Historicamente, as influências militares sobre a
educação física e a ginástica escolar evidenciavam
a utilização de atividades estritamente práticas, as
quais objetivavam o aprendizado e o
aprimoramento técnico. Darido (1995) relata que,
até a década de 1980, era claramente observável
uma ênfase na formação esportivista do professor
de educação física escolar, que estava ligada ao
esporte de rendimento máximo. Dessa forma,
valorizava-se a seleção dos mais habilidosos, sendo
que, para cumprir tais finalidades, os profissionais
de educação física eram formados na perspectiva
do “saber fazer para ensinar”.
Contrapondo-se a esse modelo, em meados da
década de 1980, algumas Instituições de Ensino
Superior lançaram novas propostas curriculares em
que a ênfase passou a ser o conhecimento
científico. Dessa forma, a formação do profissional
de educação física deixa de ter sua ênfase na prática
de modalidades esportivas para a valorização da
teoria. Essa nova perspectiva baseia-se na premissa
de que o ensino é ou deveria ser uma ciência.
Assim, a solução dos problemas práticos na
educação física deve ser proveniente de estudos
acadêmicos que, por meio de princípios universais
de ensino e generalizações, viabilizem a construção
de uma única e grande teoria. Na tentativa de
atenuar esse afastamento entre teoria e prática na
formação curricular presentes nessas duas
propostas, Darido (1995) sugere que seja adotado
um modelo curricular em que a prática de ensino
não se faça presente apenas no final da formação,
mas que possibilite e estimule a prática desde a
formação inicial, por meio de uma reflexão na ação
e sobre a ação.
Nesse contexto, Marcellino (1995) relata a
existência de uma falsa dicotomia entre teoria e
prática na educação física. Para esse autor, teoria e
prática não podem ser vistos como antagônicas,
mas como algo englobado em um conceito único.
Geralmente, a teoria é vista como um discurso que
se mostra distante da realidade e da experiência
vivida. Já a prática é, muitas vezes, vista como uma
experiência desvinculada da teoria, o que implica
caracterizá-la como uma ação desprovida de
sentido. Na educação física, essa problemática é
ainda mais intensa, pois existe uma tendência de
associar a prática da educação física
exclusivamente à realização de alguma modalidade
esportiva ou atividade corporal, o que torna a
relação com a teoria ainda mais restrita. Uma
abordagem crítica da educação física pressupõe que
o professor deverá selecionar os conteúdos nas
aulas de modo a propiciar ao aluno a leitura da
realidade sociocultural em que ele está inserido.
Nesse contexto, a educação física passa a ser
entendida como uma disciplina que trata de um tipo
de conhecimento denominado cultura corporal, que
tem como temas o jogo, a ginástica, o esporte, a
dança, as lutas e demais formas de manifestação do
movimento. Para tanto, torna-se imprescindível que
o professor realize o planejamento de suas aulas,
considerando as características dos alunos, suas
vivências e experiências, bem como o contexto
sociocultural no qual a escola encontra-se.
As diversas abordagens da educação física escolar e
suas relações com Filosofia, História e Sociologia
identificam a necessidade de superar a dicotomia
entre teorias educacionais e organização didática de
sua prática docente. Para elaborar o planejamento
das atividades pedagógicas é correto que o
professor: