Atenção: Para responder às questões de números 48 a 51, baseie-se no texto abaixo.
Ai de ti, Ipanema
Há muitos anos, Rubem Braga começava assim uma de suas mais famosas crônicas: “Ai de ti, Copacabana, porque eu já fiz o sinal bem claro de que é chegada a véspera de teu dia, e tu não viste; porém minha voz te abalará até as entranhas.” Era uma exortação bíblica, apocalíptica, profética, ainda que irônica e hiperbólica. “Então quem especulará sobre o metro quadrado de teu terreno? Pois na verdade não haverá terreno algum.”
Na sua condenação, o Velho Braga antevia os sinais da degradação e da dissolução moral de um bairro prestes a ser tragado pelo pecado e afogado pelo oceano, sucumbindo em meio às abjeções e ao vício: “E os escuros peixes nadarão nas tuas ruas e a vasa fétida das marés cobrirá tua face”.
A praia já chamada de “princesinha do mar”, coitada, inofensiva e pura, era então, como Ipanema seria depois, a síntese mítica do hedonismo carioca, mais do que uma metáfora, uma metonímia.
No fim dos anos 50, Copacabana era o éden não contaminado ainda pelos plenos pecados, eram tempos idílicos e pastorais, a era da inocência, da bossa nova, dos anos dourados de JK, de Garrincha. Digo eu agora: Ai de ti, Ipanema, que perdeste a inocência e o sossego, e tomaste o lugar de Copacabana, e não percebeste os sinais que não são mais simbólicos: o emissário submarino se rompendo, as águas poluídas, as valas negras, as agressões, os assaltos, o medo e a morte.
(Adaptado de: VENTURA, Zuenir. Crônicas de um fim de século. Rio de Janeiro: Objetiva, 1999, p. 166/167)
No contexto em que ocorre, uma mesma qualificação aplica-se, de modo explícito, aos dois logradouros referidos na crônica:
Atenção: Para responder às questões de números 11 e 12, considere o texto abaixo.
Compreender o fenômeno das desigualdades escolares era um dos temas centrais de Pierre Bourdieu (1930-2002). Até meados do século XX, as desigualdades escolares eram interpretadas como uma questão de dom e mérito individual. Nessa perspectiva de leitura do fenômeno, impunha-se a universalização da educação pública e gratuita e a garantia da sua qualidade, para que todos, inclusive os nascidos em famílias das camadas populares, tivessem a oportunidade de alcançar melhores condições de vida. Acreditava-se na seleção baseada em critérios neutros e racionais, o que também contribuiria para o aumento da mobilidade social.
A década de 1960 é marcada, dentre outras, pela crise de uma concepção de escola e de educação. Alguns países já haviam democratizado o acesso ao ensino público e gratuito e, a despeito disso, pouco ou nada havia mudado. É o que demonstravam diversos estudos, patrocinados pelos governos americano, francês e inglês acerca dos seus sistemas de ensino: o sucesso escolar, contrariando as expectativas, não estaria ligado apenas às aptidões individuais, mas, ao contrário, estaria fortemente associado à origem social do aluno. Nesse cenário, a proposta teórica de Bourdieu aborda, entre outras, a problemática das desigualdades sociais em sua relação com as desigualdades escolares e, mais ainda, considera que as últimas reproduzem o sistema de hierarquização social.
(Adaptado de: Origem social e percurso: mérito e contingência entre egressos de um curso superior. Disponível em: DOI:
https://doi.org/10.23925/2175-3520.2021i52p10-21)
A partir da década de 1960, concluiu-se que havia forte associação entre
Qual é a relação sintático-semântica estabelecida entre os trechos “[...] ao buscar os sintomas pela internet [...]” e “[...] nosso medo de contrair doenças graves é potencializado [...]”?
Com a mudança de casa, o menino acabou descobrindo que as expressões “nunca mais” e “para sempre”
O comentário que está em DESACORDO com o emprego de palavras e expressões no texto é:.
Conclui-se da leitura do texto 2A01 que o sentimento predominante da personagem principal em relação ao fato narrado é de
Atenção: Para responder às questões de números 1 a 6, baseie-se no texto abaixo.
[Religiões e progresso]
É conhecida a tese de que nas sociedades pré-modernas, como o medievo europeu ou as culturas ameríndias e africanas
