No dia 10 de março de 2016, o promotor Cassio Conserino virou piada na internet ao citar o filósofo Georg Wilhelm Friedrich
Hegel no pedido de prisão preventiva do ex-presidente Lula. Ao lado de José Carlos Blat e Fernando Henrique de Moraes Araújo, do
Ministério Público de São Paulo, no item 129 da denúncia, lê-se: “As atuais condutas do denunciado LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA,
que outrora chegou a emocionar o país ao tomar posse como Presidente da República em janeiro de 2003 (‘o primeiro torneiro
mecânico’ a fazê-lo de forma honrosa e democrática), certamente deixariam Marx e Hegel envergonhados”. Uma grande confusão
por parte de Conserino, pois percebe-se que queria se referir, de forma irônica, à dupla Karl Marx e Friedrich Engels, autores de “O
Manifesto Comunista”, e acabou citando Hegel, que, de fato, é reconhecidamente um dos maiores pensadores da corrente dialética
e do historicismo, mas não da esquerda.
Sobre o pensamento marxista de Marx e Engels, examine as asserções seguintes:
I- O capitalismo é um sistema no qual a burguesia concentra o capital e os meios de produção (instalação, máquina e matéria-prima)
e explora o trabalho do proletariado, mantendo-o numa situação de pobreza e alienação. Por estar baseado nessa característica
contraditória, a de explorar seu próprio alicerce - a classe trabalhadora -, o sistema prepara o caminho para sua própria destruição.
II- O conceito de luta de classes explica a oposição entre explorados (trabalhadores) e exploradores (proprietários dos bens de
produção). De acordo com o socialismo científico, a luta de classes desencadearia uma revolução proletária que teria como
resultado o fim do capitalismo e a implantação do comunismo. Nesse novo sistema, essa luta de classes não existiria mais, pois não
haveria mais exploradores e explorados.
III- Mais-valia é um conceito que explica a exploração do trabalhador pelo empresário. É a diferença entre a riqueza gerada pelos
operários e o valor pago, em forma de salário, pelos empresários a esses trabalhadores. É assim que o capitalista acumula capital.
De acordo com Marx e Engels, a mais-valia deve permanecer no comunismo.
IV- O Marxismo propõe um determinado modelo teórico, fundando o que podemos chamar de “história científica”, ou seja,
pertence às correntes teóricas que caracterizam a história como uma ciência. Em síntese, o marxismo rompe com a filosofia da
história idealista, rejeitando os pressupostos filosóficos que embasariam a construção do conhecimento.
V- O materialismo histórico é passível de observação, análise e quantificação. Dessa forma, podemos observar que o materialismo
histórico trabalha com aquilo que é possível mensurar nas sociedades, por exemplo, as estruturas econômico-sociais, escapando das
formulações mais filosóficas.
Estão corretos os itens:
“Lutai primeiro pela alimentação e pelo vestuário, e em seguida o
reino de Deus virá por si mesmo”.
Essa frase de Hegel é citada antes da Tese 4, de Walter
Benjamim, na qual o autor comenta a tese de Marx sobre a luta
de classes. Longe de ser apenas “uma luta pelas coisas brutas e
materiais, sem as quais não existem as refinadas e espirituais”,
essa luta também significa a manifestação de coisas espirituais,
que “questionarão sempre cada vitória dos dominadores”. Nesse
sentido, o passado “tenta dirigir-se para o sol que se levanta no
céu da história. O materialismo histórico deve ficar atento a essa
transformação, a mais imperceptível de todas”.
BENJAMIN, Walter. “Sobre o conceito de História”, In: Magia e técnica, arte e
política. Tradução de Sérgio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1993, pp.223-24
As Teses de Benjamin exemplificam uma nova percepção da
História e da temporalidade de uma geração de intelectuais que
renovou o entendimento da tradição hegeliano-marxista, na
primeira metade do século XX.
Com base na citação, assinale a opção que caracteriza
corretamente as teses de Benjamin sobre a História.
Iluminismo foi um movimento intelectual que ocorreu na Europa do século XVIII, e teve sua maior expressão na França, palco de grande desenvolvimento da Ciência e da Filosofia. Teve grande influência à nível cultural, social, político e espiritual. Todas as afirmações sobre esse movimento estão corretas, EXCETO.
