Sem flecha, na rima
O grupo de rap Brõ MCs, criado no final de 2009, é formado pelos pares de irmãos (daí o "bro", de brother) Bruno/Clemerson e Kelvin/Charles, jovens que cresceram ouvindo hip hop nas rádios da aldeia Jaguapiru Bororo, em Dourados, Mato Grosso do Sul.
— Desde o começo a gente não queria impor uma cultura estranha que invadisse a cultura indígena —afirma o produtor, chamando a atenção para o grande destaque do Brõ MCs: as letras em língua indígena. Expressar-se em língua originária e fazer com que os jovens indígenas percebam a vitalidade do idioma nativo é uma das motivações do grupo.
A dificuldade maior vem dos críticos, que não aceitam o fato de que a cultura indígena é dinâmica e sempre incorpora novidades.
— "Mas índio cantando rap?", tem gente que questiona. O rap é de quem canta, é de quem gosta, não é só dos americanos — avalia Dani [o vocal feminino].
BONFIM, E. Revista Língua Portuguesa, n. 81, jul. 2012 (adaptado).
Considerando-se as opiniões apresentadas no texto, a indagação "Mas índio cantando rap?" traduz um ponto de vista que evidencia
Sermão da Sexagésima
Nunca na Igreja de Deus houve tantas pregações, nem tantos pregadores como hoje. Pois se tanto se semeia a palavra de Deus, como é tão pouco o fruto? Não há um homem que em um sermão entre em si e se resolva, não há um moço que se arrependa, não há um velho que se desengane. Que é isto? Assim como Deus não é hoje menos onipotente, assim a sua palavra não é hoje menos poderosa do que dantes era. Pois se a palavra de Deus é tão poderosa; se a palavra de Deus tem hoje tantos pregadores, por que não vemos hoje nenhum fruto da palavra de Deus? Esta, tão grande e tão importante dúvida, será a matéria do sermão. Quero começar pregando-me a mim. A mim será, e também a vós; a mim, para aprender a pregar; a vós, que aprendais a ouvir.
VIEIRA, A. Sermões Escolhidos, v. 2 . São Paulo: Edameris, 1965
No Sermão da sexagésima, padre Antõnio Vieira questiona a eficácia das pregações. Para tanto, apresenta como estratégia discursiva sucessivas interrogações, as quais têm por objetivo principal
Há o hipotrélico. O termo é novo, de impensada origem e ainda sem definição que lhe apanhe em todas as pétalas o significado. Sabe-se, só, que vem do bom português. Para a prática, tome-se hipotrélico querendo dizer: antipodático, sengraçante imprizido; ou talvez, vice-dito: indivíduo pedante, importuno agudo, falta de respeito para com a opinião alheia. Sob mais que, tratando-se de palavra inventada, e, como adiante se verá, embirrando o hipotrélico em não tolerar neologismos, começa ele por se negar nominalmente a própria existência.
ROSA, G. Tutameia: terceiras estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001 (fragmento).
Nesse trecho de uma obra de Guimarães Rosa, depreende-se a predominância de uma das funções da linguagem, identificada como

Essa propaganda visa convencer as mães de que o canal de televisão é adequado aos seus filhos. Para tanto, o locutor dirige-se ao interlocutor por meio de estratégias argumentativas de
E-mail no ambiente de trabalho
T. C., consultor e palestrante de assuntos ligados ao mercado de trabalho, alerta que a objetividade, a organização da mensagem, sua coerência e ortografia são pontos de atenção fundamentais para uma comunicação virtual eficaz.
E, para evitar que erros e falta de atenção resultem em saias justas e situações constrangedoras, confira cinco dicas para usar o e-mail com bom senso e organização:
1- Responda às mensagens imediatamente após recebê-las.
2- Programe sua assinatura automática em todas as respostas e encaminhamentos.
3- Ao final do dia, exclua as mensagens sem importãncia e arquive as demais em pastas previamente definidas.
4- Utilize o recurso de "confirmação de leitura" somente quando necessário.
5- Evite mensagens do tipo "corrente".
Disponível em: http://noticias.uol.com.br. Acesso em: 30 jul. 2012 (fragmento).
O texto apresenta algumas sugestões para o leitor. Esse caráter instrucional é atribuído, principalmente, pelo emprego
Óia eu aqui de novo xaxando
Óia eu aqui de novo para xaxar
Vou mostrar pr'esses cabras
Que eu ainda dou no couro
Isso é um desaforo
Que eu não posso levar
Que eu aqui de novo cantando
Que eu aqui de novo xaxando
Óia eu aqui de novo mostrando
Como se deve xaxar.
