Ir para o conteúdo principal
Milhares de questões atuais de concursos.

Questões de Concurso – Aprova Concursos

Milhares de questões com o conteúdo atualizado para você praticar e chegar ao dia da prova preparado!


Exibir questões com:
Não exibir questões:
Minhas questões:
Filtros aplicados:

Dica: Caso encontre poucas questões de uma prova específica, filtre pela banca organizadora do concurso que você deseja prestar.

Exibindo questões de 30 encontradas. Imprimir página Salvar em Meus Filtros
Folha de respostas:

  • 1
    • a
    • b
    • c
    • d
    • e
  • 2
    • a
    • b
    • c
    • d
    • e
  • 3
    • a
    • b
    • c
    • d
    • e
  • 4
    • a
    • b
    • c
    • d
    • e
  • 5
    • a
    • b
    • c
    • d
    • e
  • 6
    • a
    • b
    • c
    • d
    • e
  • 7
    • a
    • b
    • c
    • d
    • e
  • 8
    • a
    • b
    • c
    • d
    • e
  • 9
    • a
    • b
    • c
    • d
    • e
  • 10
    • a
    • b
    • c
    • d
    • e
  • 11
    • a
    • b
    • c
    • d
    • e
  • 12
    • a
    • b
    • c
    • d
    • e
  • 13
    • a
    • b
    • c
    • d
    • e
  • 14
    • a
    • b
    • c
    • d
    • e
  • 15
    • a
    • b
    • c
    • d
    • e

Texto 3

Uma vez determinado e conhecido o fim, o

gênero se apresenta naturalmente. Até aqui,

como só se procurava fazer uma obra segundo a

Arte, imitar era o meio indicado: fingida era a

inspiração, e artificial o entusiasmo.

Desprezavam os poetas a consideração se a

Mitologia podia, ou não, influir sobre nós.

Contanto que dissessem que as Musas do

Hélicon os inspiravam, que Febo guiava seu

carro puxado pela quadriga, que a Aurora abria

as portas do Oriente com seus dedos de rosas,

e outras tais e quejandas imagens tão usadas,

cuidavam que tudo tinham feito, e que com

Homero emparelhavam; como se pudesse

parecer belo quem achasse algum velho manto

grego, e com ele se cobrisse! Antigos e safados

ornamentos, de que todos se servem, a ninguém

honram.

(GONÇALVES DE MAGALHÃES. “Suspiros poéticos e

saudades" In CANDIDO, Antônio e CASTELLO, J.

Aderaldo. Presença da literatura brasileira. Das origens

ao Romantismo. São Paulo: DIFEL, 1976, p. 219.)

O fragmento escolhido do prefácio de Suspiros poéticos e saudades contém uma crítica à escola:

Texto 5

Pneumotórax

Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos.

A vida inteira que podia ter sido e que não foi.

Tosse, tosse, tosse.

Mandou chamar o médico:

- Diga trinta e três.

- Trinta e três... trinta e três... trinta e três...

- Respire.

..................................................

- O senhor tem uma escavação no pulmão

esquerdo e o pulmão direito infiltrado.

- O s

- Então, doutor, não é possível tentar o

pneumotórax?

- Não. A única coisa a fazer é tocar um tango

argentino.

(BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira. Rio de

Janeiro: José Olympio, 1973, p.107.)

As características que melhor definem a poesia brasileira contemporânea são:

Após a leitura dos textos, responda às questões

que se seguem.

Texto 1

1 No Brasil de hoje, talvez no mundo, parece

haver um duplo fenômeno de proliferação dos

poetas e de diminuição da circulação da poesia (por

exemplo, no debate público e no mercado). Uma

das possíveis explicações para isso é a resistência

que a poesia tem de se tornar um produto mercantil,

ou seja, de se tornar objeto da cultura de massas.

Ao mesmo tempo, numa sociedade de consumo e

laica, parece não haver mais uma função social

para o poeta, substituído por outros personagens. A

poesia, compreendida como a arte de criar poemas,

se tornou anacrônica?

2 Parece-me que a poesia escrita sempre será

– pelo menos em tempo previsível – coisa para

poucas pessoas. É que ela exige muito do seu

leitor. Para ser plenamente apreciado, cada poema

deve ser lido lentamente, em voz baixa ou alta, ou

ainda “aural", como diz o poeta Jacques Roubaud.

