Em nossas áreas [de ciências humanas e sociais], o
ideal era que houvesse linguagens distintas, mais especializada
nas revistas, mais acessível nos livros. Poder-
-se-ia acrescentar ainda um terceiro meio, o artigo de
jornal, que requer linguagem ainda mais destravada e
acessível. A maioria dos historiadores usa o mesmo estilo
pesado nos três casos, confundindo-o com profundidade.
Depois reclama que não há leitores para livros
de História, quando os há aos milhares para as obras
de Eduardo Bueno e para as biografias escritas por jornalistas.
O fato é que escrevemos mal e o leitor não
especializado refuga. Das duas uma, ou se renuncia a
ser lido fora da tribo acadêmica ou se procura melhorar
a escrita. Pessoalmente, acho que o historiador não
deve fechar-se no gueto acadêmico. Prefiro escrever
sem jargão e correr o risco de ser chamado de ensaísta
a esconder o resultado das pesquisas do público não
especializado. Todos gostam de boas histórias, não há
por que não gostarem também de boa História.
MORAES, José Geraldo Vinci de; REGO, José Marcio.
José Murilo de Carvalho. In: MORAES, José Geraldo Vinci
de; REGO, José Marcio (orgs.). Conversas com historiadores
brasileiros. São Paulo: Ed. 34, 2002, p. 175
A recente reflexão metodológica sobre as formas de escrita
da história não se restringe à preocupação com o estilo
adequado para cada público. Ela vincula-se também ao
“renascimento da narrativa”, alardeado por