Se os nossos adversários, que admitem a existência de uma natureza não criada por Deus, o Sumo Bem, quisessem admitir que essas considerações estão certas, deixariam de proferir tantas blasfêmias, como a de atribuir a Deus tanto a autoria dos bens quanto dos males. Pois sendo Ele fonte suprema da Bondade, nunca poderia ter criado aquilo que é contrário à sua natureza.
AGOSTINHO. A natureza do Bem. Rio de Janeiro: Sétimo Selo, 2005 (adaptado).
Para Agostinho, não se deve atribuir a Deus a origem do mal porque
Suponha homens numa morada subterrânea, em forma de caverna, cuja entrada, aberta à luz, se estende sobre todo o comprimento da fachada; eles estão lá desde a infância, as pernas e o pescoço presos por correntes, de tal sorte que não podem trocar de lugar e só podem olhar para frente, pois os grilhões os impedem de voltar a cabeça; a luz de uma fogueira acesa ao longe, numa elevada do terreno, brilha por detrás deles; entre a fogueira e os prisioneiros, há um caminho ascendente; ao longo do caminho, imagine um pequeno muro, semelhante aos tapumes que os manipuladores de marionetes armam entre eles e o público e sobre os quais exibem seus prestígios.
PLATÃO. A República. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2007
Essa narrativa de Platão é uma importante manifestação cultural do pensamento grego antigo, cuja ideia central, do ponto de vista filosófico, evidencia o(a)
A pura lealdade na amizade, embora até o presente não tenha existido nenhum amigo leal, é imposta a todo homem, essencialmente, pelo fato de tal dever estar implicado como dever em geral, anteriormente a toda experiência, na ideia de uma razão que determina a vontade segundo princípios a priori.
KANT, I. Fundamentação da metafísica dos costumes. São Paulo: Barcarolla, 2009.
A passagem citada expõe um pensamento caracterizado pela
Todo o poder criativo da mente se reduz a nada
mais do que a faculdade de compor, transpor, aumentar
ou diminuir os materiais que nos fornecem os sentidos
e a experiência. Quando pensamos em uma montanha
de ouro, não fazemos mais do que juntar duas ideias
consistentes, ouro e montanha, que já conhecíamos.
Podemos conceber um cavalo virtuoso, porque somos
capazes de conceber a virtude a partir de nossos próprios
sentimentos, e podemos unir a isso a figura e a forma de
um cavalo, animal que nos é familiar.
HUME, D. Investigação sobre o entendimento humano. São Paulo: Abril Cultural, 1995
Hume estabelece um vínculo entre pensamento e
impressão ao considerar que
Uma vez que a razão me persuade de que devo impedir-me de dar crédito às coisas que não são inteiramente certas e indubitáveis tanto quanto àquelas que nos parecem manifestamente ser falsas, o menor motivo de dúvidas que eu nelas encontrar bastara para me levar a rejeitar todas.
DESCARTES, R. Meditações de Filosofia Primeira. São Paulo: Abril Cultural, 1973 (adaptado).
Ao introduzir a dúvidas como método, Descartes busca alcançar uma certeza capaz de re-fundar, sobre princípios sólidos, a ciência e a filosofia. Seu procedimento teórico indica
No centro da imagem, o filósofo Platão é retratado apontando para o alto. Esse gesto significa que o conhecimento se encontra em uma instância na qual o homem descobre a:
Alguns dos desejos são naturais e necessários; outros, naturais e não necessários; outros, nem naturais nem necessários, mas nascidos de vã opinião. Os desejos que não nos trazem dor se não satisfeitos não são necessários, mas o seu impulso pode ser facilmente desfeito , quando é difícil obter sua satisfação ou parecem geradores de dano.
EPICURO DE SAMOS. Doutrinas principais. In: SANSON, V. F. Textos de filosofia.
Rio de Janeiro. Eduff, 1974.
No fragmento da obra filosófica de Epicuro, o homem tem como fim:
Uma norma só deve pretender validez quando todos os que possam ser concernidos por ela cheguem (ou possam chegar), enquanto participantes de um discurso prático, a um acordo quanto à validade dessa norma.
Segundo Habermas, a validez de uma norma deve ser estabelecida pelo (a)
Até hoje admitia-se que nosso conhecimento de devia regular pelos objetos; porém, todas as tentativas para descobrir, mediante conceitos, algo que ampliasse nosso conhecimento, malogravam-se com esse pressuposto. Tentemos, pois, uma vez, experimentar se não se resolverão melhor as tarefas da metafísica, admitindo que os objetos se deveriam regular pelo nosso conhecimento.
