Formou-se na América tropical uma sociedade agrária na estrutura, escravocrata na técnica de exploração econômica, híbrida de índio — e mais tarde de negro — na composição. Sociedade que se desenvolveria defendida menos pela consciência de raça, do que pelo exclusivismo religioso desdobrado em sistema de profilaxia social e política. Menos pela ação oficial do que pelo braço e pela espada do particular. Mas tudo isso subordinado ao espírito político e de realismo econômico e jurídico que aqui, como em Portugal, foi desde o primeiro século elemento decisivo de formação nacional; sendo que entre nós através das grandes famílias proprietárias e autônomas; senhores de engenho com altar e capelão dentro de casa e índios de arco e flecha ou negros armados de arcabuzes às suas ordens.
FREYRE, G. Casa-Grande e Senzala. Rio de Janeiro: José Olympio, 1984
De acordo com a abordagem de Gilberto Freyre sobre a formação da sociedade brasileira, é correto afirmar que
A questão étnica no Brasil tem provocado diferentes atitudes:
I. Instituiu-se o “Dia Nacional da Consciência Negra" em 20 de novembro, ao invés da tradicional celebração do 13 de maio.
Essa nova data é o aniversário da morte de Zumbi, que hoje simboliza a crítica à segregação e à exclusão social.
II. Um turista estrangeiro que veio ao Brasil, no carnaval, afirmou que nunca viu tanta convivência harmoniosa entre as
diversas etnias.
Também sobre essa questão, estudiosos fazem diferentes reflexões:
Entre nós [brasileiros], (...) a separação imposta pelo sistema de produção foi a mais fluida possível. Permitiu constante
mobilidade de classe para classe e até de uma raça para outra. Esse amor, acima de preconceitos de raça e de
convenções de classe, do branco pela cabocla, pela cunhã, pela índia (...) agiu poderosamente na formação do Brasil,
adoçando-o.
(Gilberto Freire. O mundo que o português criou.)
[Porém] o fato é que ainda hoje a miscigenação não faz parte de um processo de integração das “raças" em condições de
igualdade social. O resultado foi que (...) ainda são pouco numerosos os segmentos da “população de cor" que
conseguiram se integrar, efetivamente, na sociedade competitiva.
(Florestan Fernandes. O negro no mundo dos brancos.)
Considerando as atitudes expostas acima e os pontos de vista dos estudiosos, é correto aproximar
O movimento hip-hop é tão urbano quanto as grandes construções de concreto e as estações de metrô, e cada dia se torna
mais presente nas grandes metrópoles mundiais. Nasceu na periferia dos bairros pobres de Nova Iorque. É formado por três
elementos: a música (o rap), as artes plásticas (o grafite) e a dança (o break). No hip-hop os jovens usam as expressões
artísticas como uma forma de resistência política.
Enraizado nas camadas populares urbanas, o hip-hop afirmou-se no Brasil e no mundo com um discurso político a favor dos
excluídos, sobretudo dos negros. Apesar de ser um movimento originário das periferias norte-americanas, não encontrou
barreiras no Brasil, onde se instalou com certa naturalidade – o que, no entanto, não significa que o hip-hop brasileiro não
tenha sofrido influências locais. O movimento no Brasil é híbrido: rap com um pouco de samba, break parecido com capoeira
e grafite de cores muito vivas.
(Adaptado de Ciência e Cultura, 2004)
De acordo com o texto, o hip-hop é uma manifestação artística tipicamente urbana, que tem como principais características
"A palavra tatuagem é relativamente recente. Toda a gente
sabe que foi o navegador Cook que a introduziu no Ocidente,
e esse escrevia tattou, termo da Polinésia de tatou ou tu
tahou, "desenho´.
(...) Desde os mais remotos tempos, vemo-la a transformarse:
distintivo honorífico entre uns homens, ferrete de
ignomínia entre outros, meio de assustar o adversário para os
bretões, marca de uma classe de selvagens das ilhas
marquesas (...) sinal de amor, de desprezo, de ódio (...). Há
três casos de tatuagem no Rio, completamente diversos na
sua significação moral: os negros,os turcos com o fundo
religioso e o bando de meretrizes, dos rufiões e dos humildes,
que se marcam por crime ou por ociosidade."
RIO, João do. Os Tatuadores. Revista Kosmos. 1904, apud: A alma
encantadora das ruas, SP: Cia das Letras, 1999
Com base no texto são feitas as seguintes afirmações:
I. João do Rio revela como a tatuagem já estava presente
na cidade do Rio de Janeiro, pelo menos desde o início
do século XX, e era mais utilizada por alguns setores da
população.
II. A tatuagem, de origem polinésia, difundiu-se no ocidente
com a característica que permanece até hoje: utilização
entre os jovens com função estritamente estética.
III. O texto mostra como a tatuagem é uma prática que se
transforma no tempo e que alcança inúmeros sentidos
nos diversos setores das sociedades e para as
diferentes culturas.
Está correto o que se afirma apenas em
Os textos referem-se à integração do índio à chamada civilização brasileira.
I - “Mais uma vez, nós, os povos indígenas, somos vítimas de um pensamento que separa e
que tenta nos eliminar cultural, social e até fisicamente. A justificativa é a de que somos
apenas 250 mil pessoas e o Brasil não pode suportar esse ônus.(...) É preciso congelar essas
idéias colonizadoras, porque elas são irreais e hipócritas e também genocidas.(...) Nós, índios,
queremos falar, mas queremos ser escutados na nossa língua, nos nossos costumes.”
Marcos Terena, presidente do Comitê Intertribal Articulador dos Direitos Indígenas na ONU e fundador das Nações Indígenas,
Folha de S. Paulo, 31 de agosto de 1994
II - “O Brasil não terá índios no final do século XXI (...) E por que isso? Pela razão muito
simples que consiste no fato de o índio brasileiro não ser distinto das demais comunidades
primitivas que existiram no mundo. A história não é outra coisa senão um processo
civilizatório, que conduz o homem, por conta própria ou por difusão da cultura, a passar do
paleolítico ao neolítico e do neolítico a um estágio civilizatório.”
Hélio Jaguaribe, cientista político, Folha de S. Paulo, 2 de setembro de 1994
Pode-se afirmar, segundo os textos, que