O estudo da História da Filosofia revela certo lugar comum de raciocínio entre os sofistas, Sócrates,
os socráticos e a medicina hipocrática. Este lugar é a descoberta do homem como ponto de partida
da reflexão. Ainda que estes grupos de pensadores tenham apresentado teorias muito distintas e,
muitas das vezes, opostas, o homem é, sem dúvida, o elemento fundamental de suas produções
filosóficas. Identifique o que não pertence ao modo socrático de apresentar sua filosofia.
I.Para Sócrates, a finalidade prática de sua doutrina tem um aspecto notavelmente positivo: graças a ele, o
problema educativo e o afã pedagógico passam a primeiro plano e assumem um novo significado. Sócrates se
torna um divulgador da ideia segundo a qual a virtude não depende da nobreza do sangue e do nascimento,
mas que se baseia no saber, assim se compreende porque, para Sócrates, a indagação da verdade estava
necessariamente ligada a sua difusão.
II. De Sócrates se destacava o aspecto errante de sua filosofia e o não respeitar o apego a sua própria cidade,
que para outros gregos era uma espécie de dogma ético. Neste sentido, Sócrates compreendeu que os estreitos
limites da polis já não tinham razão de ser, convertendo-se sua filosofia em portadora de demandas panhelênicas
e mais que cidadão de uma só cidade, sentiu-se cidadão da Hélade.
III. Sócrates ensinava a fortalecer o argumento mais débil que houvesse. Isto não quer dizer que Sócrates
ensinasse a injustiça e a iniquidade em vez da justiça ou da retidão, e sim, simplesmente que ensinava a
maneira em que – técnica e metodologicamente – era possível afiançar e conseguir a vitória do argumento que
em uma discussão em certas circunstâncias determinadas, pudesse resultar mais débil.
IV. Para Sócrates, o ser não pode ser cognoscível. Na busca de provar esta afirmação, Sócrates diz que há
coisas pensadas que não existem e coisas não pensadas que existem, o que prova, pois que há uma ruptura
entre ser e pensar. Na suposição de que fosse pensável, o ser resultaria impensável.
V. Foi deveras original a interpretação de Sócrates sobre os deuses: estes são a encarnação do útil e do
vantajoso: “Os antigos consideraram como deuses em virtude da vantagem que dele se emanava, ao sol, à lua,
às fontes e, em geral, a todas as forças que nos servem para viver, como, por exemplo, o Nilo, no caso dos
egípcios.”