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Questões de Concurso PM-MG – Aprova Concursos
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Questões de Concurso PM-MG – Aprova Concursos

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A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 prevê que os Estados organizarão sua Justiça, aí incluída a Justiça Militar Estadual, observando, em todo o caso, os princípios estabelecidos na citada Constituição. Considerando o que dispõe o texto constitucional, avalie as assertivas, assinalando “V”, para as verdadeiras, e “F”, para as falsas, e, ao final, responda o que se pede.

(    ) A lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal de Justiça, a Justiça Militar estadual, constituída, em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos Conselhos de Justiça e, em segundo grau, pelo próprio Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar nos Estados em que o efetivo militar seja superior a quinze mil integrantes.

(    ) Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for militar da ativa, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças.

(    ) Compete aos juízes de direito do juízo militar processar e julgar, singularmente, os crimes militares cometidos contra civis e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, cabendo ao Conselho de Justiça, sob a presidência de juiz de direito, processar e julgar os demais crimes militares.

(    ) A competência dos tribunais será definida na Constituição do Estado, sendo a lei de organização judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça.

De acordo com a análise das assertivas, a sequência CORRETA na ordem de cima para baixo é:

Em relação ao previsto na Declaração Universal dos Direitos Humanos e na Convenção Americana sobre Direitos Humanos, assinale a alternativa INCORRETA:

Analise as assertivas abaixo e, em seguida, responda o que se pede.

I. A mediana é o valor central de um conjunto de números colocados por ordem de grandeza
II. São exemplos de variáveis quantitativas discretas o número de filhos de um casal e a escolaridade de uma pessoa.
III. Quanto maior o Desvio Padrão mais distante os valores amostrais estão da média ao passo que quanto mais próximo de zero, mais homogêneo é o conjunto.
IV. Considerando um conjunto de 60 meninos e 40 meninas e a utilização da amostragem proporcional estratificada para a seleção de uma amostra de 10% do tamanho da população. A amostra conterá 5 meninos e 5 meninas.

Marque a alternativa CORRETA:

Marque a alternativa CORRETA. A fábrica de munições de PMMG em sua capacidade máxima produz 3.000 munições por dia com 5 funcionários trabalhando 8 horas por dia. Com a nova turma de soldados, a fábrica de munições precisará produzir 5250 munições por dia e para isso contratou mais 02 funcionários. Quantas horas os 07 funcionários terão de trabalhar para suprir essa nova demanda diária de munições?

O art. 37 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 prevê diversas disposições relacionadas à administração pública, aí incluída a administração dos Estados e do Distrito Federal. Quanto ao tema, analise as assertivas abaixo e responda o que se pede:

I. O prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período
II. A administração pública obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
III. É garantido ao servidor militar o direito à livre associação sindical.
IV. É vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do serviço público.

Estão CORRETAS as assertivas:

No que se refere aos direitos individuais e coletivos previstos no art. 5º, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, assinale a alternativa CORRETA:

Em relação ao previsto na Declaração Universal dos Direitos Humanos e na Convenção Americana sobre Direitos Humanos, assinale a alternativa INCORRETA:

NOÇÕES DE LINGUA INGLESA


Leia o texto a seguir e responda a pergunta que segue:


A robust Gender Parity Strategy


In 2018, building on the United Nations Secretary-General’s System-Wide Gender Parity Strategy, the Department of Peace Operations developed a Uniformed Personnel Gender Parity Strategy with clear objectives, targets and benchmarks, along with reporting and monitoring mechanisms to achieve appropriate gender balance.

Under this strategy, by the year 2028, the UN Police Division is committed to recruiting at least 30% women police officers in professional positions in the field (20% in Formed Police Units and 30% as Individual Police Officers) and 35% at UN Headquarters. To achieve these goals, the UN Police Division will continue to engage Member States and seek the support of gender champion countries.


The UN Police Division will also continue to identify opportunities for women police officers in missions while ensuring that gender perspectives are mainstreamed in all policing activities and equal opportunities are afforded to women in police at all levels.


