Em primeiro lugar, se hoje existe uma ameaça à paz mundial, essa vem ainda uma vez do
fanatismo, ou seja, da crença cega na própria verdade e na força capaz de impô-la. (...).
Em segundo lugar, temos o ideal da não violência: Jamais me esqueci do ensinamento de
Karl Popper segundo o qual o que distingue essencialmente um governo democrático de
um não democrático é que apenas no primeiro os cidadãos podem livrar-se dos seus
governantes sem derramamento de sangue. As tão frequentemente ridicularizadas regras
formais da democracia introduziram pela primeira vez na história as técnicas de
convivência, destinadas a resolver conflitos sociais sem o recurso à violência. Apenas
onde essas regras são respeitadas o adversário não é mais um inimigo (que deve ser
destruído), mas um opositor que amanhã poderá ocupar o nosso lugar. Em terceiro lugar:
o ideal da renovação gradual da sociedade através do livre debate das ideias e da
mudança das mentalidades e do modo de viver: apenas a democracia permite a formação
e a expansão das revoluções silenciosas (...). O método democrático não pode perdurar
sem se tornar um costume.
BOBBIO, Norberto. O futuro da democracia, 4 ed. RJ: Paz e terra, 1986 p. 38-40
A partir desse fragmento, sobre o conceito e a realidade de democracia é CORRETO
afirmar que