O que chamamos de corte principesca era,
essencialmente, o palácio do príncipe. Os músicos eram
tão indispensáveis nesses grandes palácios quanto os
pasteleiros, os cozinheiros e os criados. Eles eram o que
se chamava, um tanto pejorativamente, de criados de libré.
A maior parte dos músicos ficava satisfeita quando tinha
garantida a subsistência, como acontecia com as outras
pessoas de classe média na corte; entre os que não se
satisfaziam, estava o pai de Mozart. Mas ele também se
curvou às circunstâncias a que não podia escapar.
Norbert Elias. Mozart: sociologia de um gênio.
Ed. Jorge Zahar, 1995, p. 18 (com adaptações).
Considerando-se que a sociedade do Antigo Regime
dividia-se tradicionalmente em estamentos: nobreza, clero
e 3.° Estado, é correto afirmar que o autor do texto, ao
fazer referência a “classe média”, descreve a sociedade
utilizando a noção posterior de classe social a fim de
Os cruzados avançavam em silêncio, encontrando
por todas as partes ossadas humanas, trapos e bandeiras.
No meio desse quadro sinistro, não puderam ver, sem
estremecer de dor, o acampamento onde Gauthier havia
deixado as mulheres e crianças. Lá, os cristãos tinham
sido surpreendidos pelos muçulmanos, mesmo no
momento em que os sacerdotes celebravam o sacrifício da
Missa. As mulheres, as crianças, os velhos, todos os que a
fraqueza ou a doença conservava sob as tendas,
perseguidos até os altares, tinham sido levados para a
escravidão ou imolados por um inimigo cruel. A multidão
dos cristãos, massacrada naquele lugar, tinha ficado sem
sepultura.
J. F. Michaud. História das cruzadas. São Paulo:
Editora das Américas, 1956 (com adaptações).
Foi, de fato, na sexta-feira 22 do tempo de
Chaaban, do ano de 492 da Hégira, que os franj* se
apossaram da Cidade Santa, após um sítio de 40 dias. Os
exilados ainda tremem cada vez que falam nisso, seu olhar
se esfria como se eles ainda tivessem diante dos olhos
aqueles guerreiros louros, protegidos de armaduras, que
espelham pelas ruas o sabre cortante, desembainhado,
degolando homens, mulheres e crianças, pilhando as
casas, saqueando as mesquitas.
*franj = cruzados.
Amin Maalouf. As Cruzadas vistas pelos árabes.
2- ed. São Paulo: Brasiliense, 1989 (com adaptações).
Avalie as seguintes afirmações a respeito dos textos
acima, que tratam das Cruzadas.
I Os textos referem-se ao mesmo assunto — as
Cruzadas, ocorridas no período medieval —, mas
apresentam visões distintas sobre a realidade dos
conflitos religiosos desse período histórico.
II Ambos os textos narram partes de conflitos ocorridos
entre cristãos e muçulmanos durante a Idade Média e
revelam como a violência contra mulheres e crianças
era prática comum entre adversários.
III Ambos narram conflitos ocorridos durante as Cruzadas
medievais e revelam como as disputas dessa época,
apesar de ter havido alguns confrontos militares, foram
resolvidas com base na idéia do respeito e da tolerância
cultural e religiosa.
É correto apenas o que se afirma em
Os textos a seguir foram extraídos de duas crônicas publicadas no
ano em que a seleção brasileira conquistou o tricampeonato
mundial de futebol.
O General Médici falou em consistência moral. Sem isso,
talvez a vitória nos escapasse, pois a disciplina consciente,
livremente aceita, é vital na preparação espartana para o rude
teste do campeonato. Os brasileiros portaram-se não apenas
como técnicos ou profissionais, mas como brasileiros, como
cidadãos deste grande país, cônscios de seu papel de
representantes de seu povo. Foi a própria afirmação do valor do
homem brasileiro, como salientou bem o presidente da República.
