Como muitos antropólogos já concluíram, a distinção clássica
entre natureza e cultura não pode ser utilizada para descrever
dimensões ou domínios internos a cosmologias não-ocidentais
sem passar antes por uma crítica etnológica rigorosa. Tal crítica
exige a dissociação e redistribuição dos predicados subsumidos
nessas duas séries paradigmáticas que tradicionalmente se
opõem (natureza e cultura): universal e particular, objetivo e
subjetivo, dado e construído, humanidade e animalidade, entre
tantos outros. Um dos traços do pensamento ameríndio seria seu
multinaturalismo em contraste com as cosmologias
multiculturalistas modernas. Enquanto estas se apóiam na
implicação mútua entre unicidade da natureza e multiplicidade
das culturas, a concepção ameríndia suporia uma unidade do
espírito e uma diversidade dos corpos. Recombinar, portanto,
para depois dessubstancializar, pois as categorias de Natureza e
Cultura, no pensamento ameríndio, não possuem o mesmo
estatuto de seus análogos ocidentais; elas não assinalam regiões
do ser, mas antes configurações relacionais, pontos de vista.
(CASTRO, E.Viveiros de (adaptado de http://www.oquenosfazpensar.com/web/).)
Assinale a alternativa que identifica a corrente teórica da
antropologia contemporânea descrita no trecho citado.