A alternativa que completa o trecho II obedecendo à
norma-padrão de crase é:
Leia o texto para responder à questão.
Agora o filho começava a andar, brincava com barcos que o velho Francisco fazia. Abandonados num canto, sem um olhar do garoto sequer, um trem de ferro que Rodolfo trouxera, o ursinho barato que Lívia comprara, o palhaço que era presente dos tios de Lívia. O barco feito de um pedaço de mastro que o velho dera valia por tudo. Na bacia onde Lívia lavava roupa o filho navegava. O menino falava na sua língua que lembrava o árabe: — Vovô, fá petá.
O velho Francisco sabia que ele queria que a tempestade desencadeasse sobre a bacia. Como Iemanjá que fazia o vento cair sobre o mar, o velho Francisco inchava as bochechas e desencadeava o nordeste sobre a bacia. O pobre barco rodava sobre si mesmo, andava ao léu do vento rapidamente, o garoto batia palmas com as mãozinhas sujas. O velho Francisco inchava mais as bochechas, fazia o vento
mais forte. As águas da bacia, calmas como as de um lago, se agitavam, ondas varriam o barco que terminava por se encher de água e afundar lentamente. O garoto batia palmas, o velho Francisco via sempre com tristeza o barco ir ao fundo.
Lívia olhava com medo o urso, o palhaço, o trem abandonados. Nunca o garoto fizera o trem descarrilar no passeio da casa. Nunca fizera o urso matar o palhaço. Os destinos da terra não interessavam ao filho. Seus olhos vivos seguiam o pequeno barco na sua luta contra a tempestade que saía das
bochechas do velho Francisco.
(Jorge Amado. Mar morto. Companhia das Letras, 2008. Adaptado)
Assinale a alternativa em que o acento indicativo de crase, foi empregado corretamente.
A alternativa que substitui o trecho destacado na passagem – E então a contasse para a cozinheira e telefonasse para duas ou três amigas para contar a história... – preservando a coerência e de acordo com a norma- -padrão de regência verbal e de crase é
VIVER MENOS
Drauzio Varella
Dinheiro compra tudo, até o amor verdadeiro. Quando escreveu essa frase, Nelson Rodrigues, talvez o maior dramaturgo brasileiro do século XX, certamente não levou em conta a saúde humana, bem que uma vez perdido nem sempre o dinheiro permite recuperar (embora seja de grande valia).
Veja o caso dos Estados Unidos, o país mais rico do mundo. Em 2017, a expectativa média de vida ao nascer da população americana caiu pelo terceiro ano consecutivo. A expectativa do americano nascido em 2016 era a de viver, em média, 78,7 anos; número que em 2017 diminuiu para 78,6 anos.
A diminuição de um mês no intervalo de um ano pode não parecer exagerada, mas é altamente significativa. Primeiro, porque mostra ser continuada; depois, porque vai na contramão dos sucessivos aumentos anuais que a expectativa de vida ao nascer experimentou nos Estados Unidos desde a última queda, ocorrida no início da década de 1960.
Em 2016, a mortalidade geral na população americana foi de 728,8 para cada 100 mil habitantes; número que aumentou para 731,9 em 2017, diferença estatisticamente significante.
No entanto, as mortes por doenças cardiovasculares no país têm diminuído, graças às medidas preventivas, aos métodos de diagnóstico e tratamento e à tecnologia, que possibilita intervenções capazes de controlar o ritmo das batidas e a irrigação sanguínea do músculo cardíaco.
Ao mesmo tempo, diminuíram as mortes por câncer, porque o diagnóstico é mais precoce, os tratamentos mais eficazes e a prevalência do tabagismo cai lenta, porém continuadamente. Se houve queda das duas principais causas de morte, como explicar a sucessão de reduções da expectativa de vida dos três últimos anos?
Os aumentos de mortalidade mais expressivos nos Estados Unidos ocorreram por suicídio, acidentes e overdoses de drogas ilícitas (principalmente por heroína e fentanil). Outras condições também contribuíram: acidentes vasculares cerebrais, gripe, pneumonia, doença de Alzheimer e outras demências
Na comparação com 2016, o número de suicídios aumentou 26% entre os homens e 53% entre as mulheres. No período de 2010 a 2016, o índice entre meninas adolescentes cresceu 70%. O índice atual de suicídios é de 14 para cada 100 mil habitantes (cerca da metade do índice de homicídios do Brasil).
Em 2017, as drogas ilícitas provocaram 70.237 mortes (número comparável ao de homicídios no Brasil). As que foram causadas por overdose de heroína e fentanil aumentaram perto de 10%. Com a popularização do consumo de opioides sintéticos, como o fentanil, as mortes por overdose dessa classe de drogas aumentaram 45% em relação ao ano anterior.
