No poema Procura da poesia, Carlos Drummond de
Andrade expressa a concepção estética de se fazer com
palavras o que o escultor Michelângelo fazia com
mármore. O fragmento abaixo exemplifica essa afirmação.
(...)
Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
(...)
Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:
trouxeste a chave?
Carlos Drummond de Andrade. A rosa do povo.
Rio de Janeiro: Record, 1997, p. 13-14
Esse fragmento poético ilustra o seguinte tema
constante entre autores modernistas:
No poema de Bandeira, importante representante da
poesia modernista, destaca-se como característica da
escola literária dessa época
Explorando a função emotiva da linguagem, o poeta expressa o contraste entre marcas de variação de usos da linguagem em
Depois de um bom jantar: feijão com carne-seca,
orelha de porco e couve com angu, arroz-mole
engordurado, carne de vento assada no espeto, torresmo
enxuto de toicinho da barriga, viradinho de milho verde e
um prato de caldo de couve, jantar encerrado por um prato
fundo de canjica com torrões de açúcar, Nhô Tomé
saboreou o café forte e se estendeu na rede. A mão direita
sob a cabeça, à guisa de travesseiro, o indefectível cigarro
de palha entre as pontas do indicador e do polegar,
envernizados pela fumaça, de unhas encanoadas e
longas, ficou-se de pança para o ar, modorrento, a olhar
para as ripas do telhado.
Quem come e não deita, a comida não aproveita,
pensava Nhô Tomé... E pôs-se a cochilar. A sua modorra
durou pouco; Tia Policena, ao passar pela sala, bradou
assombrada:
— Êêh! Sinhô! Vai drumi agora? Não! Num
presta... Dá pisadêra e póde morrê de ataque de cabeça!
Despois do armoço num far-má... mais despois da janta?!”
Cornélio Pires. Conversas ao pé do fogo. São Paulo:
Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 1987
Nesse trecho, extraído de texto publicado originalmente em
1921, o narrador
O primitivismo observável no poema acima, de Oswald de
Andrade, caracteriza de forma marcante