade é dado por meio da afecção do ânimo, o objeto do entendimento, uma
multiplicidade indeterminada da intuição, é pensado, isto é, determinado.
II. Na sensibilidade, a capacidade do ânimo de ser afetado se chama sensibilidade (receptividade). O efeito
exercido pelo objeto, a matéria da sensibilidade, se chama sensação. Do lado do entendimento, a capacidade
de determinar o objeto, isto é, de produzir representações por si mesmo se chama entendimento, a faculdade
dos conceitos.
III. A relação com o objeto mediante a sensação chama-se pura (a priori), ao passo que a relação com o objeto
mediante as categorias do entendimento se chama empírica (a posteriori).
IV. O objeto indeterminado (do ponto de vista conceitual) de uma intuição empírica é o fenômeno. O objeto
(Gegenstand) como fenômeno determinado pelo entendimento se chama objeto (Objetk).
V. Na faculdade da sensibilidade, as formas puras da intuição são as categorias, ao passo que na faculdade
do entendimento, os seus conceitos puros são o espaço e o tempo.
“Todos os homens, por natureza, tendem ao saber. Sinal disso é o amor pelas sensações. De fato, eles
amam as sensações por si mesmas, independente da sua utilidade e amam, acima de todas, a sensação da
visão”. In: ARISTÓTELES. Metafísica. Trad. Marcelo Perine. São Paulo: Edições Loyola, 2002, p.4
Analise as proposições abaixo.
I. Segundo Aristóteles, o mundo que pensamos observar à nossa volta é uma mera ilusão, pois a verdadeira
realidade está oculta de nossos sentidos e só pode ser conhecida através da razão.
II. De acordo com Galileu, as cores são dependentes da mente e relativa a quem percebe, ou seja, não é em
absoluto uma característica dos objetos externos, ou melhor, existe em nossas mentes.
III. Pelo fato de a extensão constituir a natureza do corpo e o que é extenso poder ser dividido em várias partes,
representando com isto um defeito, Descartes conclui que Deus não é um corpo.
IV. Os objetos físicos estão além das ideias. É o que pressupõe Berkeley, afinal um objeto físico tal como uma
cadeira não existe apenas na mente de quem observa.
V. É através de entidades mentais chamadas de ideias, que Locke acreditava que experimentamos o mundo
físico indiretamente.
“Se desejarmos compreender o essencial da Técnica, não devemos partir da técnica da era mecanicista
e ainda menos da enganadora noção segundo a qual é finalidade da técnica a concepção de utensílios e
máquinas”. In: SPENGLER, Oswald. O homem e a técnica. 2ed. Trad. João Botelho. Lisboa: Guimarães
Editores, 1993, p.39
Analise as proposições abaixo.
I. Para Spengler, a técnica é um fenômeno estritamente humano.
II. Conforme o filósofo Martin Heidegger, a técnica de máquinas até agora é o fenômeno mais visível da
essência da técnica moderna, a qual é idêntica à essência da metafísica moderna.
III. Habermas e Marcuse partilham da mesma perspectiva em relação à técnica, pois ambos creem que a
superação da técnica está no âmbito do trabalho e das relações de produção.
IV. Para Heidegger, a técnica tradicional e a técnica moderna são formas de desencobrimento.
V. Para Ortega y Gasset, entre a pedra usada pelo homem primitivo e a máquina mais moderna há uma
diferença de qualidade, não de grau.
A negação da afirmação condicional “se Hannah viajar, Heidegger vai viajar” é:
Considerando a tendência pedagógica liberal tecnicista, é falso afirmar que:
A partir da constatação do trabalho como práxis humana que possibilita criar e recriar, não apenas no plano
econômico, mas no âmbito da arte e da cultura, da linguagem e dos símbolos, do mundo humano como
resposta às suas múltiplas e históricas necessidades “[...] é que o trabalho se constitui em direito e dever e
engendra um princípio formativo ou educativo (FRIGOTTO, 2012). Assim sendo, podemos afirmar que:
I. O trabalho como princípio educativo é uma técnica didática ou metodológica no processo de aprendizagem,
sem relação com o princípio ético-político.
II. A pedagogia das competências constitui-se em um aparato ideológico que sustenta a concepção do trabalho
enquanto princípio educativo.
III. Da compreensão do trabalho como princípio educativo deriva a ideia de que é fundamental socializar, desde
a infância, o princípio de que a tarefa de prover a subsistência, e outras esferas da vida pelo trabalho, é
comum a todos os seres humanos, evitando-se, desta forma, criar indivíduos ou grupos que exploram e
vivem do trabalho de outros.