Vem cá morena linda
Vestida de chita
Você é a mais bonita
Desse meu lugar
Vai, chama Maria, chama Luzia
Vai, chama Zabé, chama Raque
Diz que eu tou aqui com alegria.
BARROS, A. Óia eu aqui de novo. Disponível em: WWW.luizgonzaga.mus.br.
Acesso em: 5 maio 2013 (fragmento).
A letra da canção de Antônio de Barros manifesta aspectos do repertório linguístico e cultural do Brasil. O verso que singulariza uma forma característica do falar popular regional é:
TEXTO I
Ditado popular é uma frase sentenciosa, concisa de verdade comprovada, baseada na secular experiência do povo, de exposta de forma poética, contendo uma norma de conduta ou qualquer outro ensinamento.
TEXTO II
Rindo brincalhona, dando–lhe tapinha nas costas, prima Constança disse isto, dorme no assunto, ouça o travesseiro, não tem melhor conselheiro.
Enquanto prima Biela dormia no assunto, toda a casa se alvoroçava.
[Prima Constança] ia rezar, pedir a Deus para iluminar prima Biela. Mas ia também tomar suas providências. Casamento e mortalha, no céu se talha. Deus escreve direito por linhas tortas. O que for soará. Dizia os ditados de todos, procurando interpretar os desígnios de Deus, transformar os seus desejos nos desígnios de Deus. Se achava um instrumento de Deus.
O uso que prima Constança faz dos ditados populares, no Texto II, constituiu uma maneira de utilizar o tipo de saber definido no Texto 1, porque
Os meios de comunicação podem contribuir para a resolução de problemas sociais, entre os quais o de violência sexual infantil. Nesse sentido, a propaganda usa a metáfora do pesadelo para
O Brasil é Sertanejo
Que tipo de música simboliza o Brasil? Eis uma
questão discutida há muito tempo que desperta opiniões
extremadas. Há fundamentalistas que desejam impor ao
público um tipo de som nascido das raízes socioculturais
do país. O samba. Outros, igualmente, nacionalistas,
desprezam tudo aquilo que não tem estilo. Sonham com
o império da MPB de Chico Buarque e Caetano Veloso.
Um terceiro grupo, formado por gente mais jovem, escuta
e cultiva apenas a música internacional, em todas as
vertentes. E mais ou menos ignora o resto.
A realidade dos hábitos musicais do brasileiro agora
Está claro, nada tem a ver com esses estereótipos.
O gênero que encanta mais da metade do país é o
Sertanejo, seguido de longe pela MPB e pelo pagode.
Outros gêneros em ascensão, sobretudo entre as classes
C, D e E, são o funk e o religioso, em especial o gospel.
Rock e música eletrônica são músicas de minoria.
É o que demonstra uma pesquisa pioneira feita entre
agosto de 2012 e agosto de 2013 pelo Instituto Brasileiro
de Opinião Pública e Estatística (Ibope). A pesquisa Tribos
musicais — o comportamento dos ouvintes de rádio sob
uma nova ótica faz um retrato do ouvinte brasileiro e traz
algumas novidades. Para quem pensava que a MPB e o
samba ainda resistiam como baluartes da nacionalidade,
uma má notícia: os dois gêneros foram superados em
popularidade. O Brasil moderno não tem mais o perfil
sonoro dos anos 1970, que muitos gostariam que se
eternizasse. A cara musical do país agora é outra.
O texto objetiva convencer o leitor de que a configuração da preferência musical dos brasileiros não é mais a mesma dos anos 1970. A estratégia de argumentação para comprovar essa posição basei(A)se no (a)
O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.
ROSA, J. G. Grande sertão: veredas. Rio de Janeiro. Nova Fronteira, 1988.
No romance Grande sertão: veredas, o protagonista Riobaldo narra sua trajetória de jagunço. A leitura do trecho permite identificar que o desabafo de Riobaldo se aproxima de um (a)
Blog é concebido como um espaço onde o blogueiro
é livre para expressar e discutir o que quiser na atividade
da sua escrita, com a escolha de imagens e sons que
compõem o todo do texto veiculado pela internet, por
meio dos posts. Assim, essa ferramenta deixa de ter
como única função a exposição de vida e/ou rotina de
alguém – como em um diário pessoal –, função para
qual serviu inicialmente e que o popularizou, permitindo
também que seja um espaço para a discussão de ideias,
trocas e divulgação de informações.