Fonte: https://peacekeeping.un.org/en/un-police

Considere as informações contidas no texto e assinale a alternativa CORRETA:

Com uma régua você mede no mapa um trecho reto de uma rodovia entre o Km – 45 e o km – 63. A distância no mapa é de 10 cm. Marque a alternativa CORRETA que corresponde à escala cartográfica desse mapa.

MEU MELHOR CONTO

Moacyr Scliar

   Você me pergunta qual foi o melhor conto que escrevi. Indagação típica de jovens jornalistas; vocês 
vêm aqui, com esses pequenos gravadores, que sempre dão problema, e uma lista de perguntas – e aí 
querem saber qual foi o melhor ponto que a gente fez, qual provocou maior controvérsia, essas coisas. Mas 
tudo bem: não vou me furtar a responder essa questão. Dá mais trabalho explicar por que a gente não 
responde do que simplesmente responder.
   Meu melhor conto... Não está em nenhum dos meus livros, em nenhuma antologia, em nenhuma 
publicação. Ele está aqui, na minha memória; posso acessá-lo a qualquer momento. Posso inclusive lembrar 
as circunstâncias em que o escrevi. Não esqueci, não. Não esqueci nada. Mesmo que quisesse esquecer, 
não o conseguiria.
   Eu era então um jovem escritor - faz muito tempo, portanto, que isso aconteceu. Estava concluindo o 
curso de Letras e acabara de publicar meu primeiro livro, recebido com muito entusiasmo pelos críticos. É 
uma revelação, diziam todos, e eu, que à época nada tinha de modesto, concordava inteiramente: 
considerava-me um gênio. Um gênio contestador. Minhas histórias estavam impregnadas de indignação; 
eram verdadeiros panfletos de protesto contra a injustiça social. O que me salvava do lugar-comum era a 
imaginação - a imaginação sem limites que é a marca registrada da juventude literária e que, como os cabelos, 
desaparecem com os anos.
   Mas eu não era só escritor. Era militante político. Fazia parte de um minúsculo, obscuro, mas 
extremado grupo de universitários. Veio o golpe de 1964, participei em manifestações de protesto, cheguei a 
pensar em juntar-me à guerrilha - o que certamente seria um desastre, porque eu era um garoto de classe 
média, mimado pelos pais, acostumado ao conforto, enfim, uma antípoda do guerrilheiro. De qualquer modo, 
fui preso.
   Uma tragédia. Meus pais quase enlouqueceram. Fizeram o possível para me soltar, falaram com 
Deus e todo mundo, com políticos, jornalistas e até generais. Inútil. O momento era de linha dura, linha 
duríssima, e eu estava em mais de uma lista de suspeitos. Não me soltariam de jeito nenhum.
   Fui levado para um lugar conhecido como Usina Pequena. Havia duas razões para essa 
denominação. Primeiro, o centro de detenção ficava, de fato, perto de uma termelétrica. Em segundo lugar, o 
método preferido para a tortura era, ali, o choque elétrico.
   O chefe da Usina Pequena era o Tenente Jaguar. Esse não era o seu verdadeiro nome, mas o apelido 
era mais que o apropriado: ele tinha mesmo cara de felino, e de felino muito feroz. Ao sorrir, mostrava os 
caninos enormes - e isso era suficiente para dar calafrios nos prisioneiros.
   Fiquei pouco tempo na Usina Pequena, quinze dias. Mas foi o suficiente. Da cela que eu ocupava, 
um cubículo escuro, úmido, fétido, eu ouvia os gritos dos prisioneiros sendo torturados e entrava em pânico, 
perguntando-me quando chegaria a minha vez. E aí uma manhã eles vieram me buscar e levaram-me para a 
chamada Sala do Gerador, o lugar das torturas, e ali estava o Tenente Jaguar, à minha espera, fumando uma 
cigarrilha e exibindo aquele sorriso sinistro. Leu meu prontuário e começou o interrogatório. Queria saber o 
paradeiro de um dos meus professores, suspeito de ser um líder importante na guerrilha.
   Tão apavorado eu estava que teria falado - se soubesse, mesmo, onde estava o homem. Mas eu não 
sabia e foi o que respondi, numa voz trêmula, que não sabia. Ele me olhou e estava claramente decidindo se 
eu falava a verdade ou se era bom ator. Mas ali a regra era: na dúvida, a tortura. E eu fui torturado. Choques 
nos genitais, o método clássico. No quarto choque, desmaiei, e me levaram de volta para a cela.
