Quando quis agilizar o processo de seleção de novos alunos, a tradicional faculdade britânica de medicina St. George usou um software para definir quem deveria ser entrevistado. Ao reproduzir a forma como os funcionários faziam essa escolha, o programa eliminou, de cara, 60 de 2 000 candidatos. Só por causa do sexo ou da origem racial, numa dedução baseada em sobrenome e local de nascimento. Um estudo sobre o caso foi publicado em 1988, mas, 25 anos depois, outra pesquisa apontou que esse tipo de discriminação segue firme. O exemplo recente envolve o buscador do Google: ao digitar nomes comuns entre negros dos EUA, a chance de os anúncios automáticos oferecerem checagem de antecedentes criminais pode aumentar 25%. E pode piorar com a pergunta “detido?” logo após a palavra procurada.
Disponível em: https://tab.uol.com.br. Acesso em: 11 ago. 2017 (adaptado).
O texto permite o desnudamento da sociedade ao relacionar as tecnologias de informação e comunicação com o(a)
Mulheres naturalistas raramente figuraram na corrida por conhecer terras exóticas. No século XIX, mulheres como Lady Charlotte Canning eventualmente coletavam espécimes botânicos, mas quase sempre no papel de esposas coloniais, viajando para locais onde seus maridos as levavam e não em busca de seus próprios projetos científicos.
SOMBRIO, M. M. O. Em busca pelo campo — Mulheres em expedições científicas
no Brasil em meados do século XX. Cadernos Pagu, n. 48, 2016.
No contexto do século XIX, a relação das mulheres com o campo científico, descrita no texto, é representativa da
Considerando o argumento apresentado, a discriminação racial no Brasil tem como origem
Nas últimas décadas, uma acentuada feminização no mundo do trabalho vem ocorrendo. Se a participação masculina pouco cresceu no período pós-1970, a intensificação da inserção das mulheres foi o traço marcante. Entretanto, essa presença feminina se dá mais
no espaço dos empregos precários, onde a exploração, em grande medida, se encontra mais acentuada.
NOGUEIRA, C. M. As trabalhadoras do telemarketing: uma nova divisão sexual do trabalho?In: ANTUNES, R. et al. Infoproletários: degradação real do trabalho virtual.São Paulo: Boitempo, 2009.
A transformação descrita no texto tem sido insuficiente para o estabelecimento de uma condição de igualdade de oportunidade em virtude da(s)
Em nenhuma outra época o corpo magro adquiriu um sentido de corpo ideal e esteve tão em evidência como nos dias atuais: esse corpo, nu ou vestido, exposto em diversas revistas femininas e masculinas, está na moda: é capa de revistas, matérias de jornais, manchetes publicitárias, e se transformou em sonho de consumo para milhares de pessoas. Partindo dessa concepção, o gordo passa a ter um corpo visivelmente sem comedimento, sem saúde, um corpo estigmatizado pelo desvio, o desvio pelo excesso. Entretanto, como afirma a escritora Marylin Wann, é perfeitamente possível ser gordo e saudável. Frequentemente os gordos adoecem não por causa da gordura, mas sim pelo estresse, pela opressão a que são submetidos.
VASCONCELOS, N. A.; SUDO, I.; SUDO, N. Um peso na alma: o corpo gordo e a mídia. Revista Mal-Estar e Subjetividade, n. 1, mar. 2004 (adaptado).
No texto, o tratamento predominante na mídia sobre a relação entre saúde e corpo recebe a seguinte crítica:
A fotografia, datada em 1860,é um indício da cultura escravista no Brasil, ao expressar a
Em que pesem as divergências no interior do clero após a instalação da ditadura civil-militar, o posicionamento mencionado no texto fundamentou-se no entendimento da hierarquia católica de que o(a)
O argumento apresentado no texto permite o questionamento de pressupostos de universalidade e justifica a institucionalização de políticas antirracismo. No Brasil, um exemplo desse tipo de política é a
A favela é vista como um lugar sem ordem, capaz
de ameaçar os que nela não se incluem. Atribuir-lhe a
ideia de perigo é o mesmo que reafirmar os valores e
estruturas da sociedade que busca viver diferentemente
do que se considera viver na favela. Alguns oficiantes
do direito, ao defenderem ou acusarem réus moradores
de favelas, usam em seus discursos representações
previamente formuladas pela sociedade e incorporadas
nesse campo profissional. Suas falas se fundamentam
nas representações inventadas a respeito da favela e
que acabam por marcar a identidade dos indivíduos que
nela residem.
