“Atualmente, a relação cidade-campo se transforma, aspecto importante de uma mutação geral. Nos países industriais,
a velha exploração do campo circundante pela cidade, centro de acumulação de capital, cede lugar a formas mais sutis
de dominação e de exploração, tornando-se a cidade um centro de muitas decisões e aparentemente de associação. [...]
A vida urbana penetra na vida camponesa despojando-a de elementos tradicionais: artesanato, pequenos centros que
definham em proveito dos centros urbanos (comerciais e industriais, redes de distribuição, centros de decisão).”
(Lefebvre. O direito à cidade, p. 74)
Muitos autores procuram enfatizar a relação entre o rural e o urbano não como desejo, utopia ou ilusão, pelos
conteúdos expressos num “deve ser”, mas, sim, como evolução de configurações determinadas, analisando as
interdependências entre estruturas sociais, o meio ambiente e as instituições a partir de um enfoque em sua
evolução de longo prazo. Tendo em vista o pensamento de Lefebvre e a análise da relação entre rural e urbano de
uma maneira geral, é correto afirmar que
Para Joan Scott, em seu texto intitulado “Gênero: uma categoria útil de análise histórica”, o conceito de gênero
chegou até nós através de pesquisadoras norte-americanas que passaram a usar a categoria “gender” para falar das
“origens exclusivamente sociais das identidades subjetivas de homens e mulheres” [...] De fato, não existe uma
determinação natural de alguns comportamentos de homens e de mulheres, apesar das inúmeras regras sociais
calcadas numa determinação biológica diferencial dos sexos usadas nos exemplos mais corriqueiros, como “mulher
não pode levantar peso” ou “homem não tem jeito para cuidar de criança”. (SCOTT, Joan, 1990)
“[...] Por ‘gênero’, eu me refiro ao discurso sobre a diferença dos sexos. Ele não remete apenas a ideias, mas também a
instituições, a estruturas, a práticas cotidianas e a rituais, ou seja, a tudo aquilo que constitui as relações sociais. O
discurso é um instrumento de organização do mundo, mesmo se ele não é anterior à organização social da diferença
sexual. Ele não reflete a realidade biológica primária, mas ele constrói o sentido desta realidade. A diferença sexual não
é a causa originária a partir da qual a organização social poderia ter derivado; ela é mais uma estrutura social movediça
que deve ser ela mesma analisada em seus diferentes contextos históricos.” (Scott, 1998:15)
Em relação a diversas concepções em pauta acerca das questões de “Gênero, sexualidade e identidades”, é correto
afirmar que
o comportamento masculino ou feminino das pessoas, que não está sujeito a influências exteriores.
A sociologia contemporânea tem procurado superar as dicotomias da sociologia clássica, como aquelas entre teoria e ação, indivíduo e sociedade, cultura e natureza, nacionalismos e identidades regionais, trabalho e ócio, individualismo e solidariedade, globalização e regionalização. Dentre as várias correntes de pensamento sociológico contemporâneo, destaca-se a Escola de Frankfurt, ligada ao Instituto Para Pesquisa Social da Universidade de Frankfurt, fundado em 1924. Um de seus mais famosos membros, Jürgen Habermas, procurou estudar os fracassos do movimento operário alemão, entre outras temáticas. Ao analisar a sociedade global Habermas
A sociologia clássica difere-se da sociologia contemporânea também no que se refere ao modo de coleta e tratamento de dados, ao uso sistemático de estatísticas e à incorporação de inovações tecnológicas e metodológicas. Na França, Pierre Bourdieu, professor titular de Sociologia no College de France, merece destaque como um dos grandes representantes dessa sociologia contemporânea. Pierre Bourdieu e seus colaboradores dedicaram muitas décadas à análise do sistema de ensino (francês), sem deixarem de observar com atenção outros sistemas educacionais, evidenciando a distância entre a realidade escolar e os princípios preconizados pelas políticas para a educação. Bourdieu desenvolveu uma teoria que chamou de sociologia relacional na qual identifica o conceito de Habitus, que para ele seria(m)
“A maneira pela qual se estratifica uma sociedade depende da maneira pela qual os homens se reproduzem
socialmente. E a maneira pela qual os homens se reproduzem socialmente está diretamente ligada ao modo pelo qual
eles organizam a produção econômica e o poder político.” (Ianni, 1973, p. 11)
A partir do pensamento geral de Octavio Ianni sobre estratificação social, analise as afirmativas a seguir.
I. A distribuição desigual das raças ao nível da estrutura socioeconômica não é uma realidade de poucos países, mas é
uma realidade presente em países pobres e ricos.
II. No capitalismo, as desigualdades sociais, econômicas, políticas e culturais são permeadas pela discriminação e pelo
preconceito racial.
III. Segundo as leis da divisão do trabalho social e da estratificação social, as diferenças de classe e raça são
neutralizadas no processo de organização coletiva da sociedade.
IV. Em situação de crise, a estrutura de classes se dissolve totalmente na sociedade, sejam elas classes sociais em
formação, amadurecidas ou não.