Em 2016, completam-se cento e quarenta e cinco anos de nascimento e fim da Comuna de Paris. Analisemos a discussão
historiográfica, em um viés marxista, referente a este tema:
“Para que uma revolução social possa triunfar são necessárias pelo menos duas condições: forças produtivas altamente
desenvolvidas e um proletariado bem preparado. Mas em 1871 estas duas condições estavam ausentes. O capitalismo estava ainda
pouco desenvolvido e a França era sobretudo um país de pequena burguesia (artesões, camponeses, lojistas, etc). Não existia
partido operário; a classe operária não tinha nem preparação nem grande arrebatamento e, no seu conjunto, não tinha mesmo uma
ideia muito clara das suas tarefas e dos meios de as realizar. Não havia nem uma real organização política do proletariado, nem
sindicatos nem associações cooperativas de massa" (LENIN, apud MARX e ENGELS, 1979, p. 21).
Sobre o texto acima, podemos afirmar que:
Leia o texto a seguir:
Não obstante a grande obra de Marx ser
a crítica ao modo de produção
capitalista, sua análise não se faz apenas
pelo aspecto econômico. Sua teoria
considera a economia como parte da vida
social, parte da história que é a produção
da existência humana. Falamos, assim,
sobre as classes sociais decorrentes da
divisão social do trabalho, falamos da
vida de homens e mulheres que não
apenas trabalham. Eles comem,
reproduzem-se, vivem em sociedade,
relacionam-se, constroem laços de
amizade e de colaboração e de
competição, pertencem a diferentes
grupos, têm ideologias, afetos, filiação
religiosa etc. E constroem sua história
em espaços-tempos determinados.
Ciavatta, M. Da Educação Politécnica à
Educação Integrada: Como se escreve a
história da educação Profissional.
Disponível em: <
https://www.fe.unicamp.br> Acesso em 20
ago. 2016
Analise as alternativas a seguir e assinale a que
estiver em desconformidade com o desdobramento
do texto:
Entre as teorias que procuram explicar o capitalismo, podem
se destacar duas grandes correntes, representadas por Karl Marx
(1818-1883) e Max Weber (1864-1920). Max Weber procura explicar
a origem do capitalismo como:
A unificação alemã foi articulada pelo reino da:
Leia atentamente os textos a seguir:
“As práticas imperialistas, do ponto de vista da
lógica capitalista, referem-se tipicamente a
exploração das condições geográficas desiguais
sob as quais ocorre a acumulação do capital,
aproveitando-se igualmente do que chamo de
as ‘assimetrias’ inevitavelmente advindas das
relações espaciais de troca. Estas últimas se
expressam em trocas não leais e desiguais, em
forças monopolistas espacialmente articuladas,
em práticas extorsivas vinculadas com fluxos de
capital restritos e na extração de rendas
monopolistas.”
David Harvey. O novo imperialismo (2004, p. 35).
“O aparecimento de dois novos elementos
reestruturadores do capitalismo na passagem
do século XX para o XXI torna ainda mais
complexo o entendimento acerca do seu
funcionamento. Em primeiro lugar, o
movimento de reestruturação do capital global
decorre do colapso na liderança dos dois blocos
de países que até pouco tempo atrás
organizavam o mundo, a partir do final da
Segunda Grande Guerra, quando os Estados
Unidos assumiram, de fato, a posição de centro
hegemônico capitalista. [...] E, em segundo
lugar, destaca-se o intenso
processo de hipermonopolização do capital,
expresso pelo poder inequívoco de não
mais de 500 grandes corporações
transnacionais a dominar qualquer
setor de atividade econômica e responder por
cerca da metade do PIB global".
Marcio Pochmann. Publicado em Revista Carta Capital,
11/01/2011.
Disponível em: http://www.cartacapital.com.br/politica/mudancasno-capitalismo-global
Considerando os textos acima, julgue (V
Verdadeiro e F Falso) os itens a seguir e
assinale a alternativa CORRETA.
I. No contexto atual das relações
interimperialistas, as multinacionais
organizam sua expansão baseadas, entre
outras coisas, na exploração das
desigualdades ou assimetrias existentes
entre os países, na oferta de recursos e nas
configurações do mercado de trabalho.
Nesse sentido, sua expansão para os países
periféricos tem garantido os processos de
acumulação de capital, seja via exportação
de infraestruturas, expansão de mercados ou
mesmo intensificação da exploração do
trabalho.
II. As potências mundiais, na condução das
disputas contemporâneas, têm se utilizado
dos acordos e sanções econômicas,
medidas financeiras protecionistas e da
formação de blocos econômicos, deixando
de ter importância o poder bélico das forças
militares na arquitetura das relações de
poder no Sistema Internacional.
III. A alteração de uma ordem mundial bipolar
para um mundo chamado multipolar
recompôs o quadro de relações das
potências mundiais, eliminando com isso as
assimetrias econômicas existentes entre os
países asiáticos, africanos e latinoamericanos.
