Quem ama inventa. (Mário Quintana)
Quem ama inventa as coisas que ama...
Talvez chegaste quando eu te sonhava.
Então de súbito acendeu-se a chama!
Era a brasa dormida que acordava...
E era um revoo sobre a ruinaria.
Tangidos por uns anjos peregrinos
Cujo dom é fazer ressurreições...
Um ritmo divino? Oh! Simplesmente
O palpitar de nossos corações
Batendo juntos e festivamente
Ou sozinhos, num ritmo tristonho...
Oh! Meu pobre, meu grande amor distante.
Nem sabes tu o bem que faz à gente
Haver sonhado... e ter vivido o sonho!
Leia os itens e assinale a alternativa correta. I - O eu lírico dirige-se à pessoa amada. II - O eu lírico trata seu interlocutor na 2ª pessoa do singular (tu). III - O eu lírico mantém coerência no tratamento que dá ao seu interlocutor, porque ele sempre se dirige tratando-o na 2ª pessoa do singular (tu); a 3ª pessoa do singular é utilizada quando ele se refere ao tema do qual se ocupa, que é o amor. IV - De tanto querer amar ou de tanto amar o amor, o eu lírico sonhou ou inventou um ser amado, e com ele, viveu um sonho de amor. Assim, embora o ser amado não fosse real, o sonho de amor foi realmente vivido. V - As formas verbais “chegaste” (2º verso) e “sabes” (13º verso) estão respectivamente no pretérito perfeito do indicativo e no imperativo afirmativo para dar razão ao que o poeta sentia.
A frase escrita de acordo com a norma-padrão da língua está em:
Leia o texto VI para responder às questões 11 a 14.
Algumas palavras e expressões antigas ou em desuso são facilmente encontradas no texto VI. No entanto, outras ainda são utilizadas nos dias de hoje. Por exemplo, pode-se trocar a expressão “Jogavam verde para colher maduro” (sublinhado nas linhas 9 e 10), por:
Leia o texto VI para responder às questões 11 a 14.
Algumas palavras e expressões antigas ou em desuso são facilmente encontradas no texto VI. No entanto, outras ainda são utilizadas nos dias de hoje. Por exemplo, pode-se trocar a expressão “Jogavam verde para colher maduro” (sublinhado nas linhas 9 e 10), por:
A letra da canção nos passa algumas informações sobre o eu-lírico e sobre a relação com um “você” que chegou e modificou a sua vida. Das suposições abaixo, identifique uma que não se pode afirmar:
Leia o texto.
O GRITO
Não sei o que está acontecendo comigo, diz a paciente para o psiquiatra.
Ela sabe.
Não sei se gosto mesmo da minha namorada, diz um amigo para outro.
Ele sabe.
Não sei se quero continuar com a vida que tenho, pensamos em silêncio.
Sabemos, sim.
Sabemos tudo o que sentimos porque algo dentro de nós grita. Tentamos abafar este grito com conversas tolas,
elucubrações, esoterismo, leituras dinâmicas, namoros virtuais, mas não importa o método que iremos utilizar para
procurar uma verdade que se encaixe nos nossos planos: será infrutífero. A verdade já está dentro, a verdade se
impõe, fala mais alto que nós, ela grita.
Sabemos se amamos ou não alguém, mesmo que esteja escrito que é um amor que não serve, que nos rejeita,
um amor que não vai resultar em nada. Costumamos desviar este amor para outro amor, um amor aceitável, fácil,
sereno. Podemos dar todas as provas ao mundo de que não amamos uma pessoa e amamos outra, mas
sabemos, lá dentro, quem é que está no controle.
A verdade grita. Provoca febres, salta aos olhos, desenvolve úlceras. Nosso corpo é a casa da verdade, lá de
dentro vêm todas as informações que passarão por uma triagem particular: algumas verdades a gente deixa sair,
outras a gente aprisiona. Mas a verdade é só uma: ninguém tem dúvida sobre si mesmo.
Podemos passar anos nos dedicando a um emprego sabendo que ele não nos trará recompensa emocional.
Podemos conviver com uma pessoa mesmo sabendo que ela não merece confiança. Fazemos essas escolhas por
serem as mais sensatas ou práticas, mas nem sempre elas estão de acordo com os gritos de dentro, aquelas
vozes que dizem: vá por este caminho, se preferir, mas você nasceu para o caminho oposto. Até mesmo a
felicidade, tão propagada, pode ser uma opção contrária ao que intimamente desejamos. Você cumpre o ritual
todinho, faz tudo como o esperado, e é feliz, puxa, como é feliz. E o grito lá dentro: mas você não queria ser feliz,
queria viver!
Eu não sei se teria coragem de jogar tudo para o alto.
Sabe.
Eu não sei por que sou assim.
Sabe.
MEDEIROS, M. Montanha Russa. Porto Alegre: L&PM Editores, 2003
O texto trata das “verdades” que, segundo a autora, “gritariam” dentro de cada um nós. Quais são elas?
Leia o texto abaixo.
Gera, degenera
Gera
degenera
Já era
Regenera
Gera
ANTUNES, Arnaldo e SCANDURRA, Edgard. in: SCANDURRA, Edgard. Benzina.