Estão corretas as afirmativas
“O drama do sociólogo é que na maior parte do tempo, aqueles que têm os meios técnicos de se apropriar do que
dizem não têm a mínima vontade nem interesse em fazê-lo, e têm até interesses poderosos que os levam a recusar essa
apropriação (o que faz com que as pessoas muito competentes para outras coisas possam se revelar completamente
indigentes diante da sociologia), enquanto aqueles que teriam todo o interesse de se apropriar do discurso sociológico
não possuem os instrumentos adequados (cultura teórica) para fazê-lo.”
(Bourdieu, p. 41 apud Comparato, 2010, p. 29.)
Sabe-se que a sociologia nos fornece importantes instrumentos de análise e entendimento da vida em sociedade. A
partir dessa premissa e do pensamento expresso no enunciado, analise as afirmativas a seguir.
I. Com o advento da informação e das novas tecnologias, o acesso ao conhecimento garante a credibilidade irrefutável
às ciências sociais.
II. É preciso identificar, além da informação, as cargas ideológicas contidas no conhecimento. Como ciência, a
sociologia tem que extrapolar o senso comum.
III. Nos estudos sobre a sociedade é preciso ir além dos dogmas e da alienação, descartando explicações ambíguas e
estabelecendo uma postura crítica.
Está(ão) correta(s) apenas a(s) afirmativa(s)
“A indústria cultural de hoje herdou a função civilizatória da democracia e da livre iniciativa, que de resto nunca
manifestou uma sensibilidade muito refinada para com as diferenças espirituais. Todos são livres para dançar e se
divertir, como, desde a neutralização histórica da religião, são livres para ingressar em uma das inumeráveis seitas. A
liberdade na escolha das ideologias, contudo, que sempre reflete a pressão econômica, revela-se em todos os setores
como liberdade do sempre igual. [...] As reações mais secretas dos homens são assim tão perfeitamente reificadas
diante de seus próprios olhos que a ideia do que lhes é específico e peculiar apenas sobrevive sob a forma mais
abstrata: personalidade não significa praticamente – para eles – outra coisa senão dentes brancos e liberdade de suor e
de emoções. É o triunfo da propaganda na indústria cultural, a assimilação neurótica dos consumidores às mercadorias
culturais [...].” (Adorno, 2007)
Tendo em vista a teoria de Adorno e suas concepções sobre “indústria cultural”, analise as afirmativas a seguir.
I. Na contemporaneidade, o “caos cultural” gerado pela diferenciação técnica e social, pela especialização e pela
efervescência da liberdade e criatividade sem limites, suprime totalmente a possibilidade da arte sobreviver à
indústria.
II. O cinema e o rádio e até outras mídias perdem muito sua característica como arte. São considerados negócios e
divulgam ideologias que legitimam o que produzem de propósito.
III. A produção cultural assume-se enquanto indústria. Justifica o que produz na necessidade de obter lucros. Os valores
do capital e da economia de mercado estabelecem-se como fatores que podem determinar a produção cultural.
IV. A estandardização dos produtos atinge escala regional, nacional e, muitas vezes, global, gerando a racionalização
técnica no que diz respeito à produção e à distribuição da “arte”.
Estão corretas apenas as afirmativas
“‘Nossos meios de comunicação são nossas metáforas. Nossas metáforas criam o conteúdo da nossa cultura’. Como a
cultura é mediada e determinada pela comunicação, as próprias culturas, isto é, nossos sistemas de crenças e códigos
historicamente produzidos são transformados de maneira fundamental pelo novo sistema tecnológico e o serão ainda
mais com o passar do tempo.” (Castells, 1999, p. 414)
Tendo em vista o pensamento explícito, a citação anterior e as configurações do mundo em relação ao conceito e
contexto da cibercultura, é possível afirmar corretamente que
Em uma de suas obras mais conhecidas, “A ética protestante e o espírito do capitalismo”, Max Weber afirmou que o objeto fundamental de suas análises era a tendência à racionalização progressiva da sociedade moderna. Realizou muitos estudos sobre o capitalismo e sobre a religião. Em relação à visão Weberiana acerca desses dois assuntos (capitalismo e religião), assinale a afirmativa correta.
Texto I
“[...] O projeto de mundializar as relações econômicas, sociais e políticas começam com a extensão das fronteiras do
comércio no princípio do século XVI, avança por saltos através dos séculos de expansão capitalista para finalmente
ganhar corpo no momento em que uma nova revolução científica e técnica se impõem e que as formas de vida do
Planeta sofrem uma repentina transformação: as relações do Homem com a Natureza passam por uma reviravolta,
graças aos formidáveis meios colocados à disposição do primeiro.” (Santos, 1991, p. 12)
Texto II
“[...] a globalização ecológica indica uma nova forma de pensar e de atuar, prevalecendo os interesses dos bens comuns
da humanidade. Isso requer uma visão global e indivisível do ecossistema, o que não ocorre devido às divisões de
soberanias e interesses nacionais fechados, ou entre países ricos, detentores de altas tecnologias, e países pobres e
médios, sem peso e influência internacionais.” (Brigagão & Rodrigues. 1999, p. 93)
Tendo em vista a ideia dos dois autores e o contexto mundial acerca da globalização, é correto afirmar que
“A metrópole como símbolo do mundo moderno, centro onde a vida flui com incrível rapidez, impõe um ritmo
alucinante aliado à banalização de tudo, como decorrência direta do processo de homogeneização. ‘Os habitantes da
cidade se defrontam com a situação de que a metrópole parece estar destinada a ser sempre nova, com o fato de
centralizar a economia e as finanças nacionais, apagando, com isso, os parcos vestígios do passado, para ser sempre o
emblema da modernidade’.” (Gleser, 1993)
Em relação aos rumos e às consequências do processo de urbanização ainda em curso, principalmente nas grandes
metrópoles contemporâneas, analise as afirmativas a seguir.