IV. O trabalho como princípio educativo surge do fato de que todos os seres humanos são seres da natureza e,
portanto, têm a necessidade de alimentar-se, proteger-se das intempéries e criar seus meios de vida.
São afirmações corretas
As organizações de ensino e educacionais que tenham o objetivo de reproduzir a lógica da competição e das
regras do mercado buscam a instalação de uma prática de ensino que valoriza a concorrência e a eficiência
dos resultados. Essas organizações podem ser caracterizadas através:
I. Da atenção à eficiência dos alunos em relação à qualidade, ao desempenho e às necessidades básicas da
aprendizagem.
II. Da supervalorização de algumas disciplinas, tais como Matemática e Ciências, em virtude da sua
importância para um país em desenvolvimento tecnológico.
III. Do repasse das obrigações do poder público às empresas e à comunidade.
IV. Da ênfase e criação de sistemas de avaliação de controle dos resultados educacionais.
V. Do estabelecimento de formas inovadoras de treinamento de professores.
São afirmativas corretas:
O planejamento é definido como um processo de previsão de necessidades e racionalização de emprego dos meios materiais e dos recursos humanos disponíveis, a fim de alcançar objetivos concretos, em prazos determinados e em etapas definidas. Em relação ao planejamento educacional, é correto afirmar que:
Melisso de Samos sistematizou a doutrina eleática com uma prosa clara e procedente com rigor
dedutivo, corrigindo-a também em alguns pontos: em primeiro lugar, afirmou que o ser devia ser
infinito (e não finito, como dizia Parmênides) porque não tem limites temporais nem espaciais e
porque, se fosse finito, deveria limitar-se com o vazio, quer dizer, com um não-ser, o que é
impossível. Na medida em que é infinito, o ser é, também, necessariamente uno. Além desta
discordância de Melisso em relação a Parmênides, também se pode afirmar deste filósofo de
Samos:
I. Outro ponto no qual Melisso de Samos retificou a Parmênides consiste na eliminação total da esfera da
opinião, mediante uma reflexão de notável audácia especulativa.
II. Melisso afirmava que as múltiplas coisas, das que os sentidos parecem dar testemunho, existiriam na
realidade e nosso conhecimento sensível seria veraz, com uma condição: cada uma destas coisas haveria de
permanecer sempre tal como se nos apareceu a primeira vez, isto é, com a condição de que cada coisa
permanecesse sempre idêntica e imutável como o Ser-Uno.
III. Sobre a base mesma do nosso conhecimento empírico, constatamos que as múltiplas coisas que são
objeto de percepção sensível nunca permanecem idênticas: modificam-se, alternam-se, corrompem-se
continuamente, de maneira muito diferente ao que exigiria o estatuto do ser e da verdade. Em consequência,
há uma contradição entre o que, por um lado, reconhece a razão como condição absoluta do ser e da verdade
e, por outro lado, o que testemunham os sentidos e a experiência.
IV. Melisso afrontou decididamente as refutações elaboradas pelos adversários e os intentos de ridicularizar a
Parmênides. O procedimento que utilizou consistia em demonstrar que as consequências derivadas dos
argumentos construídos para refutar a Parmênides eram ainda mais contraditórias e ridículas que as teses que
pretendiam rechaçar. Ele descobriu, com isso, a refutação da refutação, vale dizer, a demonstração mediante
o absurdo.
V. Melisso elimina a contradição mediante a negação da validade dos sentidos e do que os sentidos
proclamam (em essência, porque os sentidos proclamam o não-ser), em exclusivo benefício do que proclama
a razão. A única realidade, pois, consiste no Ser-Uno: o hipoteticamente múltiplo só poderia existir se fosse
como Ser-Uno. Se os muitos existissem, deveria ser cada um como é o Uno.
O estudo da História da Filosofia revela certo lugar comum de raciocínio entre os sofistas, Sócrates,
os socráticos e a medicina hipocrática. Este lugar é a descoberta do homem como ponto de partida
da reflexão. Ainda que estes grupos de pensadores tenham apresentado teorias muito distintas e,
muitas das vezes, opostas, o homem é, sem dúvida, o elemento fundamental de suas produções
filosóficas. Identifique o que não pertence ao modo socrático de apresentar sua filosofia.
I.Para Sócrates, a finalidade prática de sua doutrina tem um aspecto notavelmente positivo: graças a ele, o
problema educativo e o afã pedagógico passam a primeiro plano e assumem um novo significado. Sócrates se
torna um divulgador da ideia segundo a qual a virtude não depende da nobreza do sangue e do nascimento,
mas que se baseia no saber, assim se compreende porque, para Sócrates, a indagação da verdade estava
necessariamente ligada a sua difusão.