Alguns de seus trechos, ou ele inteiro, devem ser

relidos, às vezes mais de uma vez. Há muitas

coisas a serem descobertas num poema, e tudo

nele é sugestivo: os sentidos, as alusões, a

sonoridade, o ritmo, as relações paronomásicas, as

aliterações, as rimas, os assíndetos, as

associações icônicas etc. Todos os componentes

de um poema escrito podem (e devem) ser levados

em conta. Muitos deles são inter-relacionados. Tudo

isso deve ser comparado a outros poemas que o

leitor conheça. E, de preferência, o leitor deve ser

familiarizado com os poemas canônicos. (...) O

leitor deve convocar e deixar que interajam uns com

os outros, até onde não puder mais, todos os

recursos de que dispõe: razão, intelecto,

experiência, cultura, emoção, sensibilidade,

sensualidade, intuição, senso de humor, etc.

3 Sem isso tudo, a leitura do poema não

compensa: é uma chatice. Um quadro pode ser

olhado en passant; um romance, lido à maneira

dinâmica; uma música, ouvida distraidamente; um

filme, uma peça de teatro, um ballet, idem. Um

poema, não. Nada mais entediante do que a leitura

desatenta de um poema. Quanto melhor ele for,

mais faculdades nossas, e em mais alto grau, são

por ele solicitadas e atualizadas. É por isso que

muita gente tem preguiça de ler um poema, e muita

gente jamais o faz. Os que o fazem, porém, sabem

que é precisamente a exigência do poema – a

interação e a atualização das nossas faculdades –

que constitui a recompensa (incomparável) que ele

oferece ao seu leitor. Mas os bons poemas são

raridades. A função do poeta é fazer essas

raridades. Felizmente, elas são anacrônicas, porque

nos fazem experimentar uma temporalidade

inteiramente diferente da temporalidade utilitária em

que passamos a maior parte das nossas vidas.

(CÍCERO, Antônio. In: antoniocicero. Hogspot.com.br/

2008_09_01archive.html (adaptado de uma entrevista).

A proposição em que se nota a inexistência de indicador modal – isto é, de marca linguística destinada a sinalizar a modalidade sob a qual o conteúdo proposicional deve ser interpretado – é:

Após a leitura dos textos, responda às questões

que se seguem.

Texto 1

1 No Brasil de hoje, talvez no mundo, parece

haver um duplo fenômeno de proliferação dos

poetas e de diminuição da circulação da poesia (por

exemplo, no debate público e no mercado). Uma

das possíveis explicações para isso é a resistência

que a poesia tem de se tornar um produto mercantil,

ou seja, de se tornar objeto da cultura de massas.

Ao mesmo tempo, numa sociedade de consumo e

laica, parece não haver mais uma função social

para o poeta, substituído por outros personagens. A

poesia, compreendida como a arte de criar poemas,

se tornou anacrônica?

2 Parece-me que a poesia escrita sempre será

– pelo menos em tempo previsível – coisa para

poucas pessoas. É que ela exige muito do seu

leitor. Para ser plenamente apreciado, cada poema

deve ser lido lentamente, em voz baixa ou alta, ou

ainda “aural", como diz o poeta Jacques Roubaud.

Alguns de seus trechos, ou ele inteiro, devem ser

relidos, às vezes mais de uma vez. Há muitas

coisas a serem descobertas num poema, e tudo

nele é sugestivo: os sentidos, as alusões, a

sonoridade, o ritmo, as relações paronomásicas, as

aliterações, as rimas, os assíndetos, as

associações icônicas etc. Todos os componentes

de um poema escrito podem (e devem) ser levados

em conta. Muitos deles são inter-relacionados. Tudo

isso deve ser comparado a outros poemas que o

leitor conheça. E, de preferência, o leitor deve ser

familiarizado com os poemas canônicos. (...) O

leitor deve convocar e deixar que interajam uns com

os outros, até onde não puder mais, todos os

recursos de que dispõe: razão, intelecto,

experiência, cultura, emoção, sensibilidade,

sensualidade, intuição, senso de humor, etc.

