Cuitelinho
Cheguei na bera do porto
Onde as onda se espaia.
As garça dá meia volta,
Senta na bera da praia.
E o cuitelinho não gosta
Que o botão da rosa caia.
Quando eu vim da minha terra,
Despedi da parentaia.
Eu entrei em Mato Grosso,
Dei em terras paraguaia.
Lá tinha revolução,
Enfrentei fortes bataia.
A tua saudade corta
Como o aço de navaia.
O coração fica aflito,
Bate uma e outra faia.
E os oio se enche d´água
Que até a vista se atrapaia.
Folclore recolhido por Paulo Vanzolini e Antônio Xandó. BORTONI-RICARDO, S. M. Educação em língua materna. São Paulo: Parábola, 2004.
Transmitida por gerações, a canção Cuitelinho manifesta aspectos culturais de um povo, nos quais se inclui sua forma de falar, além de registrar um momento histórico. Depreende-se disso que a importância em preservar a produção cultural de uma nação consiste no fato de que produções como a canção Cuitelinho evidenciam a
Isto
Dizem que finjo ou minto Tudo que escrevo. Não. Eu simplesmente sinto Com a imaginação.
Não uso o coração.
Tudo o que sonho ou passo 0 que me falha ou finda,
E como que um terraço Sobre outra coisa ainda. Essa coisa 6 que 6 linda.
Por isso escrevo em meio Do que não esta ao pe, Livre do meu enleio,
Sério do que não e.
Sentir? Sinta quem le!
PESSOA, F. Poemas escolhidos. São Paulo: Globo, 1997.
Fernando Pessoa é um dos poetas mais extraordinários do século XX. Sua obsess-do pelo fazer poética não encontrou limites. Pessoa viveu mais no piano criativo do que no piano concreto, e criar foi a grande finalidade de sua vida. Poeta da "Geração Orfeu", assumiu uma atitude irreverente.
Com base no texto e na teatica do poema Isto, conclui-se que o autor
Texto para as questões 20 e 21. Cândido Portinari (1903-1962), um dos mais importantes artistas brasileiros do século XX, tratou de diferentes aspectos da nossa realidade em seus quadros.
Das quatro obras reproduzidas, assinale aquelas que abordam a problemática que é tema do poema.
Murilo Mendes, em um de seus poemas, dialoga com a carta de Pero Vaz de Caminha:
“A terra é mui graciosa,
Tão fértil eu nunca vi.
A gente vai passear,
No chão espeta um caniço,
No dia seguinte nasce
Bengala de castão de oiro.
Tem goiabas, melancias,
Banana que nem chuchu.
Quanto aos bichos, tem-nos muito,
De plumagens mui vistosas.
Tem macaco até demais
Diamantes tem à vontade
Esmeralda é para os trouxas.
Reforçai, Senhor, a arca,
Cruzados não faltarão,
Vossa perna encanareis,
Salvo o devido respeito.
Ficarei muito saudoso
Se for embora daqui".
MENDES, Murilo. Murilo Mendes — poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994
Arcaísmos e termos coloquiais misturam-se nesse poema, criando um efeito de contraste,
como ocorre em:
O poema tem, como característica, a figura de linguagem denominada antítese, relação de oposição de palavras ou idéias. Assinale a opção em que essa oposição se faz claramente presente.