   Durante dois dias ali fiquei, deitado no chão, encolhido, apavorado. No terceiro dia o carcereiro entrou 
na sala: o Tenente queria me ver. Implorei para que não me levasse: eu não aguento isso, vou morrer, e 
vocês vão se meter em confusão. Ignorando minhas súplicas, arrastou-me pelo corredor, mas não me levou 
para o lugar das torturas, e sim para a sala do Tenente. O que foi uma surpresa. Uma surpresa que aumentou 
quando o homem me recebeu gentilmente, pediu que sentasse, ofereceu-me um chá. Perguntou se eu tinha 
me recuperado dos choques; e aí - eu cada vez mais atônito - pediu desculpas: eu tinha de compreender que 
torturar era a função dele, e que precisava cumprir ordens.                                                                                                                                   Ficou um instante olhando pela janela - era uma bela manhã de primavera - e depois voltou-se para 
mim, anunciando que tinha um pedido a me fazer.
   Àquela altura eu não entendia mais nada. Ele tinha um pedido a me fazer? O todo-poderoso chefe 
daquele lugar? O cara que podia me liquidar sem qualquer explicação tinha um pedido? Estou às suas ordens, 
eu disse, numa voz sumida, e ele foi adiante. Eu sei que você é escritor, e um escritor muito elogiado.
   - Está na sua ficha - acrescentou, sorridente. - Nós aqui temos todas as informações sobre sua vida.
   Olhou-me de novo e acrescentou:
   - Tem uma coisa que eu queria lhe mostrar.
   Abriu uma gaveta e tirou de lá um recorte de jornal. Era uma notícia sobre um concurso de contos. 
Cada vez mais surpreso, li aquilo e mirei-o sem entender. Ele explicou.
   - Eu escrevo. Contos, como você. Mas tenho de admitir: não tenho um décimo do seu talento.
   Nova pausa, e continuou:
   - Quero ganhar esse concurso literário. Melhor: preciso ganhar esse concurso literário. Não me 
pergunte a razão, mas é muito importante para mim. E você vai me ajudar. Vai escrever um conto para mim. 
Posso contar com você, não é?
   E então aconteceu a coisa mais surpreendente. Eu disse que não, que não escreveria merda 
nenhuma para ele.
   Tão logo falei, dei-me conta do que tinha feito - e fiquei a um tempo aterrorizado e orgulhoso. Sim, eu 
tinha ousado resistir. Sim, eu tinha mostrado a minha fibra de revolucionário. Mas, e agora? E os choques?
   Para meu espanto, o homem começou a chorar. Chorava desabaladamente, como uma criança. E 
então me explicou: quem tinha mandado aquele recorte fora o seu filho, um rapaz de catorze anos que 
adorava o pai, e adorava as histórias que o pai escrevia.
   - Ele quer que eu ganhe o concurso, o meu filho - o Tenente, soluçando. – E eu quero ganhar o 
concurso. Para ele. É um rapaz muito doente, talvez não viva muito. Eu preciso lhe dar essa alegria. E só 
você pode me ajudar.
   Olhava-me, as lágrimas escorrendo pela face.
   O que podia eu dizer? Pedi que me arranjasse uma máquina de escrever e umas folhas de papel.
   Naquela tarde mesmo escrevi o conto. Nem precisei pensar muito; simplesmente sentei e fui 
escrevendo. A história brotava de dentro de mim, fluía fácil. E era um belo conto, diferente de tudo o que eu 
tinha escrito até então. Não falava em revolta, não satirizava opressores. Contava a história de um pai e de 
seu filho moribundo.
   Entreguei o conto ao Tenente, que o recebeu sem dizer palavra, sem sequer me olhar. E no dia 
seguinte fui solto. 
   Nunca fiquei sabendo o que aconteceu depois, o resultado do concurso, nada disso. Não estava 
interessado; ao contrário, queria esquecer a história toda, e inclusive o conto que eu tinha escrito. O que foi 
inútil. A narrativa continuava dentro de mim, como continua até hoje. Se eu quisesse, poderia escrevê-la de 
uma sentada.
   Mas não o farei. Esse conto não me pertence. É, acho, a melhor coisa que escrevi, mas não me 
pertence. Pertence ao Tenente, que esses dias, aliás, vi na rua: um ancião alquebrado, que anda apoiado 
numa bengala.
   Ele me olhou e sorriu. Talvez tivesse, com gratidão, lembrado aquele episódio. Ou talvez estivesse 
debochando de mim. Com esses velhos torturadores, a gente nunca sabe.

(Porto Alegre, 2003.)
Conto de Moacyr Scliar publicado no livro “Do conto à crônica”.

Assinale a alternativa CORRETA em que todas as palavras foram formadas a partir do mesmo processo de derivação, observado na palavra aterrorizado.

MEU MELHOR CONTO

Moacyr Scliar

   Você me pergunta qual foi o melhor conto que escrevi. Indagação típica de jovens jornalistas; vocês 
vêm aqui, com esses pequenos gravadores, que sempre dão problema, e uma lista de perguntas – e aí 
querem saber qual foi o melhor ponto que a gente fez, qual provocou maior controvérsia, essas coisas. Mas 
tudo bem: não vou me furtar a responder essa questão. Dá mais trabalho explicar por que a gente não 
responde do que simplesmente responder.
   Meu melhor conto... Não está em nenhum dos meus livros, em nenhuma antologia, em nenhuma 
publicação. Ele está aqui, na minha memória; posso acessá-lo a qualquer momento. Posso inclusive lembrar 
as circunstâncias em que o escrevi. Não esqueci, não. Não esqueci nada. Mesmo que quisesse esquecer, 
não o conseguiria.
   Eu era então um jovem escritor - faz muito tempo, portanto, que isso aconteceu. Estava concluindo o 
curso de Letras e acabara de publicar meu primeiro livro, recebido com muito entusiasmo pelos críticos. É 
uma revelação, diziam todos, e eu, que à época nada tinha de modesto, concordava inteiramente: 
considerava-me um gênio. Um gênio contestador. Minhas histórias estavam impregnadas de indignação; 
eram verdadeiros panfletos de protesto contra a injustiça social. O que me salvava do lugar-comum era a 
imaginação - a imaginação sem limites que é a marca registrada da juventude literária e que, como os cabelos, 
desaparecem com os anos.
   Mas eu não era só escritor. Era militante político. Fazia parte de um minúsculo, obscuro, mas 
extremado grupo de universitários. Veio o golpe de 1964, participei em manifestações de protesto, cheguei a 
pensar em juntar-me à guerrilha - o que certamente seria um desastre, porque eu era um garoto de classe 
média, mimado pelos pais, acostumado ao conforto, enfim, uma antípoda do guerrilheiro. De qualquer modo, 
fui preso.
   Uma tragédia. Meus pais quase enlouqueceram. Fizeram o possível para me soltar, falaram com 
Deus e todo mundo, com políticos, jornalistas e até generais. Inútil. O momento era de linha dura, linha 
duríssima, e eu estava em mais de uma lista de suspeitos. Não me soltariam de jeito nenhum.
   Fui levado para um lugar conhecido como Usina Pequena. Havia duas razões para essa 
denominação. Primeiro, o centro de detenção ficava, de fato, perto de uma termelétrica. Em segundo lugar, o 
método preferido para a tortura era, ali, o choque elétrico.
   O chefe da Usina Pequena era o Tenente Jaguar. Esse não era o seu verdadeiro nome, mas o apelido 
era mais que o apropriado: ele tinha mesmo cara de felino, e de felino muito feroz. Ao sorrir, mostrava os 
caninos enormes - e isso era suficiente para dar calafrios nos prisioneiros.
   Fiquei pouco tempo na Usina Pequena, quinze dias. Mas foi o suficiente. Da cela que eu ocupava, 
um cubículo escuro, úmido, fétido, eu ouvia os gritos dos prisioneiros sendo torturados e entrava em pânico, 
perguntando-me quando chegaria a minha vez. E aí uma manhã eles vieram me buscar e levaram-me para a 
chamada Sala do Gerador, o lugar das torturas, e ali estava o Tenente Jaguar, à minha espera, fumando uma 
cigarrilha e exibindo aquele sorriso sinistro. Leu meu prontuário e começou o interrogatório. Queria saber o 
paradeiro de um dos meus professores, suspeito de ser um líder importante na guerrilha.
   Tão apavorado eu estava que teria falado - se soubesse, mesmo, onde estava o homem. Mas eu não 
sabia e foi o que respondi, numa voz trêmula, que não sabia. Ele me olhou e estava claramente decidindo se 
eu falava a verdade ou se era bom ator. Mas ali a regra era: na dúvida, a tortura. E eu fui torturado. Choques 
nos genitais, o método clássico. No quarto choque, desmaiei, e me levaram de volta para a cela.
   Durante dois dias ali fiquei, deitado no chão, encolhido, apavorado. No terceiro dia o carcereiro entrou 