Os americanos investem em saúde cerca de 17% do Produto Interno Bruto do país. Como o PIB deles é de 19 trilhões de dólares, o investimento total em saúde atinge a cifra de 3,2 trilhões de dólares, ou seja, praticamente o PIB do Brasil.
Para justificar um investimento dessa ordem, quantos anos deveria viver o americano médio? Cem? Cento e dez?
(Carta Capital, 12/12/2018, p. 63)
Na expressão “graças às medidas preventivas” (5º parágrafo), o acento indicador de crase se justifica:
Leia os quadrinhos para responder à questão.
O sinal indicativo de crase está empregado corretamente, conforme a norma-padrão, em:
Assinale a alternativa que apresenta o uso correto da crase, como em: “Andava à busca de um segredo”
Marque a opção em que o uso da crase é facultativo:
Inclusão não é favor, é dever
A inclusão de alunos com deficiência é um desafio enorme para professores e gestores. Tirando as exceções aqui e ali, a maior parte dos docentes concorda que todos os meninos e meninas têm direito à Educação. A divisão só começa quando o assunto vai para o “como fazer”. Nesse momento, até os corações mais generosos travam. É difícil fazer algo para o qual você não foi preparado. Diante da falta de conhecimento e da diversidade de características físicas e mentais, a questão viaja do polo das boas intenções para o do pragmatismo duro. Como avaliar? Pode reprovar? Está tudo bem mandar para a sala de recursos?
Eu queria dar uns passos atrás. Não quero discutir o “como fazer”, mas falar de algo anterior: qual deve ser o papel da escola para um aluno com deficiência? A resposta é simples e vale, no final das contas, para todos os estudantes. A escola deve garantir que uma pessoa, por meio do conhecimento organizado, tenha um lugar no mundo. Por isso, inclusão não é um favor feito a um aluno coitadinho. É direito do estudante e dever da instituição. Quando o Estado assume uma responsabilidade, ele se compromete tanto com os beneficiários da medida quanto com quem permite que ela seja possível. No caso da Educação, ele se compromete com o aluno e com você. Sem educadores preparados, a inclusão vira um direito vazio. Portanto, cobre formação e boas condições de trabalho. Coloque seus alunos com deficiência nos projetos da escola. Dê visibilidade aos desafios nas redes sociais. Faça barulho. Afinal, professores não são apenas as pessoas que transmitem conhecimento, mas que criam condições para que o aprendizado aconteça. E nenhuma tecnologia será capaz de oferecer isso a seres humanos.
Essa é a razão pela qual propus a pergunta sobre o papel da escola. Muitas vezes, com as tarefas da rotina, nos esquecemos de pensar sobre o que fazemos. Sem pensar nos porquês da inclusão, nunca chegaremos em “como fazer”. Estou convencido que, mais do que nunca, lutar por formação e boas condições de trabalho são tarefas essenciais dos Educadores com E maiúsculo. No Brasil de hoje, lutar pelo básico é revolucionário.
(...)
Leandro Beguoci é diretor editorial e de conteúdo de NOVA ESCOLA [email protected]. FONTE: https://novaescola.org.br/conteudo/15166/inclusao-nao-e-favor-e-dever
Em “Dê visibilidade aos desafios nas redes sociais”, substituindo-se o termo em destaque por “atividades”, teríamos:
Outra norma sintática que se encaixa no âmbito da regência verbal e nominal diz respeito ao acento indicativo da crase. Quanto a essa norma, identifique a alternativa correta.
Mentalidade Self-service e a ilusão de liberdade
Simone Ribeiro Cabral Fuzaro
Hoje, gostaria de refletir sobre uma ideia que foi entrando em nosso cotidiano, foi se enraizando em nossas vidas e transformando nosso modo de ver o mundo e as coisas: a mentalidade “self-service”. Essa expressão da língua inglesa, traduzida livremente ao Português, significa “serviço próprio” ou “autosserviço”. O self-service é um sistema de atendimento adotado principalmente em restaurantes, pelo qual o cliente tem a possibilidade de servir o seu próprio prato, de acordo com as opções disponibilizadas pelo estabelecimento.
Apesar de ter tido seu início em restaurantes, esse tipo de serviço foi se expandindo a diversos outros estabelecimentos, em que é possível que o próprio cliente execute integral ou parcialmente o atendimento (lavanderias, postos de combustível, caixas eletrônicos...).