São Paulo: EMI, 199Disponível em:
O tema desse poema é
Leia o texto abaixo para responder as questões 1, 2, 3, e 4:
O HOMEM QUE CONHECEU O AMOR
Do alto de seus oitenta anos, me disse: "na verdade, fui muito amado." E dizia isto com tal plenitude como quem
dissesse: sempre me trouxeram flores, sempre comi ostras à beira-mar.
Não havia arrogância em sua frase, mas algo entre a humildade e a petulância sagrada. Parecia um pintor, que,
olhando o quadro terminado, assina seu nome embaixo. Havia um certo fastio em suas palavras e gestos. Se
retirava de um banquete satisfeito. Parecia pronto para morrer, já que sempre estivera pronto para amar.
Se eu fosse rei ou prefeito teria mandado ergue-lhe uma estátua. Mas, do jeito que falava, ele pedia apenas que
no seu túmulo eu escrevesse: "aqui jaz um homem que amou e foi muito amado". E aquele homem me confessou
que amava sem nenhuma coerção. Não lhe encostei a faca no peito cobrando algo. Ele que tinha algo a me
oferecer. Foi muito diferente daqueles que não confessam seus sentimentos nem mesmo debaixo de um "pau de
arara": estão ali se afogando de paixão, levando choques de amor, mas não se entregam. E, no entanto, bastalhes
a ficha que está tudo lá: traficante ou guerrilheiro do amor.
Uns dizem: casei várias vezes. Outros assinalam: fiz vários filhos. Outro dia li numa revista um conhecido ator
dizendo: tive todas as mulheres que quis. Outros ainda, dizem: não posso viver sem fulana (ou fulano). Na Bíblia
está que Abraão gerou Isaac, Isaac gerou Jacó e Jacó gerou as doze tribos de Israel. Mas nenhum deles disse:
"Na verdade, fui muito amado".
Mas quando do alto de seus oitenta anos aquele homem desfechou sobre mim aquela frase, me senti não apenas
como o homem que quer ser engenheiro como o pai. Senti-me um garoto de quatro anos, de calças curtas, se
dizendo: quando eu crescer quero ser um homem de oitenta anos que diga: "amei muito, na verdade, fui muito
amado." Se não pensasse nisto não seria digno daquela frase que acabava de me ser ofertada. E eu não poderia
desperdiçar uma sabedoria que levou 80 anos para se formar. É como se eu não visse o instante que a lagarta se
transformara em libélula.
Ouvindo-o, por um instante, suspeitei que a psicanálise havia fracassado; que tudo aquilo que Freud sempre
disse, de que o desejo nunca é preenchido, que se o é, o é por frações de segundos, e que a vida é insatisfação e
procura, tudo isto era coisa passada. Sim, porque sobre o amor há várias frases inquietantes por aí... Bilac nos
dizia salomônico: "eu tenho amado tanto e não conheci o amor". O Arnaldo Jabor disse outro dia a frase mais
retumbante desde "Independência ou morte" ao afirmar: "o amor deixa muito a desejar". Ataulfo Alves dizia: "eu era
feliz e não sabia".
Frase que se pode atualizar: eu era amado e não sabia. Porque nem todos sabem reconhecer quando são
amados. Flores despencam em arco-íris sobre sua cama, um banquete real está sendo servido e, sonolento, olha
noutra direção.
Sei que vocês vão me repreender, dizendo: deveria ter nos apresentado o personagem, também o queríamos
conhecer, repartir tal acontecimento. E é justa a reprimenda. Porque quando alguém está amando, já nos
contamina de jasmins. Temos vontade de dizer, vendo-o passar - ame por mim, já que não pode se deter para me
amar a mim. Exatamente como se diz a alguém que esta indo a Europa: por favor, na Itália, coma e beba por mim.
Ver uma pessoa amando é como ler um romance de amor. É como ver um filme de amor. Também se ama por
contaminação na tela do instante. A estória é de outro,
mas passa das páginas e telas para a gente.
Todo jardineiro é jardineiro porque não pode ser flor.
Reconhece-se a 50m um desamado, o carente. Mas reconhece-se a 100m o bem amado. Lá vem ele: sua luz nos
chega antes de suas roupas e pele. Sinos batem nas dobras de seu ser. Pássaros pousam em seus ombros e
frases. Flores estão colorindo o chão em que pisou. O que ama é um disseminador. Tocar nele é colher virtudes. O bem amado dá a impressão de inesgotável. E é o contrário de Átila: por onde passa renascem cidades. O bem amado é uma usina de luz. Tão necessário à comunidade, que deveria ser declarado um bem de utilidade pública. SANT'ANNA, Affonso Romano. O homem que conheceu o amor. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.
O Senhor “Se retirava de um banquete satisfeito” por quê?
Leia o poema Pronminais de Oswald de Andrade.
