Leia o trecho abaixo, escrito pelo antropólogo José Guilherme Magnani:
“[…] o que se propõe é um olhar de perto e de dentro, mas a partir dos arranjos dos próprios atores sociais, ou seja, das formas por meio das quais eles se avêm para transitar pela cidade, usufruir seus serviços, utilizar seus equipamentos, estabelecer encontros e trocas nas mais diferentes esferas –religiosidade, trabalho, lazer, cultura, participação política ou associativa etc. Esta [sic] estratégia supõe um investimento em
ambos os pólos da relação: de um lado, sobre os atores sociais, o grupo e a prática que estão sendo estudados e, de outro, a paisagem em que essa prática se desenvolve, entendida não como mero cenário, mas parte constitutiva do recorte de análise.”
O método de pesquisa a que o autor se refere é:
Em seu livro “A caminho da cidade”, publicado em 1978, a antropóloga Eunice Durhan escreveu:
“A industrialização e a urbanização significam a quebra de isolamento das comunidades tradicionais, a crise do sistema produtivo rural e da estrutura tradicional de autoridade, a negação dos velhos valores, a adoção de novos padrões de comportamento.”
O processo social que promove essa transformação da ordem social é(são):
No prefácio do livro “Trecos, troços e coisas”, o antropólogo Daniel Miller propõe o seguinte:
“O leitmotiv deste livro é um questionamento da oposição, vigente no senso comum, entre pessoa e coisa, animado e inanimado, sujeito e objeto. Em alguma medida, a ciência tem conseguido evitar isso. […] Aqui, em contraste, estou interessado em desenvolvimentos na ciência social, e não na ciência natural, e no encontro qualitativo da antropologia com a diversidade dos povos e a crescente diversidade das coisas.”
O objeto de estudo proposto por Daniel Miller é(são):
No início do seu ensaio “Mercadorias e a política de valor”, o antropólogo Arjun Appadurai explicita um dos seus objetivos:
“[…] propor uma nova perspectiva sobre a circulação de mercadorias na vida social. Tal perspectiva pode ser sintetizada da seguinte forma: a troca econômica cria o valor; o valor é concretizado nas mercadorias que são trocadas; concentrar-se nas coisas trocadas, em vez de apenas nas formas e funções da troca, possibilita a argumentação de que o que cria o vínculo entre a troca e o valor é a política, em seu sentido mais amplo.”
Com esse argumento, Arjun Appadurai propõe como novo objeto de análise da antropologia:
A antropóloga brasileira Fabiola Rohden, em um artigo publicado em 2002 e dedicado às contribuições de Marilyn Strathern sobre o tema do parentesco, escreveu:
“Os sistemas de parentesco e as formas de família são pensados como arranjos sociais que têm como base a reprodução biológica. Esses arranjos são vistos como passíveis de assumirem formas diversificadas em culturas e sociedades diferentes, embora sempre assentados sobre uma mesma e única referência, que são os ‘fatos naturais’ da vida.”
Ao apresentar a discussão sobre parentesco, Rohden faz referência ao seguinte dualismo caro aos debates da antropologia contemporânea:
A etnografia é o principal método e forma de escrita da antropologia.
Entre os seus preceitos fundamentais, destacam-se:
Em seu artigo “O futuro nos laudos antropológicos”, oantropólogo Paulo Santini afirma:
“Com respeito ao reconhecimento oficial de direitos territoriais indígenas — em que a delimitação substantiva de um território é exigida para o cumprimento do artigo 231 da Constituição —, a primeira, senão a única atribuição legal de antropólogos é a de empreender e coordenar os estudos dos grupos técnicos instituídos para proceder à identificação e à delimitação das terras ocupadas tradicionalmente pelos índios; requere-se dos especialistas que tracem e demonstrem a continuidade entre povos pré-colombianos e populações atuais.”A realização de um laudo antropológico pressupõe o emprego detécnicas de pesquisa consagradas pela disciplina.
A técnica de pesquisa antropológica, indispensável na produção de laudos, que permite ao técnico acessar a realidade social em questão, entrar em contato com o grupo pesquisado e conhecer suas singularidade é(são) o(s):
Um pesquisador começou uma pesquisa qualitativa interrogando quais os fatores que contribuem para o aumento da contaminação do vírus da imunodeficiência humana (HIV) em mulheres no Brasil, chegando à conclusão de que muitas mulheres contaminadas por HIV possuem relacionamentos heterossexuais e acreditam que a contaminação atinge somente homossexuais masculinos. A partir disso, o pesquisador realizou outra pesquisa para investigar se a crença das mulheres na transmissão do HIV nas “populações-chave” está determinando a ausência de procedimentos preventivos por parte delas.
Isso mostra que o ciclo da pesquisa é um processo em espiral que tem início com uma
Numa pesquisa qualitativa sobre o trabalho realizado pelas mulheres quebradeiras de coco babaçu, um pesquisador resolveu combinar duas estratégias para a compreensão da realidade onde elas estão inseridas. Na primeira, o pesquisador presenciou a execução do trabalho das mulheres e participou, como espectador e agente, do cotidiano da vida social e cultural delas. Na segunda, ele estabeleceu uma interação com essas trabalhadoras para levantar as experiências vividas por elas, buscando
identificar nas narrativas como cada uma interpreta suas experiências.
Essas técnicas de coleta de dados são, respectivamente,
Pierre Bourdieu foi um dos principais sociólogos do século XX. Em sua vasta produção intelectual, Bourdieu foi um dos responsáveis
pela atualização de um conceito aristotélico, também utilizado por Marcel Mauss, e que ocupa um lugar central nos debates sobre corpo, indivíduo e sociedade. No vocabulário de Bourdieu, tal conceito é definido do seguinte modo:
“[…] é uma noção mediadora que ajuda a romper com a dualidade de senso comum entre indivíduo e sociedade ao captar a interiorização da exterioridade e a exteriorização da interioridade, ou seja, o modo como a sociedade se torna depositada nas pessoas sob a forma de disposições duráveis, ou capacidades treinadas e propensões estruturadas para pensar, sentir e agir de modos determinados, que então as guiam nas suas respostas criativas aos constrangimentos e solicitações do
seu meio social existente.”
O conceito renovado por Bourdieu nessa definição é o de:
Em seu texto “Elementos para uma sociologia dos viajantes”,publicado em 1987, o antropólogo João Pacheco de Oliveira escreveu:
“A relação que existe, portanto, entre o antropólogo e os relatos de viajantes é marcada por uma grande ambiguidade, ora caracterizando-se por uma grande proximidade e pela expectativa de estabelecer entre esses dois discursos uma relação de complementaridade, ora marcada pelo distanciamento e pelo caráter indissoluvelmente singular das informações que respectivamente requerem e oferecem.”
Essa reflexão metodológica do autor se refere à(ao):
Com relação às teorias da cultura, julgue o item a seguir.
Roy Wagner formulou uma noção de cultura baseada na atividade criativa, pois, para ele, o ato de inventar constitui uma atividade dinâmica humana.
Considerando o conceito de cultura sob a perspectiva antropológica, julgue o item subsequente.
Tomando-se a cultura como código e sistema de signos, infere-se que as transformações em um dos aspectos de uma sociedade repercutirão em outras dimensões de sua vida.
Acerca das antropologias do mundo, julgue o item subsequente.
As várias temáticas tratadas pelos antropólogos, independentemente de seu continente de origem, estão inseridas em dinâmicas sociais, culturais e políticas que se desdobram em contextos historicamente estruturados, de diferentes maneiras, por relações de poder variáveis.
Considerando o conceito de cultura sob a perspectiva antropológica, julgue o item subsequente.
A cultura é sempre determinada por fenômenos infraestruturais, como as necessidades fisiológicas, o caráter psicológico de uma população, as relações de produção material e a organização social e política, e se transforma em decorrência de mudanças nesses fatores estruturais básicos, mas não é capaz de gerar transformações sobre eles.