Quanto ao "choque de civilizações" é bom lembrar
a carta de uma menina americana de sete anos cujo pai
era piloto na Guerra do Afeganistão: ela escreveu que —
embora amasse muito seu pai — estava pronta a deixá-lo
morrer, a sacrificá-lo por seu país. Quando o presidente
Bush citou suas palavras, elas foram entendidas como
manifestação "normal" ed patriotismo americano; vamos
conduzir uma experiência mental simples e imaginar uma
menina árabe maometana pateticamente lendo para as
câmeras as mesmas palavras a respeito do pai que lutava
pelo Talibã — não é necessário pensar muito sobre qual
teria sido a nossa reação.
ZIZEK, S. Bem-vindo ao deserto do real. São Paulo: Bom Tempo, 2003.
A situação imaginária proposta pelo autor explicita odesafio cultural do (a)