I. Nas metrópoles enfatizam-se os aspectos desagregadores do processo tais como a crise do sistema de transporte, as
deficiências do saneamento básico, a falta de moradia, o aumento dos índices de poluição, da violência.
II. A partir do advento das tecnologias, as cidades são hoje cenários marcados por uma feérica sucessão de imagens,
resultado da superposição e conflitos de signos, simulacros e hábitos destituídos de cultura.
III. A concentração e desigual distribuição de renda, produção e bens, o aumento dos índices de poluição e outros
conflitos urbanos surgem, entre outros fatores, da imposição de um novo modo de apropriação do espaço da cidade.
IV. O acesso ao espaço na metrópole está preso e submetido ao mercado no qual a propriedade privada do solo urbano
aparece como uma das características do desenvolvimento do capitalismo.
Estão corretas apenas as afirmativas
“Historicamente a palavra trabalho esteve vinculada a algo ruim, negativo. De certa forma, parte dessa visão ainda se
mantém. O termo TRABALHAR provém do românico tripaliare, que no latim se transformou em tripalium, aparelho de
tortura usado para extrair confissões dos condenados. Ou seja, em sua origem, o termo pode ser associado à ideia de
sacrifício. Na Idade Média a ideia de trabalho estava relacionada ao papel de cada um na sociedade."
(Kupper, 2014, p. 101)
Ao analisar a imagem e o texto e tendo em vista as ideias de Karl Marx sobre o trabalho, infere-se corretamente que
Os indivíduos e grupos são classificados, na maioria das vezes, hierarquicamente dentro de uma estrutura social.
Nessa classificação considera-se a atividade e o papel que cada indivíduo desempenha dentro da estrutura social a
qual está vinculado. Em relação às diferentes concepções sociológicas acerca da divisão de classes e desigualdades
sociais, analise as afirmativas a seguir.
I. Para Karl Marx, a sociedade capitalista é dividida basicamente em proprietários e não proprietários dos meios de
produção.
II. Para Max Weber, existe uma justaposição entre as classes sociais na qual os que pertencem a uma classe social mais
alta têm renda e consumo mais altos e, logo, detêm mais poder.
III. Para Pierre Bourdieu, são as relações culturais que identificam a pessoa em suas relações e hierarquia social e nunca
as relações de produção.
IV. De acordo com os três teóricos citados, a base de uma sociedade de classes é a cooperação interclasses, sem a qual a
própria sociedade sucumbiria.
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s)
Musical sobre 100 anos de samba estreia temporada em São Paulo
Luiz Fernando Vianna.
“A data é bastante discutível, mas há muito se convencionou que o sucesso de ‘Pelo Telefone’ no Carnaval de 1917 é o
marco inicial do samba. As comemorações pelo centenário começam agora em grandes dimensões. ‘Sambra – 100 Anos
de Samba’, que estreia nesta quinta (26) no Espaço das Américas, em São Paulo. O título une ‘samba’ e ‘Brasil’, mas
também ‘Bradesco’, o patrocinador. O publicitário Washington Olivetto participou da concepção do projeto, que prevê
site, livro e exposição.”
(Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2015/03/1607972-musical-sobre-100-anos-de-sambaestreia-temporada-em-sao-paulo.shtml.)
“As múltiplas formas de produção e circulação das manifestações culturais – religiosidade, artes, narrativas, discursos,
literatura – assumiram novos significados e contornos através das interfaces entre a indústria cultural e a tradição das
culturas locais. Nesse sentido, cabe se atualizar algumas questões: qual o significado da memória das tradições culturais
regionais e locais, representadas pela cultura imaterial? Qual o significado de redescobrir o passado ou reencontrar o
passado no presente? A transmissão da tradição, ancorada nas lembranças e aprendizados passados que se alojam na
memória individual e coletiva, através da experiência socialmente compartilhada, ressalta a importância da festa
enquanto prática para a continuidade da cultura local.”
A partir das informações do enunciado e do contexto brasileiro atual em relação às práticas e representações
culturais, é correto afirmar que
Na década de 1930, Gilberto Freyre e Sérgio Buarque de Holanda ficaram conhecidos como “Intérpretes do Brasil” e inauguraram, junto a outros autores, uma nova maneira de entender o país. Tendo em vista o pensamento, especificamente desses dois autores, podemos afirmar que um dos principais avanços da análise sociológica em relação ao Brasil foi: