O excerto citado do Diálogo “Político”, de Platão, tem como tema central:
No Texto 2, os versos “Os automóveis ouvem a notícia/ Os homens a publicam no jornal” pressupõem
As ações sociais e políticas do homem, sugeridas nos Textos 1 e 2 e evidenciadas nos Textos 3 e 4, na contemporaneidade, resumem-se
A vinculação do texto ao gênero diálogo é evidenciada por recursos linguísticos e discursivos, tais como:
A articulação entre os enunciados, no refrão do Texto 2 ,“[...] vida de gado/ Povo marcado”, evoca o sentido de “criação de animais em rebanho” e de “criação de animais pedestres”, no Texto 1. Os mecanismos utilizados para a produção de sentidos, nesses enunciados, no Texto 2, é a
Texto 1
ESTRANGEIRO: – Pois bem: nas ciências teóricas nós começamos por distinguir uma parte diretiva, e nesta, uma divisão a que chamamos, por analogia,
autodirigente. A criação dos animais foi, por sua vez, considerada como uma das divisões da ciência autodiretiva, da qual é um gênero e certamente não o
menor; a criação de animais nos deu a espécie da criação em rebanho, e a criação em rebanho, por sua vez, deu-nos a arte de criar os animais pedestres; e a seguir, esta arte de criar os animais pedestres nos deu, como seção principal, a arte que cria raça de animais sem chifres; e, ainda, esta raça de animais sem chifres inclui uma parte que só poderá ser compreendida por um único termo pela adição necessária de três nomes; ela se chamará: “a arte
de criar raças que não se cruzam”. Por fim, a última subdivisão restante, nos rebanhos bípedes, será a arte de dirigir os homens. É precisamente o que procuramos; a arte que se honra por dois nomes: política e real.
PLATÃO. Diálogos – Fédon, Sofista, Político. Trad. Jorge Paleikat; João
Cruz Costa. Rio de Janeiro: Ediouro, s.d. p. 177.
Texto 2
Admirável gado novo
Vocês que fazem parte dessa massa
Que passa nos projetos do futuro
É duro tanto ter que caminhar
E dar muito mais do que receber
E ter que demonstrar sua coragem
À margem do que possa parecer
E ver que toda essa engrenagem
Já sente a ferrugem lhe comer
Êh, ôô, vida de gado
Povo marcado
Êh, povo feliz!
Lá fora faz um tempo confortável
A vigilância cuida do normal
Os automóveis ouvem a notícia
Os homens a publicam no jornal
E correm através da madrugada
A única velhice que chegou
Demoram-se na beira da estrada
E passam a contar o que sobrou!
Êh, ôô, vida de gado
Povo marcado
Êh, povo feliz!
O povo foge da ignorância
Apesar de viver tão perto dela
E sonham com melhores tempos idos
Contemplam esta vida numa cela
Esperam nova possibilidade
De verem esse mundo se acabar
A arca de Noé, o dirigível,
Não voam, nem se pode flutuar
Êh, ôô, vida de gado
Povo marcado
Êh, povo feliz!
RAMALHO, Zé. Zé Ramalho da Paraíba. Discobertas. © Avohai Editora
(EMI) BRSME9700721, 2008. Disponível em: <http://www.zeramalho.com.-
br/sec_discografia_view.php?id=65>. Acesso em: 15 fev. 2018.
Os Textos 3 e 4 intertextualizam com os Textos 1 e 2, por sintetizarem as noções de
Por sua estrutura discursiva e progressão temática, o excerto apresentado se caracteriza por uma sequência textual
No Texto 2, os termos “massa” e “gado” adquirem um sentido semelhante a “rebanho”, no Texto 1. Essa semelhança de sentido deve-se
Considerados como sequência temporal dos Textos 1 e 2, os Textos 3 e 4 são a
Visto que o excerto citado faz parte de um diálogo, nas duas últimas linhas do texto infere-se que
Na última estrofe do Texto 2, a retomada do sujeito “o povo”, verbalizado no primeiro verso, é feita por silepse com os verbos no plural. Trata-se de
A síntese dos quatro textos, com base na última divisão da ciência, na classificação de Platão, pode ser assim expressa:
Dado seu tema central, o recurso linguístico utilizado para promover a progressão temática do texto é a
No Texto 2, em “A arca de Noé, o dirigível/ Não voam, nem se pode flutuar”, a expressão “o dirigível” tem função
O Texto 3 representa a imagem da sociedade, ao passo que o Texto 4 representa a imagem de uma parcela da sociedade, o eleitorado. Há uma distinção substancial entre as duas imagens. Essa distinção é dada