Apesar dos benefícios e facilidades inegáveis trazidas por esse tipo de serviço, é importante olharmos para os demais efeitos que causa em nosso modo de ver as coisas e, consequentemente, em nossas vidas. Essa possibilidade de autosserviço, no qual se paga por exatamente aquilo que se deseja consumir, foi aos poucos contribuindo na transformação das relações, uma vez que foi fomentando a possibilidade de que cada um atenda efetivamente aos seus próprios desejos e interesses sem restrições relativas ao grupo que o acompanha ou àquele que presta o serviço. Já não há mais a necessidade de se escolher em família (ou em grupo) que prato pedir no restaurante e, com isso, de se negociar desejos, gostos, preferências. Mesmo que não percebamos com muita clareza, está implícito aí um engrandecimento do eu em detrimento do nós.
Já não se faz mais necessário abrir mão de um gosto, de comer um pouco do que não aprecio tanto para satisfazer alguém com quem me importo. Pouco a pouco, sem percebermos, vamos vivendo cada vez mais um modo autocentrado de ver os serviços que utilizamos, as pessoas que nos rodeiam.... o mundo. Vai ficando forte a ideia de que pago somente pelo que quero consumir, consumo somente aquilo que me interessa do serviço oferecido, ganhando o direito de “recortá-lo” segundo meus interesses e sem considerar os interesses daqueles que prestam o serviço e, às vezes, até mesmo se o serviço prestado será de qualidade se for adaptado ao meu querer.
Se olharmos a realidade, por exemplo, das escolas infantis, veremos uma quantidade cada vez maior de pais que querem escolher livremente o horário de entrada e saída dos filhos sem levar em conta os períodos escolares que são importantíssimos por vários motivos: contemplam uma rotina necessária para as crianças pequenas, asseguram um mesmo grupo de colegas e professores, o que transmite segurança e conforto afetivo, possibilitam que participem das atividades planejadas à fase escolar em que se encontram etc. O que os pais estão buscando, no entanto, é uma “escola self-service” e não percebem que acabam por prejudicar o próprio filho, que terá um serviço que não garantirá o atendimento às suas necessidades básicas para um desenvolvimento saudável.
Reina uma ideia de que temos o direito de ser “livres” para escolher segundo nossos desejos e nossas necessidades. Questiono, porém: podemos considerar essa possibilidade de escolha como liberdade? Parece-me haver um equívoco claro nessa ideia, afinal, a liberdade nos leva a escolher o bem. O que há hoje são pessoas absolutamente escravizadas, em primeiro lugar, pelos seus próprios desejos de satisfação, conforto, facilidade. Depois, escravizadas ao ter – é preciso muito para viver nessa gana de satisfações, e, então, escravizamo-nos às rotinas malucas de trabalho que roubam o direito de atendermos às necessidades reais de nossa saúde, de nossa família, de uma vida mais equilibrada.
Vale refletirmos: em que situações estamos nos deixando levar por essa “mentalidade self-service” exagerada? Vamos olhar de modo crítico as facilidades, afinal, já sabemos: as grandes e fundamentais aprendizagens acontecem quando enfrentamos as dificuldades e não quando nos desviamos delas.
Disponível em: <http://www.osaopaulo.org.br/colunas/mentalidade-self-service-e-a-ilusao-de-liberdade>. Acesso em: 25 jun. 2019.
Assinale a alternativa em que NÃO ocorreria crase caso a palavra destacada fosse substituída pela que está entre parênteses.
O acento grave indicativo de crase é necessário e está empregado de acordo com a norma-padrão em:
Há correta flexão das formas verbais e plena observância das normas para emprego do sinal de crase em:
Assinale a opção em que a o acento indicativo de crase foi corretamente empregado, como em COM DIREITO À BECA E TUDO.
Quanto à pontuação e à observância do emprego do sinal de crase, está plenamente correta a frase:
Atenção: Leia o texto para responder à questão.
Na história da humanidade, jamais se viveu um período de tão radical metamorfose, especialmente no campo das concretudes, materializadas sobretudo no cenário das máquinas. Em velocidade vertiginosa, o mundo se reorganiza a partir da revolução científica e tecnológica permanente, cuja influência se estende da biologia à engenharia da comunicação. Criam-se, assim, diariamente, novas categorias para as coisas e para os fabulosos eventos a elas relacionados. Trata-se de um momento de deslumbramento, mas também de dura incerteza.
Se resiste
ilusão de que
felicidade vem
reboque dessas transformações, também é fato que os homens frequentemente se desanimam com as próprias invenções.
(Adaptado de: MIRANDA, Danilo Santos de. “Mutações: caminhos sinuosos e inquietações na busca do futuro”. In: Adauto Novaes (org.).Mutações. São Paulo: Edições SESC SP, 2008)
Em conformidade com a norma-padrão da língua portuguesa, as lacunas I, II e III do segundo parágrafo devem ser preenchidas, respectivamente, por: