“Foi nos séculos XVII e XVIII que a moralidade passou a ser entendida em geral como
oferecendo uma solução para os problemas gerados pelo egoísmo e que o conteúdo da
moralidade passou a ser igualado ao do altruísmo, pois foi nesse mesmo período que os
homens passaram a ser vistos como se fossem, num grau perigoso, egoístas por
natureza; e é só quando consideramos a humanidade perigosamente egoísta por
natureza que o altruísmo se torna, de imediato, socialmente necessário, porém
obviamente impossível e, se e quando ocorre, inexplicável. Na tese aristotélica tradicional,
tais problemas não surgem, pois o que a educação em virtudes me ensina é que o meu
bem como homem é o mesmo que o bem dos outros, a quem estou unido na comunidade
humana. A minha busca do meu bem como um homem não é necessariamente
antagônica à sua procura do seu, pois o bem não é meu bem nem seu __ os bens não são
propriedade privada. Consequentemente, a definição aristotélica de amizade, a forma
fundamental de relacionamento humano, tem como fundamento os bens compartilhados.
O egoísmo é, então, para os mundos antigo e medieval, sempre alguém que cometeu um
erro fundamental com relação ao lugar do seu próprio bem, e alguém que, assim, excluiu
a si mesmo dos relacionamentos humanos.
MACINTYRE, Alasdair. Depois da virtude: um estudo em teoria moral. Trad. Jussara Simões. Bauru, SP:
EDUSC. p.383-384
A partir desse texto, confrontando-se as concepções moderna e antiga de moralidade, é
CORRETO afirmar que