Afigurado coronel era muito comum durante os anos iniciais da República, principalmente nas regiões do interior do Brasil. Normalmente, tratava-se de grandes fazendeiros que utilizavam seu poder para formar uma rede de clientes políticos e garantir resultados de eleições. Era usado o voto de cabresto, por meio do qual o coronel obrigava os eleitores de seu "curral eleitoral" a votarem nos candidatos apoiados por ele. Como o voto era aberto, os eleitores eram pressionados e fiscalizados por capangas, para que votassem de acordo com os interesses do coronel. Mas recorria-se também a outras estratégias, como compra de votos, eleitores-fantasma, troca de favores, fraudes na apuração dos escrutínios e violência.
Disponível em: http://www.historiadobrasil.net/republica. Acesso em: 12 dez. 2008 (adaptado).
Com relação ao processo democrático do período registrado no texto, é possível afirmar que
Houve momentos de profunda crise na história mundial contemporânea que representaram, para o Brasil, oportunidades de transformação no campo econômico. A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e a quebra da Bolsa de Nova Iorque (1929), por exemplo, levaram o Brasil a modificar suas estratégias produtivas e a contornar as dificuldades de importação de produtos que demandava dos países industrializados.
Nas três primeiras décadas do século XX, o Brasil
São Paulo vai se recensear. O governo quer saber
quantas pessoas governa. A indagação atingirá a fauna e a
flora domesticadas. Bois, mulheres e algodoeiros serão
reduzidos a números e invertidos em estatísticas. O homem
do censo entrará pelos bangalôs, pelas pensões, pelas
casas de barro e de cimento armado, pelo sobradinho e pelo
apartamento, pelo cortiço e pelo hotel, perguntando:
— Quantos são aqui?
Pergunta triste, de resto. Um homem dirá:
— Aqui havia mulheres e criancinhas. Agora,
felizmente, só há pulgas e ratos.
E outro:
— Amigo, tenho aqui esta mulher, este papagaio,
esta sogra e algumas baratas. Tome nota dos seus nomes,
se quiser. Querendo levar todos, é favor... (...)
E outro:
— Dois, cidadão, somos dois. Naturalmente o sr.
não a vê. Mas ela está aqui, está, está! A sua saudade
jamais sairá de meu quarto e de meu peito!
Rubem Braga. Para gostar de ler. v. 3
São Paulo: Ática, 1998, p. 32-3 (fragmento).
O fragmento acima, em que há referência a um fato
sócio-histórico — o recenseamento —, apresenta
característica marcante do gênero crônica ao
Um dia, os imigrantes aglomerados na
amurada da proa chegavam à fedentina quente de um
porto, num silêncio de mato e de febre amarela.
Santos. — É aqui! Buenos Aires é aqui! — Tinham
trocado o rótulo das bagagens, desciam em fila.
Faziam suas necessidades nos trens dos animais
onde iam. Jogavam-nos num pavilhão comum em São
Paulo. — Buenos Aires é aqui! — Amontoados com
trouxas, sanfonas e baús, num carro de bois, que
pretos guiavam através do mato por estradas
esburacadas, chegavam uma tarde nas senzalas
donde acabava de sair o braço escravo. Formavam
militarmente nas madrugadas do terreiro homens e
mulheres, ante feitores de espingarda ao ombro.
Oswald de Andrade. Marco Zero II –
Chão. Rio de Janeiro: Globo, 1991
Levando-se em consideração o texto de Oswald de
Andrade e a pintura de Antonio Rocco reproduzida
acima, relativos à imigração européia para o Brasil,
é correto afirmar que
A moderna democracia brasileira foi construída
entre saltos e sobressaltos. Em 1954, a crise culminou no
suicídio do presidente Vargas. No ano seguinte, outra crise
quase impediu a posse do presidente eleito, Juscelino
Kubitschek. Em 1961, o Brasil quase chegou à guerra civil
depois da inesperada renúncia do presidente Jânio
Quadros. Três anos mais tarde, um golpe militar depôs o
presidente João Goulart, e o país viveu durante vinte anos
em regime autoritário.
A partir dessas informações, relativas à história
republicana brasileira, assinale a opção correta.
No início do século XIX, o naturalista alemão Carl Von
Martius esteve no Brasil em missão científica para fazer
observações sobre a flora e a fauna nativas e sobre a
sociedade indígena. Referindo-se ao indígena, ele afirmou:
“Permanecendo em grau inferior da humanidade,
moralmente, ainda na infância, a civilização não o altera,
nenhum exemplo o excita e nada o impulsiona para um
nobre desenvolvimento progressivo (...). Esse estranho e
inexplicável estado do indígena americano, até o presente,
tem feito fracassarem todas as tentativas para conciliá-lo
inteiramente com a Europa vencedora e torná-lo um
cidadão satisfeito e feliz.”