KANT, I. Critica da razão pura. Lisboa: Calousão-Gulbarkian, 1994 (adaptado).
O trecho em é uma referência ao que ficou conhecido como revolução copernicana na filosofia. Nele, confrontam-se duas posições filosóficas que
TEXTO I
O Heliocentrismo não é o “meu sistema", mas a
Ordem de Deus.
COPÉRNICO, N. As revoluções dos orbes celestes [1543].
Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1984.
TEXTO II
Não vejo nenhum motivo para que as ideias expostas
neste livro (A origem das espécies) se choquem com as
ideias religiosas.
DARWIN, C. A origem das espécies [1859]. São Paulo: Escala, 2009.
Os textos expressam a visão de dois pensadores —
Copérnico e Darwin — sobre a questão religiosa e suas
relações com a ciência, no contexto histórico de construção
e consolidação da Modernidade. A comparação entre
essas visões expressa, respectivamente:
O contrário de um fato qualquer é sempre possível,
pois, além de jamais implicar uma contradição, o espírito
o concebe com a mesma facilidade e distinção como se
ele estivesse em completo acordo com a realidade.
Que o Sol não nascerá amanhã é tão inteligível e não
implica mais contradição do que a afirmação de que ele
nascerá. Podemos em vão, todavia, tentar demonstrar sua
falsidade de maneira absolutamente precisa. Se ela fosse
demonstrativamente falsa, implicaria uma contradição e
o espírito nunca poderia concebê–la distintamente, assim
como não pode conceber que 1 + 1 seja diferente de 2.
HUME, D. Investigação acerca do entendimento humano.
São Paulo: Nova Cultural, 1999 (adaptado).
O filósofo escocês David Hume refere–se a fatos, ou seja,
a eventos espaço–temporais, que acontecem no mundo.
Com relação ao conhecimento referente a tais eventos,
Hume considera que os fenômenos
Os produtos e seu consumo constituem a meta declarada do empreendimento tecnológico. Essa meta foi proposta pela primeira vez no inicio da Modernidade, como expectativa de que o homem poderia dominar a natureza. No entanto, essa expectativa, convertida em programa anunciado por pensadores como Descartes e Bacon e impulsionado pelo Iluminismo, não surgiu “de um prazer de poder”, “de um mero imperialismo humano”, mas da aspiração de libertar o homem e de enriquecer sua vida, física e culturalmente.
CUPANI, A. A tecnologia como problema filosófico: três enfoques.
Scientlase Studia, São Paulo, v. 2 n, 4, 2004 (adaptado).
Autores da filosofia moderna, notadamente Descartes e Bacon, e o projeto iluminista concebem a ciência como uma forma de saber que almeja libertar o homem das intempéries da natureza. Nesse contexto, a investigação cientifica consiste em:
A substância é um Ser capaz de Ação. Ela é simples
ou composta. A substância simples é aquela que não
tem partes. O composto é a reunião das substâncias
simples ou Mônadas. Monas é uma palavra grega que
significa unidade ou o que é uno. Os compostos ou os
corpos são Multiplicidades, e as Substâncias simples,
as Vidas, as Almas, os Espíritos são unidades. É preciso
que em toda parte haja substâncias simples porque sem
as simples não haveria as compostas, nem movimento.
Por conseguinte, toda natureza está plena de vida.
LEIBNIZ, G. W. Discurso de metafísicas e outros textos.
São Paulo: Matins Fontes, 2004 (adaptado).
Dentre suas diversas reflexões, Leibniz voltou
sua atenção para o tema da metafísica, que trata
basicamente do fundamento de realidade das coisas do
mundo. A busca por esse fundamento muitas vezes é
resumida a partir do conceito de substância, que para
ele se refere a algo que é
O texto faz referência à relação entre razão e sensação, um aspecto essencial da Doutrina das Ideias de Platão (427 a.C.-346 a.C.). De acordo com o texto, como Platão se situa diante dessa relação?
Pode–se viver sem ciência, pode–se adotar
crenças sem querer justificá–las racionalmente, podese
desprezar as evidências empíricas. No entanto,
depois de Platão e Aristóteles, nenhum homem honesto
pode ignorar que uma outra atitude intelectual foi
experimentada, a de adotar crenças com base em
razões e evidências e questionar tudo o mais a fim de
descobrir seu sentido último.
ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da filosofia. São Paulo: Odysseus, 2002.
Platão e Aristóteles marcaram profundamente a formação
do pensamento Ocidental. No texto, é ressaltado
importante aspecto filosófico de ambos os autores que,
em linhas gerais, refere–se à