3 Sem isso tudo, a leitura do poema não

compensa: é uma chatice. Um quadro pode ser

olhado en passant; um romance, lido à maneira

dinâmica; uma música, ouvida distraidamente; um

filme, uma peça de teatro, um ballet, idem. Um

poema, não. Nada mais entediante do que a leitura

desatenta de um poema. Quanto melhor ele for,

mais faculdades nossas, e em mais alto grau, são

por ele solicitadas e atualizadas. É por isso que

muita gente tem preguiça de ler um poema, e muita

gente jamais o faz. Os que o fazem, porém, sabem

que é precisamente a exigência do poema – a

interação e a atualização das nossas faculdades –

que constitui a recompensa (incomparável) que ele

oferece ao seu leitor. Mas os bons poemas são

raridades. A função do poeta é fazer essas

raridades. Felizmente, elas são anacrônicas, porque

nos fazem experimentar uma temporalidade

inteiramente diferente da temporalidade utilitária em

que passamos a maior parte das nossas vidas.

(CÍCERO, Antônio. In: antoniocicero. Hogspot.com.br/

2008_09_01archive.html (adaptado de uma entrevista).

A intertextualidade é condição necessária para que um poema possa ser plenamente apreciado – o que o autor, no segundo parágrafo, deixa bastante evidente ao dizer que:

Após a leitura dos textos, responda às questões

que se seguem.

Texto 1

1 No Brasil de hoje, talvez no mundo, parece

haver um duplo fenômeno de proliferação dos

poetas e de diminuição da circulação da poesia (por

exemplo, no debate público e no mercado). Uma

das possíveis explicações para isso é a resistência

que a poesia tem de se tornar um produto mercantil,

ou seja, de se tornar objeto da cultura de massas.

Ao mesmo tempo, numa sociedade de consumo e

laica, parece não haver mais uma função social

para o poeta, substituído por outros personagens. A

poesia, compreendida como a arte de criar poemas,

se tornou anacrônica?

2 Parece-me que a poesia escrita sempre será

– pelo menos em tempo previsível – coisa para

poucas pessoas. É que ela exige muito do seu

leitor. Para ser plenamente apreciado, cada poema

deve ser lido lentamente, em voz baixa ou alta, ou

ainda “aural", como diz o poeta Jacques Roubaud.

Alguns de seus trechos, ou ele inteiro, devem ser

relidos, às vezes mais de uma vez. Há muitas

coisas a serem descobertas num poema, e tudo

nele é sugestivo: os sentidos, as alusões, a

sonoridade, o ritmo, as relações paronomásicas, as

aliterações, as rimas, os assíndetos, as

associações icônicas etc. Todos os componentes

de um poema escrito podem (e devem) ser levados

em conta. Muitos deles são inter-relacionados. Tudo

isso deve ser comparado a outros poemas que o

leitor conheça. E, de preferência, o leitor deve ser

familiarizado com os poemas canônicos. (...) O

leitor deve convocar e deixar que interajam uns com

os outros, até onde não puder mais, todos os

recursos de que dispõe: razão, intelecto,

experiência, cultura, emoção, sensibilidade,

sensualidade, intuição, senso de humor, etc.

3 Sem isso tudo, a leitura do poema não

compensa: é uma chatice. Um quadro pode ser

olhado en passant; um romance, lido à maneira

dinâmica; uma música, ouvida distraidamente; um

filme, uma peça de teatro, um ballet, idem. Um

poema, não. Nada mais entediante do que a leitura

desatenta de um poema. Quanto melhor ele for,

mais faculdades nossas, e em mais alto grau, são

por ele solicitadas e atualizadas. É por isso que

muita gente tem preguiça de ler um poema, e muita

gente jamais o faz. Os que o fazem, porém, sabem

que é precisamente a exigência do poema – a

interação e a atualização das nossas faculdades –

que constitui a recompensa (incomparável) que ele

oferece ao seu leitor. Mas os bons poemas são

raridades. A função do poeta é fazer essas

raridades. Felizmente, elas são anacrônicas, porque

nos fazem experimentar uma temporalidade

inteiramente diferente da temporalidade utilitária em

que passamos a maior parte das nossas vidas.

(CÍCERO, Antônio. In: antoniocicero. Hogspot.com.br/

2008_09_01archive.html (adaptado de uma entrevista).

A palavra em destaque que deriva – como “temporalidade” (§ 3) – de um radical secundário é:

Texto 3

Banzo

Raimundo Correia

Visões que n‟alma o céu do exílio incuba,

Mortais visões! Fuzila o azul infando...

Coleia, basilisco de ouro, ondeando

O Níger... Bramem leões de fulva juba...