Carl Von Martius. O estado do direito entre os autóctones
do Brasil. Belo Horizonte/São Paulo: Itatiaia/EDUSP, 1982
Com base nessa descrição, conclui-se que o naturalista
Von Martius
No princípio do século XVII, era bem insignificante e
quase miserável a Vila de São Paulo. João de Laet davalhe
200 habitantes, entre portugueses e mestiços, em 100
casas; a Câmara, em 1606, informava que eram 190 os
moradores, dos quais 65 andavam homiziados*.
*homiziados: escondidos da justiça
Nelson Werneck Sodré. Formação histórica
do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1964
Na época da invasão holandesa, Olinda era a
capital e a cidade mais rica de Pernambuco. Cerca de 10%
da população, calculada em aproximadamente 2.000
pessoas, dedicavam-se ao comércio, com o qual muita
gente fazia fortuna. Cronistas da época afirmavam que os
habitantes ricos de Olinda viviam no maior luxo.
Hildegard Féist. Pequena história do Brasil holandês.
São Paulo: Moderna, 1998 (com adaptações).
Os textos acima retratam, respectivamente, São Paulo e
Olinda no início do século XVII, quando Olinda era maior e
mais rica. São Paulo é, atualmente, a maior metrópole
brasileira e uma das maiores do planeta. Essa mudança
deveu-se, essencialmente, ao seguinte fator econômico:
Zuenir Ventura, em seu livro “Minhas memórias dos outros” (São Paulo: Planeta do Brasil, 2005), referindo-se ao fim da “Era Vargas” e ao suicídio do presidente em 1954, comenta: Quase como castigo do destino, dois anos depois eu iria trabalhar no jornal de Carlos Lacerda, o inimigo mortal de Vargas (e nunca esse adjetivo foi tão próprio). Diante daquele contexto histórico, muitos estudiosos acreditam que, com o suicídio, Getúlio Vargas atingiu não apenas a si mesmo, mas o coração de seus aliados e a mente de seus inimigos. A afirmação que aparece “entre parênteses” no comentário e uma conseqüência política que atingiu os inimigos de Vargas aparecem, respectivamente, em:
A seguir são apresentadas declarações de duas personalidades da História do Brasil a respeito da localização da
capital do país, respectivamente um século e uma década antes da proposta de construção de Brasília como novo
Distrito Federal.
Declaração I: José Bonifácio
Com a mudança da capital para o interior, fica a Corte livre de qualquer assalto de surpresa externa, e se
chama para as províncias centrais o excesso de população vadia das cidades marítimas. Desta Corte
central dever-se-ão logo abrir estradas para as diversas províncias e portos de mar.
(Carlos de Meira Matos. Geopolítica e modernidade: geopolítica brasileira.)
Declaração II: Eurico Gaspar Dutra
Na América do Sul, o Brasil possui uma grande área que se pode chamar também de Terra Central. Do
ponto de vista da geopolítica sul-americana, sob a qual devemos encarar a segurança do Estado brasileiro,
o que precisamos fazer quanto antes é realizar a ocupação da nossa Terra Central, mediante a
interiorização da Capital.
(Adaptado de José W. Vesentini. A Capital da geopolítica.)
Considerando o contexto histórico que envolve as duas declarações e comparando as idéias nelas contidas,
podemos dizer que
Comer com as mãos era um hábito comum na Europa, no século XVI. A técnica empregada pelo índio no Brasil e por um português
de Portugal era, aliás, a mesma: apanhavam o alimento com três dedos da mão direita (polegar, indicador e médio) e
atiravam-no para dentro da boca.
Um viajante europeu de nome Freireyss, de passagem pelo Rio de Janeiro, já no século XIX, conta como "nas casas das roças
despejam-se simplesmente alguns pratos de farinha sobre a mesa ou num balainho, donde cada um se serve com os dedos,
arremessando, com um movimento rápido, a farinha na boca, sem que a mínima parcela caia para fora". Outros viajantes
oitocentistas, como John Luccock, Carl Seidler, Tollenare e Maria Graham descrevem esse hábito em todo o Brasil e entre todas as
classes sociais. Mas para Saint-Hilaire, os brasileiros"lançam a [farinha de mandioca] à boca com uma destreza adquirida, na origem,
dos indígenas, e que ao europeu muito custa imitar".
Aluísio de Azevedo, em seu romance Girândola de amores (1882), descreve com realismo os hábitos de uma senhora abastada que
só saboreava a moqueca de peixe "sem talher, à mão".
Dentre as palavras listadas abaixo, assinale a que traduz o elemento comum às descrições das práticas alimentares dos brasileiros
feitas pelos diferentes autores do século XIX citados no texto.