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Em seu livro "O cativeiro da terra", José de Souza (1979) Martins faz algumas afirmações

bastante provocativas sobre o regime de colonato estabelecido nas fazendas de café em

São Paulo, após a Abolição da Escravatura. Afirma ele que "A questão da transformação

das relações de produção foi remetida, pois, ao terreno cediço do falso argumento de que,

não sendo formalmente feudais, seriam formalmente capitalistas as relações de produção

posteriores ao escravismo e amplamente vigentes, ainda hoje, em muitos setores

econômicos e regiões do país" e ainda que "o colono não era um trabalhador individual,

mas sim um trabalhador familiar. É, porém, a produção direta dos meios de vida com base

no trabalho familiar que impossibilita definir essas relações como relações capitalistas de

produção". A dificuldade de compreender o papel do colonato na transição do trabalho

escravo para o trabalho livre no Brasil, por parte de alguns pesquisadores que seguiam

um determinado paradigma teórico, devia–se a uma certa teleologia presente nas

concepções mais ortodoxas desse paradigma, que os levaria a não conseguir perceber as

inúmeras possibilidades de "produção capitalista de relações não capitalistas de

produção".

Com esse debate, José de Souza Martins antecipa uma tensão que hoje está por traz da

crise atual de qual paradigma da Sociologia?

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