II. De Sócrates se destacava o aspecto errante de sua filosofia e o não respeitar o apego a sua própria cidade,
que para outros gregos era uma espécie de dogma ético. Neste sentido, Sócrates compreendeu que os estreitos
limites da polis já não tinham razão de ser, convertendo-se sua filosofia em portadora de demandas panhelênicas
e mais que cidadão de uma só cidade, sentiu-se cidadão da Hélade.
III. Sócrates ensinava a fortalecer o argumento mais débil que houvesse. Isto não quer dizer que Sócrates
ensinasse a injustiça e a iniquidade em vez da justiça ou da retidão, e sim, simplesmente que ensinava a
maneira em que – técnica e metodologicamente – era possível afiançar e conseguir a vitória do argumento que
em uma discussão em certas circunstâncias determinadas, pudesse resultar mais débil.
IV. Para Sócrates, o ser não pode ser cognoscível. Na busca de provar esta afirmação, Sócrates diz que há
coisas pensadas que não existem e coisas não pensadas que existem, o que prova, pois que há uma ruptura
entre ser e pensar. Na suposição de que fosse pensável, o ser resultaria impensável.
V. Foi deveras original a interpretação de Sócrates sobre os deuses: estes são a encarnação do útil e do
vantajoso: “Os antigos consideraram como deuses em virtude da vantagem que dele se emanava, ao sol, à lua,
às fontes e, em geral, a todas as forças que nos servem para viver, como, por exemplo, o Nilo, no caso dos
egípcios.”
De modo geral os padres, latinos anteriores a Agostinho se sentiram pouco atraídos pela filosofia e,
quando se ocuparam dela, não criaram ideias verdadeiramente novas. Os primeiros apologistas
tiveram uma formação jurídico-retórica ao passo que, para outros pensadores latinos, prevaleceram
os interesses estritamente teológicos e pastorais. Identifique o que há de verdade no que se diz
abaixo sobre os pensadores latinos.
I. O primeiro escrito apologético é de Octávio de Minucio Felix, para o qual interessam as coincidências entre
os filósofos gregos e o cristianismo. Ele afirma que os filósofos gregos asseveram as mesmas coisas que são
cridas pelos cristãos, mas isso não significa que os cristãos tenham seguido os passos dos gregos, mas
porque eles se deixaram conduzir por um distante vislumbre que brilhou diante de seus olhos, graças à
predicação dos profetas sobre a divindade.
II. Tertuliano afirmou que existe uma semelhança fundamental entre os filósofos e os cristãos: “existe uma
semelhança fundamental entre o filósofo e o cristão: ambos são candidatos ao céu, ambos abominam a fama
terrena e a venda de palavras, ambos custodiam a verdade.” Sendo assim, Tertuliano afirma que tanto em
Atenas quanto em Jerusalém se busca a verdade com simplicidade de coração.
III. Tertuliano se mostra partidário da ontologia estóica. Para ele, o ser é corpo (nihil enim, si non corpus, nihil
est incorporale, nisi quod non est). Para Tertuliano, Deus é corpo, ainda que sui generis, do mesmo modo que
é alma, também é corpo.
IV. A filosofia mosaica de Ambrósio implicou na aquisição de novos conceitos ignorados pelo pensamento
grego, começando pela noção de criação que é formulada pela primeira vez de um modo sistemático: Deus
cria a matéria do nada e logo imprime nela a forma; para criar o mundo físico, Deus cria previamente o cosmos
inteligível (as ideias) como modelo ideal, e este cosmos inteligível não é mais que o Logos de Deus no ato de
formar o mundo.
V. O eixo central da filosofia de Cipriano é a noção de Logos, entendida em um triplo sentido: (A ) princípio
criador do mundo; (B ) princípio de qualquer forma de sabedoria, que inspirou aos profetas e aos filósofos; (C )
princípio de salvação (Logos Encarnado).
Diferentemente de Aristóteles, que tinha por preocupação buscar conhecer o que o homem
encontra, Kant busca tratar da própria “possibilitação” do encontro conforme ele seja mediado pela
subjetividade humana. Isto é o cerne da reviravolta copernicana do pensar que apresenta uma nova
configuração para a ciência primeira. A proposta kantiana acerca do conhecimento humano não é
mais a pergunta pelo ente enquanto ente, mas como tematização da subjetiva humana: buscando as
condições de possibilidades de todo o pensar, este é o cerne do pensamento crítico de Immanuel
Kant. Analise os itens abaixo e destaque entre eles o que pertence ao Filósofo de Königsberg.
I. “... o espaço e o tempo são apenas formas da intuição sensível, isto é, somente condições da existência
das coisas como fenômenos e que, além disso, não possuímos conceitos do entendimento e, portanto,
tampouco elementos para o conhecimento das coisas senão quando nos pode ser dada a intuição
correspondente a esses conceitos”.
II. “Não podemos ter conhecimento de nenhum objeto, enquanto coisa em si, mas tão somente como objeto
da intuição sensível (...); de onde deriva, em consequência, a restrição de todo o conhecimento especulativo
da razão aos simples objetos da experiência”.
III. “Para conhecer um objeto é necessário poder provar a sua possibilidade (seja pelo testemunho da
experiência a partir da sua realidade, seja a priori pela razão) Mas posso pensar no que quiser desde que não
entre em contradição comigo mesmo, isto é, desde que o meu conceito seja um pensamento possível, embora
não possa responder que, no conjunto de todas as possibilidades, a esses conceito corresponda ou não
também um objeto.”
IV. “Portanto, a primeira e mais importante tarefa da filosofia consistirá em extirpar de uma vez para sempre a
busca de conhecimentos que tomem por base qualquer influência nefasta da experiência e da razão pura,
agindo dessa forma, ao contrário do que pensa Hume, estaremos estancando a fonte dos erros”.
V. “A crítica não se opõe ao procedimento dogmático da razão no seu conhecimento puro, enquanto ciência
(pois esta é sempre dogmática, isto é, estritamente demonstrativa, baseando-se em princípios a priori
seguros), mas sim ao dogmatismo, quer dizer à presunção de seguir por diante apenas com um conhecimento
puro por conceito (...). O dogmatismo é, pois o procedimento dogmático da razão sem uma crítica prévia da
sua própria capacidade.”
O filósofo Martin Heidegger inaugurou, com sua obra Ser e Tempo (1927), um vocabulário próprio a fim
de desenvolver o projeto da analítica existencial, qual, por sua vez, necessitou se libertar da linguagem
viciada da filosofia tradicional para realização do seu empreendimento ontológico-fenomenológico.
Identifique qual(is) destas citações são de autoria e/ou caracterizam o pensamento de Heidegger.
I. “O ser é sempre o ser de um ente”.
II.“Um ente só poderá tocar um outro ente simplesmente dado dentro do mundo se, por natureza, tiver o modo do
ser-em, se, com sua pre-sença, já se lhe houver sido descoberto um mundo”.
III.“Mundanidade é um conceito ontológico e significa a estrutura de um momento constitutivo do ser-no-mundo.”
IV.“O homem se mostra como um ente que é no discurso”.
V.“O modo de ser da abertura se forma na disposição, compreensão e discurso. O modo de ser cotidiano da
abertura se caracteriza pelo falatório, curiosidade e ambiguidade.”
“A metafísica funda uma era, na medida em que, através de uma determinada interpretação do ente e
através de uma determinada concepção da verdade, lhe dá o fundamento de sua figura essencial. Este
fundamento domina por completo todos os fenômenos que distinguem essa era”. In: HEIDEGGER, Martin.
Caminhos de floresta. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 2002, p.97
Analise as proposições abaixo.
I. A história da metafísica pode ser dividida em três grandes períodos: período que vai de Platão e Aristóteles
(séculos IV e III a.C.) até David Hume (séc. XVIII d.C.); período que vai de Kant (séc. XVIII) até a
fenomenologia de Husserl (séc. XX); metafísica ou ontologia contemporânea, a partir dos anos 20 do século
XX.
II. A ontologia contemporânea em vez de oferecer uma explicação causal da realidade, é uma descrição das
estruturas do mundo e do nosso pensamento, a exemplo das obras de Martin Heidegger (Ser e Tempo) e de
Jean-Paul Sartre (O Ser e o Nada).
III. O corta-papel é, por exemplo, simultaneamente, um objeto que é produzido de certa maneira e que, por outro
lado, tem uma utilidade definida: seria impossível imaginarmos um homem que produzisse um corta-papel sem
saber para que tal objeto fosse servir. Este é um exemplo propriamente sartreano para caracterizar como a
essência pode preceder a existência.
IV. O homem, tal como o existencialista o concebe, só não é passível de uma definição porque, de início, não é
nada: só posteriormente será alguma coisa e será aquilo que ele fizer de si mesmo.
V. Para os existencialistas, não existe natureza humana, já que não existe um Deus para concebê-la, pois a
existência precede a essência.
Uma sentença logicamente equivalente a “Se Vânia é bonita, então Carla é feia” é: