"A escrita da história, publicado por [Michel de] Certeau em 1975, foi (escrevia [Pierre] Vidal-Naquet) um livro importante, que contribuiu para arranhar a orgulhosa inocência dos historiadores: 'Desde então tomamos consciência do fato que o historiador escreve, produz um espaço e um tempo, embora estando ele próprio inserido num espaço e num tempo'. Mas (continuava Vidal-Naquet) não devemos nos desfazer da velha noção de 'realidade' no sentido, evocado por [Leopold von] Ranke um século antes, daquilo 'que realmente aconteceu'. (...). 'Eu tinha a convicção de que havia um discurso sobre as câmaras de gás, que tudo devia passar por dizê-lo, mas que além, ou, melhor dizendo, aquém disso, havia algo de irredutível, que, na falta de melhor, continuarei a chamar de realidade. Sem essa realidade, como distinguir entre romance e história?'"
Fonte: GINZBURG, Carlo. O fio e os rastros. São Paulo: Companhia das Letras, 2007, pp. 216-217.
Em diálogo com o excerto, assinale a alternativa correta em relação às reflexões do historiador francês Pierre Vidal-Naquet sobre a escrita da história: