A hanseníase é uma doença infectocontagiosa, e
as manifestações clínicas da doença estão
diretamente relacionadas ao tipo de resposta ao M.
leprae. Temos então, as seguintes formas clínicas da
doença:
I. Hanseníase Indeterminada: forma inicial, evolui
espontaneamente para a cura na maioria dos casos ou
evolui para as chamadas formas polarizadas em cerca
de 25% dos casos, o que pode ocorrer em 3 a 5 anos.
Geralmente, encontra-se apenas uma lesão, de cor
mais clara que a pele normal, com distúrbio da
sensibilidade, ou áreas circunscritas de pele com
aspecto normal e com distúrbio de sensibilidade,
podendo ser acompanhadas de alopécia e/ou
anidrose. Mais comum em crianças.
II. Hanseníase Tuberculoide: forma mais benigna e
localizada, ocorre em pessoas com alta resistência ao
bacilo. As lesões são poucas (ou única), de limites bem
definidos e um pouco elevados e com ausência de
sensibilidade (dormência). Ocorre comprometimento
simétrico de troncos nervosos, podendo causar dor,
fraqueza e atrofia muscular. Próximo às lesões em
placa podem ser encontrados filetes nervosos
espessados. Nas lesões e/ou trajetos de nervos pode
haver perda total da sensibilidade térmica, tátil e
dolorosa, ausência de sudorese e/ou alopécia. Pode
ocorrer a forma nodular infantil, que acomete crianças
em 1 a 4 anos, quando há um foco multibacilar no
domicílio. A clínica é caracterizada por lesões
papulosas ou nodulares, únicas ou em pequeno
número, principalmente na face.
III. Hanseníase virchowiana (ou lepromatosa): nestes
casos a imunidade celular é nula e o bacilo se
multiplica muito, levando a um quadro mais grave,
com anestesia dos pés e mãos que favorecem os
traumatismos e feridas que podem causar
deformidades, atrofia muscular, inchaço das pernas e
surgimento de lesões elevadas na pele (nódulos). As
lesões cutâneas caracterizam-se por placas infiltradas
e nódulos (hansenomas), de coloração eritematoacastanhada
ou ferruginosa que podem se instalar
também na mucosa oral. Pode ocorrer inflitração
facial com madarose superciliar e ciliar, hansenomas
nos pavilhões auriculares, espessamento a acentuação
dos sulcos cutâneos. Pode ainda ocorrer
acometimento da laringe, com quadro de rouquidão e
de órgãos internos (fígado, baço, suprarrenais e
testículos), bem como, a hanseníase históide, com
predominância de hansenomas com aspecto de
quelóides ou fibromas, com grande número de
bacilos. Ocorre comprometimento de maior número
de troncos nervosos de forma simétrica.
IV. Hanseníase Dimorfa (ou Borderline): forma
intermediária que é resultado de uma imunidade
também intermediária, com características clínicas e
laboratoriais que podem se aproximar do polo
tuberculoide ou virchowiano. O número de lesões
cutâneas é maior e apresentam-se como placas,
nódulos eritemato acastanhadas, em grande número,
com tendência a simetria. As lesões mais
características nesta forma clínica são denominadas
lesões pré faveolares ou faveolares, sobreelevadas ou
não, com áreas centrais deprimidas e aspecto de pele
normal, com limites internos nítidos e externos
difusos. O acometimento dos nervos é mais extenso
podendo ocorrer neurites agudas de grave
prognóstico.