“Atualmente, a relação cidade-campo se transforma, aspecto importante de uma mutação geral. Nos países industriais,
a velha exploração do campo circundante pela cidade, centro de acumulação de capital, cede lugar a formas mais sutis
de dominação e de exploração, tornando-se a cidade um centro de muitas decisões e aparentemente de associação. [...]
A vida urbana penetra na vida camponesa despojando-a de elementos tradicionais: artesanato, pequenos centros que
definham em proveito dos centros urbanos (comerciais e industriais, redes de distribuição, centros de decisão).”
(Lefebvre. O direito à cidade, p. 74)
Muitos autores procuram enfatizar a relação entre o rural e o urbano não como desejo, utopia ou ilusão, pelos
conteúdos expressos num “deve ser”, mas, sim, como evolução de configurações determinadas, analisando as
interdependências entre estruturas sociais, o meio ambiente e as instituições a partir de um enfoque em sua
evolução de longo prazo. Tendo em vista o pensamento de Lefebvre e a análise da relação entre rural e urbano de
uma maneira geral, é correto afirmar que
A sociologia clássica difere-se da sociologia contemporânea também no que se refere ao modo de coleta e tratamento de dados, ao uso sistemático de estatísticas e à incorporação de inovações tecnológicas e metodológicas. Na França, Pierre Bourdieu, professor titular de Sociologia no College de France, merece destaque como um dos grandes representantes dessa sociologia contemporânea. Pierre Bourdieu e seus colaboradores dedicaram muitas décadas à análise do sistema de ensino (francês), sem deixarem de observar com atenção outros sistemas educacionais, evidenciando a distância entre a realidade escolar e os princípios preconizados pelas políticas para a educação. Bourdieu desenvolveu uma teoria que chamou de sociologia relacional na qual identifica o conceito de Habitus, que para ele seria(m)
“A maneira pela qual se estratifica uma sociedade depende da maneira pela qual os homens se reproduzem
socialmente. E a maneira pela qual os homens se reproduzem socialmente está diretamente ligada ao modo pelo qual
eles organizam a produção econômica e o poder político.” (Ianni, 1973, p. 11)
A partir do pensamento geral de Octavio Ianni sobre estratificação social, analise as afirmativas a seguir.
I. A distribuição desigual das raças ao nível da estrutura socioeconômica não é uma realidade de poucos países, mas é
uma realidade presente em países pobres e ricos.
II. No capitalismo, as desigualdades sociais, econômicas, políticas e culturais são permeadas pela discriminação e pelo
preconceito racial.
III. Segundo as leis da divisão do trabalho social e da estratificação social, as diferenças de classe e raça são
neutralizadas no processo de organização coletiva da sociedade.
IV. Em situação de crise, a estrutura de classes se dissolve totalmente na sociedade, sejam elas classes sociais em
formação, amadurecidas ou não.
Estão corretas as afirmativas
“O drama do sociólogo é que na maior parte do tempo, aqueles que têm os meios técnicos de se apropriar do que
dizem não têm a mínima vontade nem interesse em fazê-lo, e têm até interesses poderosos que os levam a recusar essa
apropriação (o que faz com que as pessoas muito competentes para outras coisas possam se revelar completamente
indigentes diante da sociologia), enquanto aqueles que teriam todo o interesse de se apropriar do discurso sociológico
não possuem os instrumentos adequados (cultura teórica) para fazê-lo.”
(Bourdieu, p. 41 apud Comparato, 2010, p. 29.)
Sabe-se que a sociologia nos fornece importantes instrumentos de análise e entendimento da vida em sociedade. A
partir dessa premissa e do pensamento expresso no enunciado, analise as afirmativas a seguir.
I. Com o advento da informação e das novas tecnologias, o acesso ao conhecimento garante a credibilidade irrefutável
às ciências sociais.
II. É preciso identificar, além da informação, as cargas ideológicas contidas no conhecimento. Como ciência, a
sociologia tem que extrapolar o senso comum.
III. Nos estudos sobre a sociedade é preciso ir além dos dogmas e da alienação, descartando explicações ambíguas e
estabelecendo uma postura crítica.
Está(ão) correta(s) apenas a(s) afirmativa(s)
“A metrópole como símbolo do mundo moderno, centro onde a vida flui com incrível rapidez, impõe um ritmo
alucinante aliado à banalização de tudo, como decorrência direta do processo de homogeneização. ‘Os habitantes da
cidade se defrontam com a situação de que a metrópole parece estar destinada a ser sempre nova, com o fato de
centralizar a economia e as finanças nacionais, apagando, com isso, os parcos vestígios do passado, para ser sempre o
emblema da modernidade’.” (Gleser, 1993)
Em relação aos rumos e às consequências do processo de urbanização ainda em curso, principalmente nas grandes
metrópoles contemporâneas, analise as afirmativas a seguir.
I. Nas metrópoles enfatizam-se os aspectos desagregadores do processo tais como a crise do sistema de transporte, as
deficiências do saneamento básico, a falta de moradia, o aumento dos índices de poluição, da violência.
II. A partir do advento das tecnologias, as cidades são hoje cenários marcados por uma feérica sucessão de imagens,
resultado da superposição e conflitos de signos, simulacros e hábitos destituídos de cultura.
III. A concentração e desigual distribuição de renda, produção e bens, o aumento dos índices de poluição e outros
conflitos urbanos surgem, entre outros fatores, da imposição de um novo modo de apropriação do espaço da cidade.
IV. O acesso ao espaço na metrópole está preso e submetido ao mercado no qual a propriedade privada do solo urbano
aparece como uma das características do desenvolvimento do capitalismo.
Estão corretas apenas as afirmativas