Uivam chacais... Ressoa a fera tuba

Dos cafres, pelas grotas retumbando,

E a estralada das árvores, que um bando

De paquidermes colossais derruba...

Como o guaraz nas rubras penas dorme,

Dorme em ninhos de sangue o sol oculto...

Fuma o saibro africano incandescente...

Vai co‟a sombra crescendo o vulto enorme

Do baobá... E cresce n‟alma o vulto

De uma tristeza, imensa, imensamente...

(In: RAMOS, Péricles Eugênio da Silva. Panorama da poesia

brasileira. Rio, Civilização Brasileira, 1959, v. III, p. 90-1.)

Em relação ao poema, pode-se fazer qualquer das afirmações a seguir, EXCETO:

Texto 1

Algum tempo hesitei se devia abrir estas

memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria

em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha

morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo

nascimento, duas considerações me levaram a

adotar diferente método: a primeira é que eu não

sou propriamente um autor defunto, mas um

defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a

segunda é que o escrito ficaria assim mais galante

e mais novo. Moisés, que também contou a sua

morte, não a pôs no introito, mas no cabo: diferença

radical entre este livro e o Pentateuco.

Dito isto, expirei às duas horas da tarde de

uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na

minha bela chácara de Catumbi. Tinha uns

sessenta e quatro anos, rijos e prósperos, era

solteiro, possuía cerca de trezentos contos e fui

acompanhado ao cemitério por onze amigos. Onze

amigos! Verdade é que não houve cartas nem

anúncios. Acresce que chovia – peneirava – uma

chuvinha miúda, triste e constante, tão constante e

tão triste, que levou um daqueles fiéis da última

hora a intercalar esta engenhosa ideia no discurso

que proferiu à beira de minha cova: – “Vós, que o

conhecestes, meus senhores, vós podeis dizer

comigo que a natureza parece estar chorando a

perda irreparável de um dos mais belos caracteres

que têm honrado a humanidade. Este ar sombrio,

estas gotas do céu, aquelas nuvens escuras que

cobrem o azul como um crepe funéreo, tudo isso é

a dor crua e má que lhe rói à natureza as mais

íntimas entranhas; tudo isso é um sublime louvor ao

nosso ilustre finado".

(ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás

Cubas. Rio de Janeiro: Companhia José Aguilar Editora,

1971, volume I, p. 513-514.)

Texto 2

Resolvo-me a contar, depois de muita

hesitação, casos passados há dez anos – e, antes

de começar, digo os motivos por que silenciei e por

que me decido. Não conservo notas: algumas que

tomei foram inutilizadas, e assim, com o decorrer do

tempo, ia-me parecendo cada vez mais difícil,

quase impossível, redigir esta narrativa. Além disso,

julgando a matéria superior às minhas forças,

esperei que outros mais aptos se ocupassem dela.

Não vai aqui falsa modéstia, como adiante se verá.

Também me afligiu a ideia de jogar no papel

criaturas vivas, sem disfarces, com os nomes que

têm no registro civil. Repugnava-me deformá-las,

dar-lhes pseudônimo, fazer do livro uma espécie de

romance; mas teria eu o direito de utilizá-las em

história presumivelmente verdadeira? Que diriam

elas se se vissem impressas, realizando atos

esquecidos, repetindo palavras contestáveis e

obliteradas?

(...) Certos escritores se desculpam de não

haverem forjado coisas excelentes por falta de

liberdade − talvez ingênuo recurso de justificar

inépcia ou preguiça. Liberdade completa ninguém

desfruta: começamos oprimidos pela sintaxe e

acabamos às voltas com a Delegacia de Ordem

Política e Social, mas, nos estreitos limites a que

nos coagem a gramática e a lei, ainda nos podemos

mexer.

(RAMOS, Graciliano. Memórias do cárcere. São Paulo:

Record, 1996, volume I, p. 33-34.)

Observe as afirmativas a seguir, em relação à leitura comparativa dos textos de Machado de Assis e Graciliano Ramos. I Ambos exploram a metalinguagem, ou seja, refletem sobre o próprio ato de escrever. II A narrativa machadiana subverte a lógica da verossimilhança narrativa. III O texto de Graciliano Ramos privilegia a memória individual como única fonte de criação. Das afirmativas acima:

Texto 1

Algum tempo hesitei se devia abrir estas

memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria

em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha

morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo

nascimento, duas considerações me levaram a

adotar diferente método: a primeira é que eu não

sou propriamente um autor defunto, mas um

defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a

segunda é que o escrito ficaria assim mais galante

e mais novo. Moisés, que também contou a sua

morte, não a pôs no introito, mas no cabo: diferença

radical entre este livro e o Pentateuco.

Dito isto, expirei às duas horas da tarde de

uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na

minha bela chácara de Catumbi. Tinha uns

sessenta e quatro anos, rijos e prósperos, era

solteiro, possuía cerca de trezentos contos e fui

acompanhado ao cemitério por onze amigos. Onze

amigos! Verdade é que não houve cartas nem

anúncios. Acresce que chovia – peneirava – uma

chuvinha miúda, triste e constante, tão constante e

tão triste, que levou um daqueles fiéis da última

hora a intercalar esta engenhosa ideia no discurso

que proferiu à beira de minha cova: – “Vós, que o

conhecestes, meus senhores, vós podeis dizer

comigo que a natureza parece estar chorando a

perda irreparável de um dos mais belos caracteres

que têm honrado a humanidade. Este ar sombrio,

estas gotas do céu, aquelas nuvens escuras que

cobrem o azul como um crepe funéreo, tudo isso é

a dor crua e má que lhe rói à natureza as mais

íntimas entranhas; tudo isso é um sublime louvor ao

nosso ilustre finado".

(ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás

Cubas. Rio de Janeiro: Companhia José Aguilar Editora,

1971, volume I, p. 513-514.)

Texto 2

Resolvo-me a contar, depois de muita

hesitação, casos passados há dez anos – e, antes

de começar, digo os motivos por que silenciei e por

que me decido. Não conservo notas: algumas que

tomei foram inutilizadas, e assim, com o decorrer do

tempo, ia-me parecendo cada vez mais difícil,

quase impossível, redigir esta narrativa. Além disso,

julgando a matéria superior às minhas forças,

esperei que outros mais aptos se ocupassem dela.

Não vai aqui falsa modéstia, como adiante se verá.

Também me afligiu a ideia de jogar no papel

criaturas vivas, sem disfarces, com os nomes que

têm no registro civil. Repugnava-me deformá-las,

dar-lhes pseudônimo, fazer do livro uma espécie de

romance; mas teria eu o direito de utilizá-las em

história presumivelmente verdadeira? Que diriam

elas se se vissem impressas, realizando atos

esquecidos, repetindo palavras contestáveis e

obliteradas?

(...) Certos escritores se desculpam de não

haverem forjado coisas excelentes por falta de

liberdade − talvez ingênuo recurso de justificar

inépcia ou preguiça. Liberdade completa ninguém

desfruta: começamos oprimidos pela sintaxe e

acabamos às voltas com a Delegacia de Ordem

Política e Social, mas, nos estreitos limites a que

nos coagem a gramática e a lei, ainda nos podemos

mexer.

(RAMOS, Graciliano. Memórias do cárcere. São Paulo:

Record, 1996, volume I, p. 33-34.)

Situa-se a literatura de Graciliano Ramos na:

Texto 5

Pneumotórax

Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos.

A vida inteira que podia ter sido e que não foi.

Tosse, tosse, tosse.

Mandou chamar o médico:

- Diga trinta e três.

- Trinta e três... trinta e três... trinta e três...

- Respire.

..................................................

- O senhor tem uma escavação no pulmão

esquerdo e o pulmão direito infiltrado.

- O s

- Então, doutor, não é possível tentar o

pneumotórax?

- Não. A única coisa a fazer é tocar um tango

argentino.

(BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira. Rio de

Janeiro: José Olympio, 1973, p.107.)

Em relação ao poema “Pneumotórax", é

correto afirmar que o poeta:

Após a leitura dos textos, responda às questões

que se seguem.

Texto 1

1 No Brasil de hoje, talvez no mundo, parece

haver um duplo fenômeno de proliferação dos

poetas e de diminuição da circulação da poesia (por

exemplo, no debate público e no mercado). Uma

das possíveis explicações para isso é a resistência

que a poesia tem de se tornar um produto mercantil,

ou seja, de se tornar objeto da cultura de massas.

Ao mesmo tempo, numa sociedade de consumo e

laica, parece não haver mais uma função social

para o poeta, substituído por outros personagens. A

poesia, compreendida como a arte de criar poemas,

se tornou anacrônica?