RINALDI, A. Marginais, delinquentes e vítimas: um estudo sobre a representação da categoria
favelado no tribunal do júri da cidade do Rio de Janeiro. In: ZALUAR, A.; ALVITO, M. (Orgs.).
Um século de favela. Rio de Janeiro: Editora FGV, 1998.
O estigma apontado no texto tem como consequência o(a)
O cartum evidencia um desafio que o tema da inclusão social impõe às democracias contemporâneas. Esse desafio exige a combinação entre
TEXTO I
Art. 233 — 0 marido é o chefe da sociedade conjugal, função que exerce com a colaboração da mulher, no interesse comum do casal e dos filhos.
Código Civil, 1916. Disponível em:www.dji.com.br. Acesso em: 02 out. 2011.
TEXTO II
Art. 5° II — no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por lagos
naturais, por afinidade ou por vontade expressa; Parágrafo Onico.
As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual.
Lei Maria da Penha.
Lei n. 11.340 de 07 de agosto de 2006. Disponível em: www.planalto.gov.br. Acesso em: 2 out. 2011 (adaptado).
As leis de um país expressam o processo de mudanças na sociedade. Nessa perspectiva, ao comparar o Código Civil de 1916 e a Lei Maria da Penha,
as mudanças na definição jurídica do conceito de família no Brasil
TEXTO I
É notório que o universo do futebol caracteriza–se
por ser, desde sua origem, um espaço eminentemente
masculino; como esse espaço não é apenas esportivo,
mas sociocultural, os valores nele embutidos e dele
derivados estabelecem limites que, embora nem sempre
tão claros, devem ser observados para a perfeita
manutenção da “ordem", ou da “lógica'" que se atribui ao
jogo e que nele se espera ver confirmada. A entrada das
mulheres em campo subverteria tal ordem, e as reações
daí decorrentes expressam muito bem as relações
presentes em cada sociedade: quanto mais machista, ou
sexista, ela for, mais exacerbadas as suas réplicas.
FRANZINI, F. Futebol é “coisa pra macho"? Pequeno esboço para uma história das mulheres
no país do futebol. Revista Brasileira de História, v. 25, n. 50, jul.–dez. 2005 (adaptado).
TEXTO II
Com o Estado Novo, a circularidade de uma prática
cultural nascida na elite e transformada por sua aceitação
popular completou o ciclo ao ser apropriada pelo Estado
como parte do discurso oficial sobre a nacionalidade.
A partir daí, o Estado profissionalizou o futebol e passou
a ser o grande promotor do esporte, descrito como uma
expressão da nacionalidade. O futebol brasileiro refletiria
as qualidades e os defeitos da nação.
SANTOS, L. C. V. G. O dia em que adiaram o carnaval: política externa e a construção do
Brasil. São Paulo: EdUNESP, 2010.
Os dois aspectos ressaltados pelos textos sobre a história
do futebol na sociedade brasileira são respectivamente:
O texto apresenta um discurso de disciplinarização dos corpos, que tem como consequência
A primeira instituição de ensino brasileira que inclui disciplinas
voltadas ao público LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e
transexuais) abriu inscrições na semana passada. A grade
curricular é inspirada em similares dos Estados Unidos da
América e da Europa. Ela atenderá jovens com aulas de
expressão artística, dança e criação de fanzines. É aberta a
todo o público estudantil e tem como principal objetivo impedir
a evasão escolar de grupos socialmente discriminados.
Época, 11 jan. 2010 (adaptado).
O texto trata de uma política pública de ação afirmativa
voltada ao público LGBT. Com a criação de uma instituição
de ensino para atender esse público, pretende–se