Texto 3
Uma vez determinado e conhecido o fim, o
gênero se apresenta naturalmente. Até aqui,
como só se procurava fazer uma obra segundo a
Arte, imitar era o meio indicado: fingida era a
inspiração, e artificial o entusiasmo.
Desprezavam os poetas a consideração se a
Mitologia podia, ou não, influir sobre nós.
Contanto que dissessem que as Musas do
Hélicon os inspiravam, que Febo guiava seu
carro puxado pela quadriga, que a Aurora abria
as portas do Oriente com seus dedos de rosas,
e outras tais e quejandas imagens tão usadas,
cuidavam que tudo tinham feito, e que com
Homero emparelhavam; como se pudesse
parecer belo quem achasse algum velho manto
grego, e com ele se cobrisse! Antigos e safados
ornamentos, de que todos se servem, a ninguém
honram.
(GONÇALVES DE MAGALHÃES. “Suspiros poéticos e
saudades" In CANDIDO, Antônio e CASTELLO, J.
Aderaldo. Presença da literatura brasileira. Das origens
ao Romantismo. São Paulo: DIFEL, 1976, p. 219.)
O fragmento escolhido do prefácio de Suspiros poéticos e saudades contém uma crítica à escola: