Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamentos de
fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor.
E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar
para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma
a não abrir todas as cortinas. E, porque não abre as
cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E,
à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar,
esquece a amplidão.
COLASANTI, M. Eu sei, mas não devia. Rio de Janeiro: Rocco, 1996.
A progressão é garantida nos textos por determinados
recursos linguísticos, e pela conexão entre esses
recursos e as ideias que eles expressam. Na crônica, a
continuidade textual é construída, predominantemente,
por meio