2 Parece-me que a poesia escrita sempre será

– pelo menos em tempo previsível – coisa para

poucas pessoas. É que ela exige muito do seu

leitor. Para ser plenamente apreciado, cada poema

deve ser lido lentamente, em voz baixa ou alta, ou

ainda “aural", como diz o poeta Jacques Roubaud.

Alguns de seus trechos, ou ele inteiro, devem ser

relidos, às vezes mais de uma vez. Há muitas

coisas a serem descobertas num poema, e tudo

nele é sugestivo: os sentidos, as alusões, a

sonoridade, o ritmo, as relações paronomásicas, as

aliterações, as rimas, os assíndetos, as

associações icônicas etc. Todos os componentes

de um poema escrito podem (e devem) ser levados

em conta. Muitos deles são inter-relacionados. Tudo

isso deve ser comparado a outros poemas que o

leitor conheça. E, de preferência, o leitor deve ser

familiarizado com os poemas canônicos. (...) O

leitor deve convocar e deixar que interajam uns com

os outros, até onde não puder mais, todos os

recursos de que dispõe: razão, intelecto,

experiência, cultura, emoção, sensibilidade,

sensualidade, intuição, senso de humor, etc.

3 Sem isso tudo, a leitura do poema não

compensa: é uma chatice. Um quadro pode ser

olhado en passant; um romance, lido à maneira

dinâmica; uma música, ouvida distraidamente; um

filme, uma peça de teatro, um ballet, idem. Um

poema, não. Nada mais entediante do que a leitura

desatenta de um poema. Quanto melhor ele for,

mais faculdades nossas, e em mais alto grau, são

por ele solicitadas e atualizadas. É por isso que

muita gente tem preguiça de ler um poema, e muita

gente jamais o faz. Os que o fazem, porém, sabem

que é precisamente a exigência do poema – a

interação e a atualização das nossas faculdades –

que constitui a recompensa (incomparável) que ele

oferece ao seu leitor. Mas os bons poemas são

raridades. A função do poeta é fazer essas

raridades. Felizmente, elas são anacrônicas, porque

nos fazem experimentar uma temporalidade

inteiramente diferente da temporalidade utilitária em

que passamos a maior parte das nossas vidas.

(CÍCERO, Antônio. In: antoniocicero. Hogspot.com.br/

2008_09_01archive.html (adaptado de uma entrevista).

A argumentação desenvolvida no texto está orientada no sentido de conduzir o leitor a concluir que:

Após a leitura dos textos, responda às questões

que se seguem.

Texto 1

1 No Brasil de hoje, talvez no mundo, parece

haver um duplo fenômeno de proliferação dos

poetas e de diminuição da circulação da poesia (por

exemplo, no debate público e no mercado). Uma

das possíveis explicações para isso é a resistência

que a poesia tem de se tornar um produto mercantil,

ou seja, de se tornar objeto da cultura de massas.

Ao mesmo tempo, numa sociedade de consumo e

laica, parece não haver mais uma função social

para o poeta, substituído por outros personagens. A

poesia, compreendida como a arte de criar poemas,

se tornou anacrônica?

2 Parece-me que a poesia escrita sempre será

– pelo menos em tempo previsível – coisa para

poucas pessoas. É que ela exige muito do seu

leitor. Para ser plenamente apreciado, cada poema

deve ser lido lentamente, em voz baixa ou alta, ou

ainda “aural", como diz o poeta Jacques Roubaud.

Alguns de seus trechos, ou ele inteiro, devem ser

relidos, às vezes mais de uma vez. Há muitas

coisas a serem descobertas num poema, e tudo

nele é sugestivo: os sentidos, as alusões, a

sonoridade, o ritmo, as relações paronomásicas, as

aliterações, as rimas, os assíndetos, as

associações icônicas etc. Todos os componentes

de um poema escrito podem (e devem) ser levados

em conta. Muitos deles são inter-relacionados. Tudo

isso deve ser comparado a outros poemas que o

leitor conheça. E, de preferência, o leitor deve ser

familiarizado com os poemas canônicos. (...) O

leitor deve convocar e deixar que interajam uns com

os outros, até onde não puder mais, todos os

recursos de que dispõe: razão, intelecto,

experiência, cultura, emoção, sensibilidade,

sensualidade, intuição, senso de humor, etc.

3 Sem isso tudo, a leitura do poema não

compensa: é uma chatice. Um quadro pode ser

olhado en passant; um romance, lido à maneira

dinâmica; uma música, ouvida distraidamente; um

filme, uma peça de teatro, um ballet, idem. Um

poema, não. Nada mais entediante do que a leitura

desatenta de um poema. Quanto melhor ele for,

mais faculdades nossas, e em mais alto grau, são

por ele solicitadas e atualizadas. É por isso que

muita gente tem preguiça de ler um poema, e muita

gente jamais o faz. Os que o fazem, porém, sabem

que é precisamente a exigência do poema – a

interação e a atualização das nossas faculdades –

que constitui a recompensa (incomparável) que ele

oferece ao seu leitor. Mas os bons poemas são

raridades. A função do poeta é fazer essas

raridades. Felizmente, elas são anacrônicas, porque

nos fazem experimentar uma temporalidade

inteiramente diferente da temporalidade utilitária em

que passamos a maior parte das nossas vidas.

(CÍCERO, Antônio. In: antoniocicero. Hogspot.com.br/

2008_09_01archive.html (adaptado de uma entrevista).

O advérbio em “-mente” que funciona no texto como indicador atitudinal – ou seja, indicador do estado psicológico com que o autor se representa diante daquilo que enuncia – encontra-se em:

Após a leitura dos textos, responda às questões

que se seguem.

Texto 1

1 No Brasil de hoje, talvez no mundo, parece

haver um duplo fenômeno de proliferação dos

poetas e de diminuição da circulação da poesia (por

exemplo, no debate público e no mercado). Uma

das possíveis explicações para isso é a resistência

que a poesia tem de se tornar um produto mercantil,

ou seja, de se tornar objeto da cultura de massas.

Ao mesmo tempo, numa sociedade de consumo e

laica, parece não haver mais uma função social

para o poeta, substituído por outros personagens. A

poesia, compreendida como a arte de criar poemas,

se tornou anacrônica?

2 Parece-me que a poesia escrita sempre será

– pelo menos em tempo previsível – coisa para

poucas pessoas. É que ela exige muito do seu

leitor. Para ser plenamente apreciado, cada poema

deve ser lido lentamente, em voz baixa ou alta, ou

ainda “aural", como diz o poeta Jacques Roubaud.

Alguns de seus trechos, ou ele inteiro, devem ser

relidos, às vezes mais de uma vez. Há muitas

coisas a serem descobertas num poema, e tudo

nele é sugestivo: os sentidos, as alusões, a

sonoridade, o ritmo, as relações paronomásicas, as

aliterações, as rimas, os assíndetos, as

associações icônicas etc. Todos os componentes

de um poema escrito podem (e devem) ser levados

em conta. Muitos deles são inter-relacionados. Tudo

isso deve ser comparado a outros poemas que o

leitor conheça. E, de preferência, o leitor deve ser

familiarizado com os poemas canônicos. (...) O

leitor deve convocar e deixar que interajam uns com

os outros, até onde não puder mais, todos os

recursos de que dispõe: razão, intelecto,

experiência, cultura, emoção, sensibilidade,

sensualidade, intuição, senso de humor, etc.

3 Sem isso tudo, a leitura do poema não

compensa: é uma chatice. Um quadro pode ser

olhado en passant; um romance, lido à maneira

dinâmica; uma música, ouvida distraidamente; um

filme, uma peça de teatro, um ballet, idem. Um

poema, não. Nada mais entediante do que a leitura

desatenta de um poema. Quanto melhor ele for,

mais faculdades nossas, e em mais alto grau, são

por ele solicitadas e atualizadas. É por isso que

muita gente tem preguiça de ler um poema, e muita

gente jamais o faz. Os que o fazem, porém, sabem

que é precisamente a exigência do poema – a

interação e a atualização das nossas faculdades –

que constitui a recompensa (incomparável) que ele

oferece ao seu leitor. Mas os bons poemas são

raridades. A função do poeta é fazer essas

raridades. Felizmente, elas são anacrônicas, porque

nos fazem experimentar uma temporalidade

inteiramente diferente da temporalidade utilitária em

que passamos a maior parte das nossas vidas.

(CÍCERO, Antônio. In: antoniocicero. Hogspot.com.br/

2008_09_01archive.html (adaptado de uma entrevista).

