[...] Fica claro, então, sem necessidade de outras provas, que a moeda é muito útil e oportuna para o bem da comunidade pública, aliás, muito necessária, como demonstra Aristóteles, no seu quinto livro de Ética. Mesmo que o poeta Ovídio diga:
Se extraídas da terra as riquezas que dão origem aos males, e agora o ferro deletério e, mais deletério do que o ferro, o ouro etc.
O que quer dizer, em vernáculo, que as riquezas, isto é, o ouro e a prata, que se arrancam e extraem das entranhas da terra são as burlas e os logros dos homens maus, pois muitos males são feitos e perpetrados por causa delas, seguidos de infinitos homicídios, como ocorreu no passado e ocorre até hoje diante dos nossos olhos. Mas isso acontece por causa da cobiça perversa dos homens maus e não pelo dinheiro em si, pois ele é muito amigo e necessário à vida humana e seu uso é muito bom.
(adaptado de: ORESME, Nicole. Pequeno Tratado da Primeira Invenção das Moedas (1355). Tradução, introdução e notas por Marzia Terenzi Vicentini. Curitiba: Segesta, 2004, p. 36-37).
Nicole d'Oresme (1320-1382) natural da Normandia, em sua vida foi teólogo, bispo e participou da política. Realizou este tratado sobre as moedas a pedido do rei Carlos V no período da reforma monetária. Esta obra traz consigo diversas informações que desmistificam o uso da moeda e o comércio na Idade Média Ocidental.
Sobre o pensamento econômico medieval, assinale a alternativa CORRETA: