Ir para o conteúdo principal

Logo todos na cidade souberam: Halim se embeiçara

por Zana. As cristãs maronitas de Manaus, velhas e

moças, não aceitavam a ideia de ver Zana casar–se com

um muçulmano. Ficavam de vigília na calçada do Biblos,

encomendavam novenas para que ela não se casasse

com Halim. Diziam a Deus e ao mundo fuxicos assim: que

ele era um mascate, um teque–teque qualquer, um rude,

um maometano das montanhas do sul do Líbano que se

vestia como um pé rapado e matraqueava nas ruas e

praças de Manaus. Galib reagiu, enxotou as beatas: que

deixassem sua filha em paz, aquela ladainha prejudicava

o movimento do Biblos. Zana se recolheu ao quarto. Os

clientes queriam vê–la, e o assunto do almoço era só este:

a reclusão da moça, o amor louco do “maometano".

HATOUM, M. Dois irmãos. São Paulo: Cia. das Letras, 2006 (fragmento).

Dois irmãos narra a história da família que Halim e

Zana formaram na segunda metade do século XX.

Considerando o perfil sociocultural das personagens e os

valores sociais da época, a oposição ao casamento dos

dois evidencia

© Aprova Concursos - Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1482 - Curitiba, PR - 0800 727 6282