Em Platão, a relação entre as ideias e as coisas não é dualista no sentido mais usual do termo, pois
que as ideias constituem a verdadeira causa das coisas. A concepção platônica das relações entre
alma e corpo introduz, além do elemento metafísico-ontológico, o fator religioso do orfismo. Sobre a
concepção antropológica de Platão, é falso afirmar:
I.Enquanto tenhamos corpo, estamos mortos, porque somos fundamentalmente nossa alma, e a alma
enquanto se acha em um corpo está como em uma tumba e, portanto, insensibilizada. Nossa morte corporal é
viver, porque, ao morrer o corpo, a alma se liberta do cárcere.
II. A alma é a raiz de todo o mal, é a origem dos amores enlouquecidos, das paixões, das inimizades, das
discórdias, ignorância e demência: precisamente, tudo isto é o que leva o corpo à morte. Esta concepção
negativa da alma se atenua de certo modo nas últimas obras de Platão, porém jamais desaparece por
completo.
III. Platão nos desvela, de modo muito explícito, que fugir do mundo significa transformar-se em virtuoso e
tratar de assemelhar-se a Deus: o mal não pode desaparecer porque sempre tem que haver algo oposto e
contrário ao bem. Por isto é conveniente dispormos a fugir daqui com a máxima rapidez, e este fugir é um
assemelhar-se a Deus naquilo que é possível a um homem, e assemelhar-se a Deus é adquirir justiça e
santidade e, ao mesmo tempo, sabedoria.
IV. Para se fazer uma ideia precisa acerca de qual é o destino das almas depois da morte, em primeiro lugar
deve-se colocar claramente a noção platônica da metempsicose. Como já se sabe, a metempsicose é uma
doutrina que afirma que a alma se traslada através de distintos corpos, renascendo em diversas formas
viventes.
V. Em Fedro, Platão diz que os homens são aqueles seres quem amam a cidade mais que os demais seres,
cumprindo com zelo necessário suas obrigações e, sobretudo, conhecendo o Bem. Portanto, em todos os
homens predomina a alma racional e sua virtude específica é a sabedoria.