IV. Como consequências das atuais
configurações do capitalismo global, parte da
manutenção das dinâmicas de acumulação,
pode-se incluir a destruição dos recursos
ambientais globais (terra, ar, águ(A), a
transformação em mercadoria de formas
culturais, históricas e da criatividade
intelectual, além da privatização de uma
série de bens e direitos até agora públicos
em muitos países (como as universidades e
o acesso à saúd(E).
“O ano de 1820 traria profunda mudança no panorama político.
(...) Em 24 de agosto de 1820, a cidade do Porto se sublevava.
Constituíram–se as Cortes exigindo a promulgação de uma
Constituição nos moldes da Constituição espanhola. (...) Os
acontecimentos repercutiram no Brasil, onde as adesões à
revolução constitucionalista do Porto se multiplicaram”.
(COSTA, Emília Viotti da. Da monarquia à República: momentos decisivos. São
Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1999. p. 42.)
A autora estabeleceu uma conexão entre os acontecimentos
das primeiras décadas do século XIX em Portugal, na Espanha e
no Brasil. Esta conexão se fundamenta na defesa, pelos agentes
revolucionários dos três lugares, de ideais baseados no
Sobre a história e o papel da ONU, marque V para
verdadeiro ou F para falso e, em seguida, assinale a
alternativa que apresenta a sequência correta.
( ) A ONU foi criada a partir do sucesso da Liga das
Nações e em vista de expandir seus membros.
( ) Desde sua criação, a ONU foi alvo de críticas. Um
de seus principais críticos nesse período foi o
governo francês, através da figura de Charles de
Gaulle, excluído das primeiras conferências e cético
quanto à manutenção de uma paz global não
baseada em tratados de defesas estabelecidos
diretamente entre os próprios países.
( ) O Conselho de Segurança da ONU, a exemplo dos
demais órgãos, não possui poder de intervenção
direta e uso de força, podendo apenas fazer
“recomendações” às nações envolvidas que não
cumprirem determinações.
Em 14 de maio de 1948, é proclamado o Estado de Israel, tendo como primeiro ministro David Ben Gurion, do Partido Trabalhista. Nesse mesmo ano, eclode a primeira guerra árabe-israelense, dando início a uma série de conflitos que se mantêm até os dias atuais. Dentre esses conflitos, um particularmente despertou a opinião pública mundial para a causa palestina, que foi a Intifada, caracterizada:
Afirma-se que Marx, ao conceber o advento de uma revolução socialista que levasse os trabalhadores ao controle dos meios de produção, imaginava que a revolução ocorreria no lugar em que o capitalismo atingirá seu máximo de desenvolvimento e de contradi- ções, ou seja, na Inglaterra. O século XX foi marcado por inúmeras revoluções lideradas pelos trabalhadores ou seus representantes, mas elas acabaram ocorrendo em países mais atrasados, tendo em vista o nível de desenvolvimento interno do modelo capitalista. As sociedades industriais, conhecidas como “economias de mercado desenvolvidas”, foram praticamente imunes às revoluções socialistas, salvo quando a revolução lhes chegou como subproduto de uma derrota ou conquista militar. Tal fato é destacado por uma perspectiva teórica que se tornou famosa entre os meios marxistas pelo nome de:
“No século XIX, devido ao interesse das potências imperialistas europeias em se expandirem na direção da região por ele ocupada, um grande império, que já vinha em declínio desde o século XVII, finalmente entrou em sua crise definitiva.” O texto se refere ao seguinte império:
Sobre os diferentes tipos de socialismo, suas nuances
teóricas e práticas, marque V para verdadeiro ou F para
falso e, em seguida, assinale a alternativa que apresenta a
sequência correta.
( ) O estalinismo, também conhecido como “socialismo
em um só país”, em teoria, excluía a repressão de
adversários políticos. Na prática, isso nem sempre
se confirmou.
( ) O maoísmo, diferentemente de outras teorias
voltadas para o proletariado urbano, tinha por foco
os trabalhadores de áreas rurais.
( ) Lênin se opôs à Primeira Guerra, pois acreditava
que esta se vinculava às motivações burguesas.
Portanto, tratava-se de um “desvio de foco” da causa
revolucionária.
Tratando do tema relativo às transformações sociais e econômicas ocorridas entre 1945 e 1990, o historiador Eric Hobsbawm (HOBSBAWM, Eric. A Era dos Extremos: o breve século XX 1914-1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.) destaca o que chama de “a morte do campesinato”, como uma das mudanças sociais mais expressivas do período. O fenômeno a que se refere Hobsbawm quando se utiliza da expressão “a morte do campesinato” é: