“A indústria cultural de hoje herdou a função civilizatória da democracia e da livre iniciativa, que de resto nunca
manifestou uma sensibilidade muito refinada para com as diferenças espirituais. Todos são livres para dançar e se
divertir, como, desde a neutralização histórica da religião, são livres para ingressar em uma das inumeráveis seitas. A
liberdade na escolha das ideologias, contudo, que sempre reflete a pressão econômica, revela-se em todos os setores
como liberdade do sempre igual. [...] As reações mais secretas dos homens são assim tão perfeitamente reificadas
diante de seus próprios olhos que a ideia do que lhes é específico e peculiar apenas sobrevive sob a forma mais
abstrata: personalidade não significa praticamente – para eles – outra coisa senão dentes brancos e liberdade de suor e
de emoções. É o triunfo da propaganda na indústria cultural, a assimilação neurótica dos consumidores às mercadorias
culturais [...].” (Adorno, 2007)
Tendo em vista a teoria de Adorno e suas concepções sobre “indústria cultural”, analise as afirmativas a seguir.
I. Na contemporaneidade, o “caos cultural” gerado pela diferenciação técnica e social, pela especialização e pela
efervescência da liberdade e criatividade sem limites, suprime totalmente a possibilidade da arte sobreviver à
indústria.
II. O cinema e o rádio e até outras mídias perdem muito sua característica como arte. São considerados negócios e
divulgam ideologias que legitimam o que produzem de propósito.
III. A produção cultural assume-se enquanto indústria. Justifica o que produz na necessidade de obter lucros. Os valores
do capital e da economia de mercado estabelecem-se como fatores que podem determinar a produção cultural.
IV. A estandardização dos produtos atinge escala regional, nacional e, muitas vezes, global, gerando a racionalização
técnica no que diz respeito à produção e à distribuição da “arte”.
Estão corretas apenas as afirmativas