A produção dos blogs requer uma relação de troca,
Que acaba unindo pessoas em torno de um ponto de
Interesse comum. A força dos blogs está em possibilitar
Que qualquer pessoa, sem nenhum conhecimento técnico,
Publique suas ideias e opiniões na web e que milhões de
outras pessoas comentários sobre o que foi
escrito, criando um grande debate aberto a todos.
De acordo com o texto, o blog ultrapassou sua função
Inicial e vem se destacando como
O seu cérebro é capaz de quase qualquer coisa. Ele consegue parar o tempo, ficar vários dias numa boa sem dormir, ler pensamentos, mover objetos a distância e se reconstruir de acordo com a necessidade. Parecem superpoderes de histórias em quadrinhos, mas são apenas algumas das descobertas que os neurocientistas fizeram ao longo da última década. Algumas dessas façanhas sempre fizeram parte do seu cérebro e só agora conseguimos perceber. Outras são fruto da ciência: ao decifrar alguns mecanismos da nossa mente, os pesquisadores estão encontrando maneiras de realizar coisas que antes pareciam impossíveis. O resultado é uma revolução como nenhuma outra, capaz de mudar não só a maneira como entendemos o cérebro, mas também a imagem que fazemos do mundo, da realidade e de quem somos nós. Siga adiante e entenda o que está acontecendo (e aproveite que, segundo uma das mais recentes descobertas, nenhum exercício para o seu cérebro é tão bom quanto a leitura).
KENSKI, R. A revolução do cérebro. Superinteressante, ago. 2006
Nessa introdução de uma matéria de popularização da ciência, são usados recursos linguísticos que estabelecem interação com o leitor, buscando envolvê-lo.
Desses recursos, aquele que caracteriza a persuasão pretendida de forma mais incisiva se dá pelo emprego
Antiga viola
A minha antiga viola
Feita de pau de pinhero
É minha eterna lembrança
Do meu tempo de violero
A saudade dos fandango
Do meu sertão brasilero.
O recortado e catira
Faiz lembrá dos mutirão
O xote alembro as gaúchas
O churrasco no galpão
As moda de viola é triste
Faiz chorá quem tem paixão.
O baião é lá do Norte Paulista é o cateretê
Quando escuto Cana-Verde
Alembro de Tietê
Numa festa do Divino
Que me encontrei com você.
A valsa é uma serenata
Na janela das morena
O rasqueado faiz lembrá
O cantar das siriema
Do tempo de boiadero
Nas madrugada serena.
Cantei muitos desafio
Já fui cabra fandanguero
Na congada já fui rei
Em todo sertão minero
Hoje só canto a saudade
Do folclore brasilero. TONICO E TINOCO.
Cantando para o Brasil, 1963
Disponível em: http://letras.terra.com.br. Acesso em: 24 set. 2011
A letra da música de Tonico e Tinoco revela que, entre tantas funções da língua, ela contribui para a preservação da identidade nacional sertaneja.
No texto, o que caracteriza linguisticamente essa identidade?
"Um programa de inclusão digital com foco na redução de preços favorece mais a indústria do que os usuários. Dizer que preços baixos podem ajudar na resolução do problema é como afirmar que um indivíduo estará alfabetizado quando ganhar uma caneta. Será que uma questão tão abrangente pode ser resolvida com micros mais baratos?" No Brasil há cinco meses, onde trabalha como professor visitante da UFBA (Universidade Federal da Bahia), Roberto Aparici defende a inclusão com foco na alfabetização digital — só assim, as pessoas saberão como tirar o melhor proveito da tecnologia. "A informática, por si só, não transforma vidas. É necessário que as pessoas vejam a internet como uma ferramenta que melhore seu trabalho, sua vida pessoal. Para isso, elas precisam ser ensinadas com uma metodologia que inclua processos mais complexos do que o uso do teclado e do mouse", diz. CARPANEZ, J. Disponível em: www1.folha.uol.com.br. Acesso em: 2 dez. 2012 (fragmento).
A leitura do texto evidencia que, para convencer o leitor a respeito das ideias apresentadas sobre a inclusão digital, o autor
Resumo Gerou os filhos, os netos,
Deu à casa o ar de sua graça
e vai morrer de câncer.
O modo como pousa a cabeça para um retrato
é o da que, afinal, aceitou ser dispensável.
Espera, sem uivos, a campa, a tampa, a inscrição: 1906-1970
SAUDADE DOS SEUS, LEONORA.
PRADO, A. Bagagem. Rio de Janeiro: Record, 2007
O texto de Adélia Prado apresenta uma mulher cuja vida se "resume". Sua expressão poética revela