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Sou negro

Solano Trindade

Sou negro

meus avós foram queimados

pelo sol da África

minh'alma recebeu o batismo dos tambores

atabaques, gonguês e agogôs



Contaram–me que meus avós

vieram de Loanda

como mercadoria de baixo preço

plantaram cana pro senhor do engenho novo

e fundaram o primeiro Maracatu



Depois meu avô brigou como um danado

nas terras de Zumbi

Era valente como o quê

Na capoeira ou na faca

escreveu não leu

o pau comeu

Não foi um pai João

humilde e manso



Mesmo vovó

não foi de brincadeira

Na guerra dos Malês

ela se destacou



Na minh'alma ficou

o samba

o batuque

o bamboleio

e o desejo de libertação...

TRINDADE, Solano. Sou negro. In: Alda Beraldo. Trabalhando com poesia. São Paulo:

Ática, 1990, v. 2

O poema resgata a memória de fatos históricos que fazem

parte do patrimônio cultural do povo brasileiro e faz

referência a diversos elementos, entre os quais, incluem–se

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