Para Aristóteles, a Física é a segunda ciência teórica ou filosofia segunda, cujo objeto de
investigação consiste na substância sensível (segunda em relação à suprassensível, que é a
primeira), intrinsecamente caracterizada pelo movimento, diferentemente da metafísica que tinha
por objeto a substância imóvel. Sobre a Teoria Aristotélica acerca da Física e da Matemática, é
adequado afirmar:
I. Nos livros de Física de Aristóteles só existem considerações sobre o caráter metafísico, dado que os
âmbitos das ciências se comunicam estruturalmente entre si a tal ponto que não existem distinção entre o
sensível e o suprassensível. O suprassensível é causa e razão do sensível e vice-versa, e tanto a indagação
metafísica como a indagação física (no mesmo sentido) acabam no suprassensível.
II. A física para Aristóteles é a ciência das formas e das essências. Comparada com a física moderna, a
aristotélica resulta em uma ontologia ou em uma metafísica do sensível, mais do que em uma ciência positiva.
III. Se a física é a teoria da substância em movimento, faz-se evidente que a explicação desse movimento
constituirá sua parte principal. O movimento ou a mudança em geral consiste, precisamente, em passar do
estado do ser em potência até o ser em ato (o movimento é o ato de atualização do que é em potência
enquanto tal).
IV. Os objetos matemáticos não são entidades reais, porém tampouco são algo irreal. Subsistem
potencialmente nas coisas sensíveis e nossa razão separa mediante a abstração. Trata-se de entes de razão
que só subsistem em ato em nossas mentes, em virtude precisamente de nossa capacidade de abstração
(subsistem como separados só em nossa mente e exclusivamente graças a ela). Em potência, subsistem nas
coisas enquanto sua propriedade intrínseca.
V. Aristóteles dividiu a realidade sensível em duas esferas claramente diferenciadas entre si: por um lado, o
mundo sublunar e, por outro, o mundo supralunar. O mundo sublunar está caracterizado por um movimento
local e, mais exatamente, pelo movimento circular, que jamais permite corrupção. Ao contrário, o mundo
celeste se caracteriza por todas as formas de mudança entre as quais predominam a geração e a corrupção.