tradicionais, a religião não tem uma existência à parte das demais esferas da vida, não é um nicho compartimentalizado de devoção e
celebração ritual demarcado no tempo e no espaço, mas está integrada à textura do cotidiano comum e permeia todas as instâncias
da existência.
A separação radical entre o profano e o sagrado – entre o mundo secular regido pela razão, de um lado, e o mundo da fé,
regido por opções e afinidades estritamente pessoais, de outro – seria um traço distintivo da moderna cultura ocidental. Mas será isso
mesmo verdade? Até que ponto o mundo moderno teria de fato banido a emoção religiosa da vida prática e confinado a esfera do
sagrado ao gueto das preces, contrições e liturgias dominantes? Ou não seria essa compartimentalização, antes, um meio de
apaziguar as antigas formas de religiosidade e ajustar contas com elas ao mesmo tempo em que se abre e se desobstrui o terreno
visando a liberação da vida prática para o culto de outros deuses e de outra fé?
Não se trata, é claro, de negar o valor desses outros deuses: a ciência, a técnica, o conforto material, a sede de acumulação de
riquezas. O equívoco está em absolutizar esses novos deuses em relação a outros valores, e esperar deles mais do que podem
oferecer. A ciência jamais decifrará o enigma de existir; a tecnologia não substitui a ética; e o aumento indefinido de renda e riqueza
não nos conduz a vidas mais livres, plenas e dignas de serem vividas, além de pôr em risco o equilíbrio mesmo da bioesfera.
(Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 152-153)
Ao se referir aos novos deuses, aos outros deuses do nosso tempo, o autor está considerando a
Atenção: Para responder às questões de números 7 a 12, baseie-se no texto abaixo.
Sombra
Sombra, explicava a sabida boneca Emília, de Monteiro Lobato, é ar preto. Criança, não me tranquilizei: do escuro só podiam
surgir fantasmas, apagar a luz era dar uma oportunidade aos duendes e demônios do quarto. Só a luz possuía o dom confortante de
tocar deste mundo os habitantes do outro.
No ginásio, estudante de Física, não me tranquilizei. Sombra é o resultado da interposição de um corpo opaco entre o
observador e o corpo luminoso, sinal de que muitos corpos luminosos deixam de banhar-nos com sua luz desejável, sinal de que nos
faltam felicidades, de que muitos sóis necessários se interromperam em sua viagem até nossos olhos.
Não perguntar o que um homem possui, mas o que lhe falta. Isso é sombra. Não indagar de seus sentimentos, mas saber o
que ele não teve a ocasião de sentir. Sombra. Não se importar com o que ele viveu, mas prestar atenção à vida que não chegou até
ele, que se interrompeu de encontro a circunstâncias invisíveis, imprevisíveis. A vida é um ofício de luz e trevas. Enquadrá-lo em sua
constelação particular, saber se nasceu muito cedo para receber a luz da estrela ou se chegou ao mundo quando de há muito se
extinguiu o astro que deveria iluminá-lo.
Ontem vi uma menininha descobrindo sua sombra. Ela parava de espanto, olhava com os olhos arregalados, tentava agarrar a
sombra, andava mais um pouco, virava de repente para ver se o seu fantasma ainda a seguia. Era a representação dramática de um
poema infantil de Robert Stevenson, no qual uma menininha vai e vem, rodeando, saltando, gesticulando com seus bracinhos diante
de sua sombra, implorando por uma explicação impossível, dançando um balé que será a sua própria vida.
(Adaptado de: CAMPOS, Paulo Mendes. Os sabiás da crônica. Antologia. Org. Augusto Massi. Belo Horizonte: Autêntica, 2021, p. 211-212)
Ao falar de seu tema – Sombra – o cronista aborda-o
Leia atentamente o texto a seguir para responder às questões de 1 a 20.


De acordo com o texto, as mulheres
Leia atentamente o texto a seguir para responder às questões de 1 a 20.


Para a autora, é instagramável (linha 62) o que
Leia atentamente o texto a seguir para responder às questões de 1 a 20.


A palavra grifada relaciona um objeto indireto ao verbo em
Leia atentamente o texto a seguir para responder às questões de 1 a 20.


O referente do pronome grifado está corretamente indicado em