Quem nunca se deparou com alguma antiga anotação e se frustrou por não conseguir entender a própria
caligrafia? A triste verdade: estamos esquecendo como escrever à mão!
Escrever à mão está entre as técnicas culturais mais importantes da evolução humana. Milhares de anos atrás,
as informações eram esculpidas em argila ou pedra, ou escritas com tinta em folhas de palmeira, pergaminho ou
papiro. Até a invenção da imprensa, a escrita à mão era a única maneira de registrar a linguagem em qualquer meio
que fosse.
A escrita mais antiga de que se tem conhecimento tem cerca de 5 mil a 6 mil anos: desenvolvida pelos sumérios
no atual Iraque, a escrita cuneiforme era utilizada na administração do comércio. Essa escrita pictórica consistia em
cerca de 900 pictogramas e ideogramas, ou seja, símbolos e sinais que eram riscados em tábuas de argila úmida com
pedaços de madeira. Com o tempo, essa "caligrafia" evoluiu para várias fontes e também para nosso alfabeto
moderno.
Ao contrário da fala, a escrita antigamente era reservada apenas a uma minoria: a nobreza, os intelectuais e os
comerciantes. O fato de tantas pessoas saberem ler e escrever hoje em dia é resultado da introdução da escolaridade
obrigatória no século XX.
Nestes tempos virtuais, nós nos limitamos a digitar em computadores e smartphones e, quando muito,
fazemos uma lista de compras ou poucas outras anotações à mão. Raramente — ou com certa relutância — nos
comunicamos por meio de canetas e papel, enquanto a comunicação por e-mails, mensagens de texto ou —
sobretudo entre os mais jovens — por mensagens de voz virou a regra.
Em plena era digital, agora nos parece extremamente tedioso escrever um texto mais longo à mão. Para que
um cartão de aniversário ou uma carta sejam escritos de forma particularmente bela, é necessário dedicar toda nossa
concentração.
Desde crianças, aprendemos a escrever à mão da forma mais correta e ordenada possível. Embora todas as
crianças aprendam as mesmas letras, a escrita de cada um é sempre muito particular. Durante a adolescência e o
início da fase adulta, nossa caligrafia costuma mudar significativamente, mas depois disso ela permanece
praticamente a mesma para a maioria das pessoas — cada um desenvolve uma caligrafia única.
Mas sem prática e controle, a caligrafia só tende a piorar. Problemas de caligrafia são há muito um problema
da sociedade como um todo, e não apenas dos estudantes, como muitas vezes se supõe. A caligrafia correta e legível,
afinal, passa por uma verificação na escola.
Ainda assim, a Associação Alemã de Educação e Formação vem há anos reclamando do declínio das
habilidades de escrita e do aumento dos déficits motores entre crianças em idade escolar. De acordo com o Estudo
sobre o desenvolvimento, os problemas e as intervenções na questão da caligrafia (STEP 2022), cada vez mais crianças
estão tendo dificuldades para escrever de forma rápida e legível. E os lockdowns e a prática de ensino domiciliar
durante a pandemia do coronavírus só pioraram a situação.
À medida que as pessoas envelhecem, durante a adolescência e no início da idade adulta, a caligrafia tende a
se tornar cada vez mais ilegível — também por causa da falta de prática e controle.
Digitar em um teclado é imbatível, especialmente para textos mais longos, pois a estrutura do texto pode ser
alterada conforme desejado. A correção automática também elimina erros banais, tornando a escrita mais rápida,
mais legível e menos cansativa.
A escrita à mão, por outro lado, desafia o cérebro mais do que a digitação e, portanto, promove o aprendizado.
Além disso, ao se escrever, o cérebro compara a escrita resultante com modelos aprendidos das letras e palavras e
ajusta a posição dos dedos em tempo real. Olhos e cérebro monitoram constantemente se os dedos estão segurando
a caneta corretamente, aplicando a quantidade certa de pressão, e se claras linhas são criadas ao escrever. Isso requer
uma coordenação muito precisa entre os processos visuais e motores. É essa combinação de informação visual e
processamento de informação que promove o aprendizado.
De fato, a escrita à mão é mais lenta do que a digitação, mas isso não é necessariamente uma desvantagem. A
lentidão natural nos obriga a processar informações de forma mais intensiva.
Resumimos o que ouvimos ou pensamos com mais clareza, destacamos palavras-chave ou citações concisas,
às vezes usamos setas ou marcadores para estabelecer conexões e, geralmente, nos envolvemos mais intensamente
com o conteúdo, retendo-o em nossa memória por mais tempo.
Internet: <https://g1.globo.com > (com adaptações).
Considerando as relações coesivas estabelecidas no texto, assinale a alternativa que associa, corretamente, uma expressão empregada no texto e o termo que ela retoma, respectivamente.