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da nação brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro
Esse texto poderia ser utilizado em uma aula de
português para fomentar discussões e reflexões
sobre:
Texto 1
Algum tempo hesitei se devia abrir estas
memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria
em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha
morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo
nascimento, duas considerações me levaram a
adotar diferente método: a primeira é que eu não
sou propriamente um autor defunto, mas um
defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a
segunda é que o escrito ficaria assim mais galante
e mais novo. Moisés, que também contou a sua
morte, não a pôs no introito, mas no cabo: diferença
radical entre este livro e o Pentateuco.
Dito isto, expirei às duas horas da tarde de
uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na
minha bela chácara de Catumbi. Tinha uns
sessenta e quatro anos, rijos e prósperos, era
solteiro, possuía cerca de trezentos contos e fui
acompanhado ao cemitério por onze amigos. Onze
amigos! Verdade é que não houve cartas nem
anúncios. Acresce que chovia – peneirava – uma
chuvinha miúda, triste e constante, tão constante e
tão triste, que levou um daqueles fiéis da última
hora a intercalar esta engenhosa ideia no discurso
que proferiu à beira de minha cova: – “Vós, que o
conhecestes, meus senhores, vós podeis dizer
comigo que a natureza parece estar chorando a
perda irreparável de um dos mais belos caracteres
que têm honrado a humanidade. Este ar sombrio,
estas gotas do céu, aquelas nuvens escuras que
cobrem o azul como um crepe funéreo, tudo isso é
a dor crua e má que lhe rói à natureza as mais
íntimas entranhas; tudo isso é um sublime louvor ao
nosso ilustre finado".
(ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás
Cubas. Rio de Janeiro: Companhia José Aguilar Editora,
1971, volume I, p. 513-514.)
Texto 2
Resolvo-me a contar, depois de muita
hesitação, casos passados há dez anos – e, antes
de começar, digo os motivos por que silenciei e por
que me decido. Não conservo notas: algumas que
tomei foram inutilizadas, e assim, com o decorrer do
tempo, ia-me parecendo cada vez mais difícil,
quase impossível, redigir esta narrativa. Além disso,
julgando a matéria superior às minhas forças,
esperei que outros mais aptos se ocupassem dela.
Não vai aqui falsa modéstia, como adiante se verá.
Também me afligiu a ideia de jogar no papel
criaturas vivas, sem disfarces, com os nomes que
têm no registro civil. Repugnava-me deformá-las,
dar-lhes pseudônimo, fazer do livro uma espécie de
romance; mas teria eu o direito de utilizá-las em
história presumivelmente verdadeira? Que diriam
elas se se vissem impressas, realizando atos
esquecidos, repetindo palavras contestáveis e
obliteradas?
(...) Certos escritores se desculpam de não
haverem forjado coisas excelentes por falta de
liberdade − talvez ingênuo recurso de justificar
inépcia ou preguiça. Liberdade completa ninguém
desfruta: começamos oprimidos pela sintaxe e
acabamos às voltas com a Delegacia de Ordem
Política e Social, mas, nos estreitos limites a que
nos coagem a gramática e a lei, ainda nos podemos
mexer.
(RAMOS, Graciliano. Memórias do cárcere. São Paulo:
Record, 1996, volume I, p. 33-34.)
Estão presentes no texto de Machado de Assis os seguintes aspectos:
Texto 3
Uma vez determinado e conhecido o fim, o
gênero se apresenta naturalmente. Até aqui,
como só se procurava fazer uma obra segundo a
Arte, imitar era o meio indicado: fingida era a
inspiração, e artificial o entusiasmo.
Desprezavam os poetas a consideração se a
Mitologia podia, ou não, influir sobre nós.
Contanto que dissessem que as Musas do
Hélicon os inspiravam, que Febo guiava seu
carro puxado pela quadriga, que a Aurora abria
as portas do Oriente com seus dedos de rosas,
e outras tais e quejandas imagens tão usadas,
cuidavam que tudo tinham feito, e que com
Homero emparelhavam; como se pudesse
parecer belo quem achasse algum velho manto
grego, e com ele se cobrisse! Antigos e safados
ornamentos, de que todos se servem, a ninguém
honram.
(GONÇALVES DE MAGALHÃES. “Suspiros poéticos e
saudades" In CANDIDO, Antônio e CASTELLO, J.
Aderaldo. Presença da literatura brasileira. Das origens
ao Romantismo. São Paulo: DIFEL, 1976, p. 219.)
O fragmento escolhido do prefácio de Suspiros poéticos e saudades contém uma crítica à escola:
Texto 5
Pneumotórax
Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.
Mandou chamar o médico:
- Diga trinta e três.
- Trinta e três... trinta e três... trinta e três...
- Respire.
..................................................
- O senhor tem uma escavação no pulmão
esquerdo e o pulmão direito infiltrado.
- O s
- Então, doutor, não é possível tentar o
pneumotórax?
- Não. A única coisa a fazer é tocar um tango
argentino.
(BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira. Rio de
Janeiro: José Olympio, 1973, p.107.)
As características que melhor definem a poesia brasileira contemporânea são:
Assinale o item que estabelece a CORRETA relação entre os TEXTOS 02 e 03.
Assinale o item que estabelece a CORRETA relação entre os TEXTOS 02 e 03.