na sala: o Tenente queria me ver. Implorei para que não me levasse: eu não aguento isso, vou morrer, e 
vocês vão se meter em confusão. Ignorando minhas súplicas, arrastou-me pelo corredor, mas não me levou 
para o lugar das torturas, e sim para a sala do Tenente. O que foi uma surpresa. Uma surpresa que aumentou 
quando o homem me recebeu gentilmente, pediu que sentasse, ofereceu-me um chá. Perguntou se eu tinha 
me recuperado dos choques; e aí - eu cada vez mais atônito - pediu desculpas: eu tinha de compreender que 
torturar era a função dele, e que precisava cumprir ordens.                                                                                                                                   Ficou um instante olhando pela janela - era uma bela manhã de primavera - e depois voltou-se para 
mim, anunciando que tinha um pedido a me fazer.
   Àquela altura eu não entendia mais nada. Ele tinha um pedido a me fazer? O todo-poderoso chefe 
daquele lugar? O cara que podia me liquidar sem qualquer explicação tinha um pedido? Estou às suas ordens, 
eu disse, numa voz sumida, e ele foi adiante. Eu sei que você é escritor, e um escritor muito elogiado.
   - Está na sua ficha - acrescentou, sorridente. - Nós aqui temos todas as informações sobre sua vida.
   Olhou-me de novo e acrescentou:
   - Tem uma coisa que eu queria lhe mostrar.
   Abriu uma gaveta e tirou de lá um recorte de jornal. Era uma notícia sobre um concurso de contos. 
Cada vez mais surpreso, li aquilo e mirei-o sem entender. Ele explicou.
   - Eu escrevo. Contos, como você. Mas tenho de admitir: não tenho um décimo do seu talento.
   Nova pausa, e continuou:
   - Quero ganhar esse concurso literário. Melhor: preciso ganhar esse concurso literário. Não me 
pergunte a razão, mas é muito importante para mim. E você vai me ajudar. Vai escrever um conto para mim. 
Posso contar com você, não é?
   E então aconteceu a coisa mais surpreendente. Eu disse que não, que não escreveria merda 
nenhuma para ele.
   Tão logo falei, dei-me conta do que tinha feito - e fiquei a um tempo aterrorizado e orgulhoso. Sim, eu 
tinha ousado resistir. Sim, eu tinha mostrado a minha fibra de revolucionário. Mas, e agora? E os choques?
   Para meu espanto, o homem começou a chorar. Chorava desabaladamente, como uma criança. E 
então me explicou: quem tinha mandado aquele recorte fora o seu filho, um rapaz de catorze anos que 
adorava o pai, e adorava as histórias que o pai escrevia.
   - Ele quer que eu ganhe o concurso, o meu filho - o Tenente, soluçando. – E eu quero ganhar o 
concurso. Para ele. É um rapaz muito doente, talvez não viva muito. Eu preciso lhe dar essa alegria. E só 
você pode me ajudar.
   Olhava-me, as lágrimas escorrendo pela face.
   O que podia eu dizer? Pedi que me arranjasse uma máquina de escrever e umas folhas de papel.
   Naquela tarde mesmo escrevi o conto. Nem precisei pensar muito; simplesmente sentei e fui 
escrevendo. A história brotava de dentro de mim, fluía fácil. E era um belo conto, diferente de tudo o que eu 
tinha escrito até então. Não falava em revolta, não satirizava opressores. Contava a história de um pai e de 
seu filho moribundo.
   Entreguei o conto ao Tenente, que o recebeu sem dizer palavra, sem sequer me olhar. E no dia 
seguinte fui solto. 
   Nunca fiquei sabendo o que aconteceu depois, o resultado do concurso, nada disso. Não estava 
interessado; ao contrário, queria esquecer a história toda, e inclusive o conto que eu tinha escrito. O que foi 
inútil. A narrativa continuava dentro de mim, como continua até hoje. Se eu quisesse, poderia escrevê-la de 
uma sentada.
   Mas não o farei. Esse conto não me pertence. É, acho, a melhor coisa que escrevi, mas não me 
pertence. Pertence ao Tenente, que esses dias, aliás, vi na rua: um ancião alquebrado, que anda apoiado 
numa bengala.
   Ele me olhou e sorriu. Talvez tivesse, com gratidão, lembrado aquele episódio. Ou talvez estivesse 
debochando de mim. Com esses velhos torturadores, a gente nunca sabe.

(Porto Alegre, 2003.)
Conto de Moacyr Scliar publicado no livro “Do conto à crônica”.

No fragmento “Pertence ao Tenente, que esses dias, aliás, vi na rua: um ancião alquebrado, que anda apoiado numa bengala.”, a palavra em destaque pode ser substituída por qual vocábulo abaixo, sem que o sentido do texto seja alterado?

MEU MELHOR CONTO

Moacyr Scliar

   Você me pergunta qual foi o melhor conto que escrevi. Indagação típica de jovens jornalistas; vocês 
vêm aqui, com esses pequenos gravadores, que sempre dão problema, e uma lista de perguntas – e aí 
querem saber qual foi o melhor ponto que a gente fez, qual provocou maior controvérsia, essas coisas. Mas 
tudo bem: não vou me furtar a responder essa questão. Dá mais trabalho explicar por que a gente não 
responde do que simplesmente responder.
   Meu melhor conto... Não está em nenhum dos meus livros, em nenhuma antologia, em nenhuma 
publicação. Ele está aqui, na minha memória; posso acessá-lo a qualquer momento. Posso inclusive lembrar 
as circunstâncias em que o escrevi. Não esqueci, não. Não esqueci nada. Mesmo que quisesse esquecer, 
não o conseguiria.
   Eu era então um jovem escritor - faz muito tempo, portanto, que isso aconteceu. Estava concluindo o 
curso de Letras e acabara de publicar meu primeiro livro, recebido com muito entusiasmo pelos críticos. É 
uma revelação, diziam todos, e eu, que à época nada tinha de modesto, concordava inteiramente: 
considerava-me um gênio. Um gênio contestador. Minhas histórias estavam impregnadas de indignação; 
eram verdadeiros panfletos de protesto contra a injustiça social. O que me salvava do lugar-comum era a 
imaginação - a imaginação sem limites que é a marca registrada da juventude literária e que, como os cabelos, 
desaparecem com os anos.
   Mas eu não era só escritor. Era militante político. Fazia parte de um minúsculo, obscuro, mas 
extremado grupo de universitários. Veio o golpe de 1964, participei em manifestações de protesto, cheguei a 
pensar em juntar-me à guerrilha - o que certamente seria um desastre, porque eu era um garoto de classe 
média, mimado pelos pais, acostumado ao conforto, enfim, uma antípoda do guerrilheiro. De qualquer modo, 
fui preso.
   Uma tragédia. Meus pais quase enlouqueceram. Fizeram o possível para me soltar, falaram com 
Deus e todo mundo, com políticos, jornalistas e até generais. Inútil. O momento era de linha dura, linha 
duríssima, e eu estava em mais de uma lista de suspeitos. Não me soltariam de jeito nenhum.
   Fui levado para um lugar conhecido como Usina Pequena. Havia duas razões para essa 
denominação. Primeiro, o centro de detenção ficava, de fato, perto de uma termelétrica. Em segundo lugar, o 
método preferido para a tortura era, ali, o choque elétrico.
   O chefe da Usina Pequena era o Tenente Jaguar. Esse não era o seu verdadeiro nome, mas o apelido 
era mais que o apropriado: ele tinha mesmo cara de felino, e de felino muito feroz. Ao sorrir, mostrava os 
caninos enormes - e isso era suficiente para dar calafrios nos prisioneiros.
   Fiquei pouco tempo na Usina Pequena, quinze dias. Mas foi o suficiente. Da cela que eu ocupava, 
um cubículo escuro, úmido, fétido, eu ouvia os gritos dos prisioneiros sendo torturados e entrava em pânico, 
perguntando-me quando chegaria a minha vez. E aí uma manhã eles vieram me buscar e levaram-me para a 
chamada Sala do Gerador, o lugar das torturas, e ali estava o Tenente Jaguar, à minha espera, fumando uma 
cigarrilha e exibindo aquele sorriso sinistro. Leu meu prontuário e começou o interrogatório. Queria saber o 
paradeiro de um dos meus professores, suspeito de ser um líder importante na guerrilha.
   Tão apavorado eu estava que teria falado - se soubesse, mesmo, onde estava o homem. Mas eu não 
sabia e foi o que respondi, numa voz trêmula, que não sabia. Ele me olhou e estava claramente decidindo se 
eu falava a verdade ou se era bom ator. Mas ali a regra era: na dúvida, a tortura. E eu fui torturado. Choques 
nos genitais, o método clássico. No quarto choque, desmaiei, e me levaram de volta para a cela.
   Durante dois dias ali fiquei, deitado no chão, encolhido, apavorado. No terceiro dia o carcereiro entrou 
na sala: o Tenente queria me ver. Implorei para que não me levasse: eu não aguento isso, vou morrer, e 
vocês vão se meter em confusão. Ignorando minhas súplicas, arrastou-me pelo corredor, mas não me levou 
para o lugar das torturas, e sim para a sala do Tenente. O que foi uma surpresa. Uma surpresa que aumentou 
quando o homem me recebeu gentilmente, pediu que sentasse, ofereceu-me um chá. Perguntou se eu tinha 
me recuperado dos choques; e aí - eu cada vez mais atônito - pediu desculpas: eu tinha de compreender que 
torturar era a função dele, e que precisava cumprir ordens.                                                                                                                                   Ficou um instante olhando pela janela - era uma bela manhã de primavera - e depois voltou-se para 
mim, anunciando que tinha um pedido a me fazer.
   Àquela altura eu não entendia mais nada. Ele tinha um pedido a me fazer? O todo-poderoso chefe 
daquele lugar? O cara que podia me liquidar sem qualquer explicação tinha um pedido? Estou às suas ordens, 
eu disse, numa voz sumida, e ele foi adiante. Eu sei que você é escritor, e um escritor muito elogiado.
   - Está na sua ficha - acrescentou, sorridente. - Nós aqui temos todas as informações sobre sua vida.
   Olhou-me de novo e acrescentou:
   - Tem uma coisa que eu queria lhe mostrar.
   Abriu uma gaveta e tirou de lá um recorte de jornal. Era uma notícia sobre um concurso de contos. 
Cada vez mais surpreso, li aquilo e mirei-o sem entender. Ele explicou.
   - Eu escrevo. Contos, como você. Mas tenho de admitir: não tenho um décimo do seu talento.
   Nova pausa, e continuou:
   - Quero ganhar esse concurso literário. Melhor: preciso ganhar esse concurso literário. Não me 
pergunte a razão, mas é muito importante para mim. E você vai me ajudar. Vai escrever um conto para mim. 
Posso contar com você, não é?
   E então aconteceu a coisa mais surpreendente. Eu disse que não, que não escreveria merda 
nenhuma para ele.
   Tão logo falei, dei-me conta do que tinha feito - e fiquei a um tempo aterrorizado e orgulhoso. Sim, eu 
tinha ousado resistir. Sim, eu tinha mostrado a minha fibra de revolucionário. Mas, e agora? E os choques?
   Para meu espanto, o homem começou a chorar. Chorava desabaladamente, como uma criança. E 
então me explicou: quem tinha mandado aquele recorte fora o seu filho, um rapaz de catorze anos que 
adorava o pai, e adorava as histórias que o pai escrevia.
   - Ele quer que eu ganhe o concurso, o meu filho - o Tenente, soluçando. – E eu quero ganhar o 
concurso. Para ele. É um rapaz muito doente, talvez não viva muito. Eu preciso lhe dar essa alegria. E só 
você pode me ajudar.
   Olhava-me, as lágrimas escorrendo pela face.
   O que podia eu dizer? Pedi que me arranjasse uma máquina de escrever e umas folhas de papel.
   Naquela tarde mesmo escrevi o conto. Nem precisei pensar muito; simplesmente sentei e fui 
escrevendo. A história brotava de dentro de mim, fluía fácil. E era um belo conto, diferente de tudo o que eu 
tinha escrito até então. Não falava em revolta, não satirizava opressores. Contava a história de um pai e de 
seu filho moribundo.
   Entreguei o conto ao Tenente, que o recebeu sem dizer palavra, sem sequer me olhar. E no dia 
seguinte fui solto. 
   Nunca fiquei sabendo o que aconteceu depois, o resultado do concurso, nada disso. Não estava 
interessado; ao contrário, queria esquecer a história toda, e inclusive o conto que eu tinha escrito. O que foi 
inútil. A narrativa continuava dentro de mim, como continua até hoje. Se eu quisesse, poderia escrevê-la de 
uma sentada.
   Mas não o farei. Esse conto não me pertence. É, acho, a melhor coisa que escrevi, mas não me 
pertence. Pertence ao Tenente, que esses dias, aliás, vi na rua: um ancião alquebrado, que anda apoiado 
numa bengala.
   Ele me olhou e sorriu. Talvez tivesse, com gratidão, lembrado aquele episódio. Ou talvez estivesse 
debochando de mim. Com esses velhos torturadores, a gente nunca sabe.

(Porto Alegre, 2003.)
Conto de Moacyr Scliar publicado no livro “Do conto à crônica”.

Analise o fragmento a seguir e responda o que se pede: “Mas eu não sabia e foi o que respondi, numa voz trêmula, que não sabia.”

Marque a alternativa CORRETA. A palavra sublinhada INTRODUZ:

Livro 1 “Memórias póstumas de Brás Cubas” (Autor: Machado de Assis);
Livro 2 “Triste fim de Policarpo Quaresma” (Autor: Lima Barreto).

Considerando o contexto da obra, Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, analise as afirmativas abaixo e, a seguir, responda o que se pede.

I. Brás Cubas narra, depois de morrer, as lembranças da vida. O lugar do qual o narrador fala é estratégico: morto, sua voz alcança maior distanciamento em relação aos fatos e aos seres humanos, “liberado” das consequências por sua cômoda posição de autor defunto.

II. De acordo com o narrador-protagonista, a causa de sua própria morte foi uma ideia grandiosa e útil: a invenção de um medicamento. E quando estava ocupado em preparar e apurar essa invenção recebeu um golpe de ar, adoeceu e não se tratou completamente.

III. A máxima “Olhe que os homens valem por diferentes modos, e que o mais seguro de todos é valer pela opinião dos outros homens.”, é uma das muitas máximas que Brás Cubas escreveu ainda em vida, tal como “Crê em ti; mas nem sempre duvides dos outros.”,apresentadas no capítulo CXIX do romance.

IV. Para Brás Cubas a morte traz liberdade porque o olhar da opinião perde a virtude. Não há vizinhos, amigos, inimigos, conhecidos ou plateia. Então o defunto pode ser franco, confessar de modo liso o que foi e o que deixou de ser. Não é preciso poupar o vexame e a hipocrisia.

Está(ão) INCORRETA(S) a(s) afirmativa(s):

A partir da leitura do texto, pode-se afirmar que todas as alternativas estão corretas, EXCETO.

No fragmento “Pertence ao Tenente, que esses dias, aliás, vi na rua: um ancião alquebrado, que anda apoiado numa bengala.”, a palavra em destaque pode ser substituída por qual vocábulo abaixo, sem que o sentido do texto seja alterado?

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