Ao se substituir por um nome o verbo da oração adjetiva de: “Tudo isso deve ser comparado a outros poemas que o leitor conheça.” (§ 2), comete-se, no português padrão, ERRO de regência nominal em:

Texto 2

1 Para o Brasil o homem da África foi trazido

principalmente como mão de obra: a mão de obra

capaz de substituir o indígena, pois este não estava

afeito ao trabalho sedentário e de rotina da lavoura.

(...)

2 Foi particularmente o escravo que influiu na

organização econômica e social do Brasil,

constituindo a escravidão uma daquelas três forças

– as outras duas, a monocultura e o latifúndio – que

caracterizam o processo de exploração da nova

terra portuguesa; e que fixaram igualmente a

paisagem social da vida de família ou coletiva no

Brasil. Esta distinção já a fazia Joaquim Nabuco,

em 1881, antecipando-se assim aos modernos

estudos de interpretação antropológica ou

sociológica sobre o negro: “o mau elemento da

população não foi a raça negra, mas essa raça

reduzida ao cativeiro", escreveu ele em “O

Abolicionismo".

3 Essa situação de escravo, portanto, marca

como traço fundamental e indispensável de ser

assinalada a presença do negro africano no Brasil;

a influência não foi do negro em si, mas do escravo

e da escravidão, já observou Gilberto Freyre.

Como escravo, e por causa da escravidão, o negro

africano teve sua vida perturbada; dela afastado

bruscamente, misturou-se com outros grupos

culturais. Esta circunstância contribuiu para que os

5

valores culturais de que era portador fossem

prejudicados em sua completa autenticidade ao se

integrar no Brasil.

4 Não puderam os escravos negros manter

íntegra sua cultura, nem utilizar preferentemente

suas técnicas em relação ao novo meio. Não foi

possível aos negros revelarem e aplicarem todo o

seu conjunto cultural: ou porque, ao contato com

outros grupos negros, receberam ou perderam

certos elementos culturais, ou porque, como

escravos, tiveram sua cultura deturpada. Daí os

sincretismos e os processos transculturativos.

5 Talvez este fato tenha concorrido para fazer

com que no novo meio nem sempre fosse o negro

um conformado; um joão-bobo que aceitasse

pacificamente o que lhe era imposto. Foi, ao

contrário, e por vezes através de processos

bastante expressivos – e o caso dos Palmares é

típico –, um rebelado.

(JÚNIOR, M. Diégues. Etnias e culturas no Brasil. 4 ed.: Rio,

Paralelo, INL, 1972, p. 85-6.)

A substituição do conectivo em destaque altera o sentido fundamental do enunciado em:

Texto 3

Banzo

Raimundo Correia

Visões que n‟alma o céu do exílio incuba,

Mortais visões! Fuzila o azul infando...

Coleia, basilisco de ouro, ondeando

O Níger... Bramem leões de fulva juba...

Uivam chacais... Ressoa a fera tuba

Dos cafres, pelas grotas retumbando,

E a estralada das árvores, que um bando

De paquidermes colossais derruba...

Como o guaraz nas rubras penas dorme,

Dorme em ninhos de sangue o sol oculto...

Fuma o saibro africano incandescente...

Vai co‟a sombra crescendo o vulto enorme

Do baobá... E cresce n‟alma o vulto

De uma tristeza, imensa, imensamente...

(In: RAMOS, Péricles Eugênio da Silva. Panorama da poesia

brasileira. Rio, Civilização Brasileira, 1959, v. III, p. 90-1.)

No poema, os dois vocábulos cujos encontros vocálicos constituem exemplos do fenômeno fonético conhecido como sinérese são:

Texto 5

Pneumotórax

Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos.

A vida inteira que podia ter sido e que não foi.

Tosse, tosse, tosse.

Mandou chamar o médico:

- Diga trinta e três.

- Trinta e três... trinta e três... trinta e três...

- Respire.

..................................................

- O senhor tem uma escavação no pulmão

esquerdo e o pulmão direito infiltrado.

- O s

- Então, doutor, não é possível tentar o

pneumotórax?

- Não. A única coisa a fazer é tocar um tango

argentino.

(BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira. Rio de

Janeiro: José Olympio, 1973, p.107.)

Percebe-se no poema de Manuel Bandeira a predominância de um tom propositalmente:

© Aprova Concursos - Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1482 - Curitiba, PR - 0800 727 6282