Que o chefe do governo aproveite essa pausa, esse minuto de
euforia e de efusão patriótica, para meditar sobre a situação do
país. (...) A realidade do Brasil é a explosão patriótica do povo ante
a vitória na Copa.
Danton Jobim. Última Hora, 23/6/1970 (com adaptações).
O que explodiu mesmo foi a alma, foi a paixão do povo:
uma explosão incomparável de alegria, de entusiasmo, de orgulho.
(...) Debruçado em minha varanda de Ipanema, [um velho amigo]
perguntava: — Será que algum terrorista se aproveitou do delírio
coletivo para adiantar um plano seu qualquer, agindo com frieza e
precisão? Será que, de outro lado, algum carrasco policial teve
ânimo para voltar a torturar sua vítima logo que o alemão apitou o
fim do jogo?
Rubem Braga. Última Hora, 25/6/1970 (com adaptações).
Avalie as seguintes afirmações a respeito dos dois textos e do
período histórico em que foram escritos.
I Para os dois autores, a conquista do tricampeonato mundial de
futebol provocou uma explosão de alegria popular.
II Os dois textos salientam o momento político que o país
atravessava ao mesmo tempo em que conquistava o
tricampeonato.
III À época da conquista do tricampeonato mundial de futebol, o
Brasil vivia sob regime militar, que, embora politicamente
autoritário, não chegou a fazer uso de métodos violentos contra
seus opositores.
É correto apenas o que se afirma em
A moderna democracia brasileira foi construída
entre saltos e sobressaltos. Em 1954, a crise culminou no
suicídio do presidente Vargas. No ano seguinte, outra crise
quase impediu a posse do presidente eleito, Juscelino
Kubitschek. Em 1961, o Brasil quase chegou à guerra civil
depois da inesperada renúncia do presidente Jânio
Quadros. Três anos mais tarde, um golpe militar depôs o
presidente João Goulart, e o país viveu durante vinte anos
em regime autoritário.
A partir dessas informações, relativas à história
republicana brasileira, assinale a opção correta.
No início do século XIX, o naturalista alemão Carl Von
Martius esteve no Brasil em missão científica para fazer
observações sobre a flora e a fauna nativas e sobre a
sociedade indígena. Referindo-se ao indígena, ele afirmou:
“Permanecendo em grau inferior da humanidade,
moralmente, ainda na infância, a civilização não o altera,
nenhum exemplo o excita e nada o impulsiona para um
nobre desenvolvimento progressivo (...). Esse estranho e
inexplicável estado do indígena americano, até o presente,
tem feito fracassarem todas as tentativas para conciliá-lo
inteiramente com a Europa vencedora e torná-lo um
cidadão satisfeito e feliz.”
Carl Von Martius. O estado do direito entre os autóctones
do Brasil. Belo Horizonte/São Paulo: Itatiaia/EDUSP, 1982
Com base nessa descrição, conclui-se que o naturalista
Von Martius
No princípio do século XVII, era bem insignificante e
quase miserável a Vila de São Paulo. João de Laet davalhe
200 habitantes, entre portugueses e mestiços, em 100
casas; a Câmara, em 1606, informava que eram 190 os
moradores, dos quais 65 andavam homiziados*.
*homiziados: escondidos da justiça
Nelson Werneck Sodré. Formação histórica
do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1964
Na época da invasão holandesa, Olinda era a
capital e a cidade mais rica de Pernambuco. Cerca de 10%
da população, calculada em aproximadamente 2.000
pessoas, dedicavam-se ao comércio, com o qual muita
gente fazia fortuna. Cronistas da época afirmavam que os
habitantes ricos de Olinda viviam no maior luxo.
Hildegard Féist. Pequena história do Brasil holandês.
São Paulo: Moderna, 1998 (com adaptações).
Os textos acima retratam, respectivamente, São Paulo e
Olinda no início do século XVII, quando Olinda era maior e
mais rica. São Paulo é, atualmente, a maior metrópole
brasileira e uma das maiores do planeta. Essa mudança
deveu-se, essencialmente, ao seguinte fator econômico: